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Depois de uns anos aí, talvez mais do que o planejado por mim na época em que decidi adotar esse hábito (que na real se provou nunca ter sido adotado), retorno para este lugar simples, onde posso escrever, já que não sinto que posso ser ouvido sem que me ofereçam soluções pros problemas que tenho passado. Não que seja algo ruim, mas tem momentos que eu só quero ser ouvido, como quando me contam uma história e eu guardo ela pra mim, sem dar um parecer não-solicitado.
Vejamos. Muito tempo se passou desde que escrevi aquele último, mas não mudaram muitas coisas na minha vida, exceto que eu talvez tenha perdido aquela energia, o ímpeto que me movia ao andar sozinho. Bem, o que mudou foi que eu voltei a morar com meus avós e existir minimamente. Acho que isso não me fez muito bem porque eu estava estático, apenas jogando e saindo poucas vezes do quarto, sem interagir muito com o mundo lá fora. Mas tudo mudou com a volta de minha mãe para o Brasil. Estou morando com ela e seu amigo italiano, gente boa e que me lembra bastante como eu era nos tempos de faculdade, apesar do mesmo já estar nos seus 40 anos. Parando pra pensar, é até um pouco triste que nada de relevante tenha acontecido na minha vida. Mas eu tenho uma teoria do motivo por trás disso tudo que irei descrever ao longo desse monólogo.
E agora, próximo de entrar em uma madrugada, dessa vez sem um acesso a internet comum para entrar em um jogo online e perder horas de sono pra mascarar minha falta de vontade de fazer qualquer coisa, vem o pensamento de que eu tenho me confrontado várias vezes ao longo dessas duas semanas que passaram, principalmente depois de uma conversa com minha mãe sobre o futuro. O que irei fazer, o que eu vim fazer no mundo, etc. As escolhas que eu tomei desde que eu saí de um relacionamento, parece que tudo gira em torno disso. Tenho noção de que isso não é saudável, porque mesmo depois de 5 anos, eu voltei no perfil dela (pra quê?) enquanto via um vídeo que eu fiz na época que estávamos juntos. E eu percebi que a vida seguiu, como sempre foi.
Não é a primeira vez que eu tenho a conclusão de que eu não preciso me manter na palavra que eu disse pra ela quando estávamos conversando casualmente em um ônibus da faculdade, porque por mais que isso tenha me guiado nos últimos anos, não é como se fosse fazer alguma diferença pra ninguém além de mim. Eu disse à ela, em um momento aleatório onde estávamos bem no relacionamento, que se a gente terminasse eu ficaria um bom tempo sem ninguém. Não sei explicar o motivo de ter dito isso e lembro de ver ela ficando triste ao ouvir isso, mas me dizendo algo semelhante.
E assim foi. Por 5 anos, passei a me distanciar de qualquer abertura que aparecesse que ressoasse um início de relação. Me mantendo "fiel" à uma frase torta que foi dita sem motivo nenhum, sem reflexão nenhuma, apenas porque eu queria afirmar para ela que ela seria "a mais especial" por se tratar de possivelmente ser a última, como se isso consertasse as coisas. Não fez muita diferença, na verdade isso possa até ter colocado ela com um pé atrás por ter ouvido um "se nós terminarmos", como se eu considerasse essa hipótese. Não a culpo por pensar isso, já que é perfeitamente razoável que se entenda dessa forma. Estranho é eu estar pensando nisso 5 anos depois.
Dessa vez eu vim morar com minha mãe e minha rotina mudou, conheci pessoas novas, revisitei meu conceito com amizades antigas, estou até ponderando reativar meu coração. Ponderando, porque eu sou intenso demais e acredito que esse tempo todo me esfriando foi pra tentar ver onde eu posso ser menos intenso. Mas eu acho que talvez pra mim isso não seja possível, ou então eu não me entregarei à experiência que bater na porta. Sempre tive essa sensação, de que eu preciso dar o meu melhor, ser a melhor versão de mim. Eu vi o vídeo onde eu lembro bem de olhar para ela sem saber que estava sendo gravado, e vendo a imagem do meu olhar completamente apaixonado quase me fez chorar, porque eu era apaixonado por ela e pela vida em si, eu gostava de andar, de estar nos lugares, de conversar asneiras, de existir pra todos. Mas a promessa de que eu não buscaria mais ninguém depois da relação fez eu esconder isso de todos, exceto alguns amigos que digo que deram a sorte de me encontrar em um dia não tão ruim e conhecerem um fragmento de quem eu fui antes. Enérgico, presente, brincalhão, sorridente e acima de tudo, apaixonado. Curioso que eu nunca invejei ninguém, graças a Deus, mas hoje eu senti inveja do meu olhar naquela época, quase me destruiu agora saber que faz 5 anos que eu não olho pra ninguém assim, e acredito que talvez, só talvez, seja hora de me permitir sair dessa caixa que eu mesmo me coloquei, como se isso fosse algo para se orgulhar ao dizer: Estou há 5 anos sem ninguém.
A questão do celibato foi voluntária (ainda bem), já que uma coisa puxa a outra, e eu sei que isso virá como consequência, por isso nunca estive preocupado nem desesperado para buscar sexo. Sei que sou bonito, carismático, gentil e que eu poderia conseguir isso, se quisesse. Não que eu queira agora, mas, ao meu ver, virá como consequência de todo o resto que veio naquela vez, quando eu amava o mundo. Talvez seja hora de amar de novo.
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