1. Introdução
Este minicurso é, na verdade, um resumo que resultou das lições de Latim adquiridas em uma breve passagem que tive pelo departamento de línguas clássicas do curso de Letras da Universidade Federal de Santa Catarina. Busco a partir de alguns apontamentos propor uma abordagem sintática, gramatical, e de certa forma, vocabular do Latim, que apesar de não ter um apelo comunicativo de relevância na atualidade, é uma língua desperta a consciência linguística para a comparação entre diversos idiomas que surgiram e que são amplamente falados até hoje. Além disso, o Latim é uma ferramenta de leitura de textos históricos que nos possibilita compreender com maior autenticidade a literatura e a cultura latina, sendo, assim, uma fonte não apenas de tradução, mas também de tradição.
2. Declinações latinas
Diferentemente da língua portuguesa, a classificação das palavras em latim se dá conforme a sua flexão, que marca a função sintática. Assim, a declinação pode ser conceituada como o grupo ao qual pertence um nome, de modo que o caso latino diz respeito à marcação de função sintática que determinada palavra desempenha em uma frase. Não há artigos em latim, é o contexto que define, e é a partir da declinação no caso genitivo que se encontra o radical da palavra.
Primeira declinação (singular)
nominativo - a
genitivo - ae
acusativo - am
dativo - ae
ablativo - a
vocativo - a
Primeira declinação (plural)
nominativo - ae
genitivo - arum
acusativo - as
dativo - is
ablativo - is
vocativo - ae
Segunda declinação (singular)
nominativo - us, er, ir / um
genitivo - i
acusativo - um
dativo - o
ablativo - o
vocativo - e, er, ir / um
Segunda declinação (plural)
nominativo - i / a
genitivo - orum
acusativo - os / a
dativo - is
ablativo - is
vocativo - i / a
Terceira declinação (singular)
nominativo - variável
genitivo - is
acusativo - em, im (variável)
dativo - i
ablativo - e, i
vocativo - variável
Terceira declinação (plural)
nominativo - e, es / a, ia
genitivo - um, ium
acusativo - es, is / a, is
dativo - ibus
ablativo - ibus
vocativo - es, is / a, ia
Quarta declinação (singular)
nominativo - us / u
genitivo - us
acusativo - um / u
dativo - ui, u
ablativo - u
vocativo - us / u
Quarta declinação (plural)
nominativo - us / ua
genitivo - uum
acusativo - us / ua
dativo - ibus
ablativo - ibus
vocativo - us / ua
Quinta declinação (singular)
nominativo - es
genitivo - ei
acusativo - em
dativo - ei
ablativo - e
vocativo - es
Quinta declinação (plural)
nominativo - es
genitivo - erum
acusativo - es
dativo - ebus
ablativo - ebus
vocativo - es
Relembrando:
nominativo - sujeito ou predicativo do sujeito (complemento do verbo de ligação)
genitivo - adjunto adnominal
acusativo - objeto direto
dativo - objeto indireto
ablativo - adjunto adverbial
vocativo - vocativo
Declinações e vogal temática
primeira - a
segunda - o
terceira - i / consonantal
quarta - u
quinta - e
3. Adjetivos
• O gênero do substantivo condiciona o gênero do adjetivo, ou seja, o adjetivo concorda em número, gênero e caso com os substantivos, mas não em declinação.
• Substantivos e adjetivos em latim nunca saem de sua declinação.
• A posição do adjetivo em relação ao substantivo varia, o adjetivo se classifica como distintivo se vier antes do substantivo que ele qualifica e como qualitativo caso se situe após o substantivo na frase
• Pode haver a interposição de termos entre o substantivo e o adjetivo, o que confere ênfase ao que está entreposto.
• É possível que o adjetivo ocorra sozinho (derivação imprópria), neste caso, o adjetivo funciona como substantivo - adjetivo substantivado.
• Adjetivos de segunda classe (terceira declinação) - triformes. Há os que mudam de raiz
3.1 Adjetivos de primeira e segunda declinações (final em “us”). Ex:
Masculino singular:
nominativo - bonus
genitivo - boni
acusativo - bonum
dativo - bono
ablativo - bono
vocativo - bone
Feminino singular:
nominativo - bona
genitivo - bonae
acusativo - bonam
dativo - bonae
ablativo - bona
vocativo - bona
Neutro singular
nominativo - bonum
acusativo - boni
acusativo - bonum
dativo - bono
ablativo - bono
vocativo - bonum
Masculino plural
nominativo - boni
genitivo - bonorum
acusativo - bonos
dativo - bonis
ablativo - bonis
vocativo - boni
Feminino plural
nominativo - bonae
genitivo - bonarum
acusativo - bonas
dativo - bonis
ablativo - bonis
vocativo - bonae
Neutro plural
nominativo - bona
genitivo - bonorum
acusativo - bona
dativo - bonis
ablativo - bonis
vocativo - bona
3.2 Adjetivos terminados em “er”
Masculino singular:
nominativo - acer
genitivo - acris
acusativo - acrem
dativo - acri
ablativo - acri
Feminino singular
nominativo - acris
genitivo - acris
acusativo - acrem
dativo - acri
ablativo - acri
Neutro singular
nominativo - acre
genitivo - acris
acusativo - acre
dativo - acri
ablativo - acri
Masculino plural
nominativo - acres
genitivo - acrium
acusativo - acris (es)
dativo - acribus
ablativo - acribus
Feminino plural
nominativo - acres
genitivo - acrium
acusativo - acris (es)
dativo - acribus
ablativo - acribus
Neutro plural
nominativo - acria
genitivo - acrium
acusativo - acria
dativo - acribus
ablativo - acribus
3.3 Comparativo (ior)
Singular
nominativo - clarior / clarius
genitivo - clarioris
acusativo - clariorem / clarius
dativo - clariori
ablativo - clariore
Plural
nominativo - clariores / clariora
genitivo - clariorum
acusativo - clariores / clariora
dativo - clarioribus
ablativo - clarioribus
• Superlativo: sufixo “íssum” no radical, declina conforme a primeira e segunda conjugação dos adjetivos, tem sentido de intensidade e de nível máximo, podendo ser sintético ou analítico, este último quando vem acompanhado de genitivo
4. Conjugações
• Primeira conjugação verbal: tema em A - ex: amare
• Segunda conjugação verbal: tema em E - ex: habere
• Terceira conjugação verbal: tema consonantal - ex: dicere
• Na terceira conjugação não há vogal temática, e sim vogal de ligação. O imperativo nessa conjugação é o tema no singular
• Quarta conjugação verbal: tema em I.
• As desinências de terceira e quarta conjugações são as mesmas, assim como as de primeira e segunda também
• Substantivos neutros de terceira declinação: nomes neutros terão nominativo e acusativo iguais, tanto no singular quanto no plural (ex: nomes neutros de segunda ou terceira declinação têm o plural em A, no singular e no plural)
• Os substantivos de quarta declinação são bastante raros (ex: manus)
• Substantivos de quinta declinação têm desinências semelhantes à terceira declinação e a maioria é feminino. Ex: res
5. Pronomes
• Pronomes interrogativos podem exercer função substantiva ou adjetiva
• Os pronomes podem substituir qualquer função da frase, não apenas o sujeito
5.1 Pronomes possessivos (declinam-se como adjetivo de primeira classe)
Primeira pessoa: meus, mea, meum / noster, nostra, nostrum
Segunda pessoa: tuus, tua, tuum / uester, uestra, uestram
Terceira pessoa: suus, sua, suum / sui, suae, sua
5.2 Pronomes pessoais
Primeira pessoa (singular)
nominativo - ego = eu
genitivo - mei = de mim
acusativo - me = me
dativo - mihi = a mim
ablativo - a me / mecum = por mim/comigo
Primeira pessoa (plural)
nominativo - nos = nós / de nós
genitivo - nostri / nostrum = dentre nós
acusativo - nos = nos
dativo - nobis = a nós / nos
ablativo - a nobis / nobiscum = por nós / conosco
Segunda pessoa (singular)
nominativo - tui = tu
genitivo - tui = de ti
acusativo - te = te
dativo - tibi = a ti
ablativo - a te / tecum = por ti / contigo
Segunda pessoa (plural)
nominativo - uos = vós
genitivo - uestri / uestrum = de vós / dentre vós
acusativo - uos = vos
dativo - uobis = a vós / vos
ablativo - a uobis / uobiscum = por vós / convosco
Terceira pessoa (singular)
nominativo - (-) = ele
genitivo - sui = de si
acusativo - se = se
dativo - sibi = a si / se
ablativo - a se / secum = por si / consigo
Terceira pessoa (plural)
nominativo - (-) = eles
genitivo - sui = de si
acusativo - se = se
dativo - sibi = a si / se
ablativo - a se / secum = por si / consigo
5.3 Pronomes relativos
Singular
nominativo - qui (masculino) / quae (feminino) / quod (neutro)
genitivo - cuius (masculino) / cuius (feminino) / cuius (neutro)
acusativo - quem (masculino) / quam (feminino) / quod (neutro)
dativo - cui (masculino) / cui (feminino) / cui (neutro)
ablativo - quo (masculino) / qua (feminino) / quo (neutro)
Plural
nominativo - qui (masculino) / quae (feminino) / quae (neutro)
genitivo - quorum (masculino) quarum (feminino) / quorum (neutro)
acusativo - quos (masculino) / quas (feminino) / quae (neutro)
dativo - quibus (masculino) / quibus (feminino) / quibus (neutro)
ablativo - quibus (masculino) / quibus (feminino) / quibus (neutro)
5.4 Pronomes demonstrativos (funcionam as vezes como artigos ou como pronomes pessoais)
Singular
nominativo - hic (masculino) / haec (feminino) / hoc (neutro)
genitivo - huius (masculino) / huius (feminino) / huius (neutro)
acusativo - hunc (masculino) / hanc (feminino) / hoc (neutro)
dativo - huic (masculino) / huic (feminino) / huic (neutro)
ablativo - hoc (masculino) / hac (feminino) / hoc (neutro)
Plural
nominativo - hi (masculino) / hae (feminino) / haec (neutro)
genitivo - horum (masculino) / harum (feminino) / horum (neutro)
acusativo - hos (masculino) / has (feminino) / haec (neutro)
dativo - his (masculino) / his (feminino) / his (neutro)
ablativo - his (masculino) / his (feminino) / his (neutro)
6. Verbos
• Alguns verbos comportam-se como se fossem de terceira e quarta conjugação - conjugação mista
• Exemplos de verbos infinitivos regulares: sum, eo uolo
• Verbo sum (irregular, muda conforme a pessoa): sum, es, est,súmus, éstis, sunt
• O verbo sunt no início da frase transmite a ideia de existência (haver), enquanto que o verbo no final indica ser verbo de ligação
• O infinitivo é a forma verbal nominal e funciona como substantivo
• Primeira conjugação (A): amare
• Segunda conjugação (E): habere
• Terceira conjugação (-): dicere
• Quarta conjugação (i): audire
• Conjugação mista (¾): capere
• Ordem natural dos termos em latim: sujeito - objeto - verbo
• A mudança de ordem das palavras em latim é um recurso de ênfase
7. A transformação do Latim nas línguas românicas
O Latim apenas deixou de ser um dialeto itálico porque seus falantes se impuseram militarmente e culturalmente, primeiro na península itálica e depois em toda a Europa e norte da África. O Latim mudou, mas com bastante demora, de modo que os falantes separados por 4 séculos entendiam-se uns aos outros em razão do fenômeno da koineização (uma língua comum, standard, supra-dialetal).
A koineização consiste no nivelamento de diferenças linguísticas regionais e sociais com vistas à constituição de uma língua comum, possibilitando a comunicação em todo o território românico. Com a queda do Império Romano e com o início da Idade Média, o Latim passou a se fragmentar em variedades regionais em um fenômeno de isolamento linguístico.
Entre os dialetos itálicos estavam o falisco (primo próximo do Latim), o osco, o úmbrio e o volsco (mais distantes), já os dialetos etrusco (norte de Roma) e grego (sul da Itália) não eram itálicos. O Latim coexistia na península italiana com outros dialetos itálicos, e uma das causas de variação linguística no Latim era a região (variação diatópica), somada à social (variação diastrática). Sobre a teoria da mudança linguística, denota-se que a língua pode mudar nos níveis fonológico, sintático, semântico e ortográfico.
Antes da difusão do Império Romano para fora da península itálica, predominava a variação regional, de modo que a fala da cidade e do campo se assemelhava. Após a expansão, no entanto, verificaram-se diferenças entre as falas dos latinos e dos colonos romanos de outras regiões. Importante ressaltar que o principal meio de descobrir as características das variedades regionais do Latim é por meio do relato de falantes sobre a própria fala e sobre a fala dos outros.
A principal característica do Latim do norte da África é a perda de duração vocálica, ainda, não há falta de compreensão entre falantes de diferentes camadas sociais, sendo possível adaptar a linguagem às classes inferiores. O fim do Império aprofundou as diferenças entre as variedades regionais, pois muitas regiões deixaram de manter conexão umas com as outras.
Interessante notar que não há registros sonoros do Latim, tudo o que sabemos vem dos manuscritos. A norma padrão do Latim durou séculos, com um modo específico de escrita ideal. O Latim, contudo, variava conforme o grau de instrução e conforme o gênero textual, sendo possível inferir que o Latim vulgar, isto é, o Latim adotado pelo povo na fala promoveu uma uniformização e é a verdadeira língua ancestral romana.
As tábuas visigodas em cera de ardósia cumprem uma importante função histórica para o estudo do Latim clássico. Elas continham cartas com instruções, textos notariais e registros de bens. As tábuas traduzem o Latim vernacular com características da língua naquele momento, havia o uso de muitas preposições para substituir a flexão de casos, que eram apagados na fala. Assim, constata-se o uso de pronomes demonstrativos com função de artigo, formas verbais perifrásticas, e perífrases com o verbo haver, que é uma marca românica forte.
O colapso do sistema de casos é um fenômeno que pode ser verificado nas famosas tábuas visigodas. Há sermões escritos conforme as convenções de mais de mil anos anos antes, de modo que não havia se dado conta de que não se falava mais Latim, e sim outra língua, o que propiciou a reforma educacional na época de Carlos Magno por Alcuíno de Iorque, que elaborou um currículo para o ensino de Latim no Império e que aprendeu o Latim em um monastério a partir de livros de Latim clássico.
Com Alcuíno de Iorque houve a prescrição da pronúncia correta em Latim e foi com Carlos Magno que passou-se a ter consciência de que não se falava mais Latim, de modo que os vernáculos foram ganhando status de línguas nacionais, impondo-se por escolhas políticas. A reforma de Alcuíno não é uma separação definitiva entre Latim e romances, e aqui, o termo “romance” não se trata de um gênero literário, mas sim das línguas derivadas do Latim vulgar. Mas essa reforma foi um marco importante, sem dúvidas, para a emergência das línguas, que não ocorre de forma repentina, mas sim pouco a pouco.
8. Dativo
• Caso latino que expressa diferentes funções, e a mais clássica delas é a fazer referência a alguém para quem se dá algo (beneficiado ou prejudicado por uma ação, há afetação)
• O dativo trata da entidade/pessoa afetada pela ação verbal ou nela interessada. Pode expressar doação/benefício ou prejuízo e até mesmo indicar posse.
• Função equivalente a objeto indireto
• O dativo se diferencia do complemento de verbos em movimento (locuções prepositivas)
• Há verbos que regem dativo e que no português são transitivos diretos
• O caso dativo é produto da ação verbal
• Ex. de dativo de benefício: dat mihi donum (ele me dá um presente)
• Ex. de dativo de prejuízo: aufert mihi pecuniam (ela rouba de mim dinheiro)
• Pode expressar inclusive, sentido existencial - ex: est mihi pecunia (há dinheiro para mim)
• Ex. dativo de posse: nomen Mercurio est mihi (há o nome de Mercúrio para mim)
• Ex. dativo de interesse: mihi dixit (ele disse para mim)
• Ou seja, vê-se que o mesmo caso expressa diferentes figuras conforme o contexto, sendo que diferentes situações verbais usam o caso dativo para expressar diferentes papeis
• Dativo simpatético: realça o envolvimento da pessoa na ação verbal (ex: oculi mihi splendent - os olhos me brilham / ardem-me os olhos) - há afetação
• Dativo de ponto de vista / de opinião: uir bonus mihi uidetur (o homem me parece bom). Quintia formosa est multis (Quintia é bonita aos olhos de muitos)
• Dativo ético: expressa uma pessoa moralmente afetada, há uma obrigação moral de que alguém deveria estar interessado na ação
• Há ainda usos impessoais do dativo, como é o caso do dativo de propósito/fim (ex: pecuniam doti dat - ele dá dinheiro como dote)
• Dativo predicativo: ex- milites salúti sunt ciuibus (os soldados existem para salvação do cidadão)
9. Ablativo descritivo
• O sintagma no ablativo expressa a qualidade de alguém
• Mantém-se a ideia de advérbio (característica do nome)
• Há também o genitivo de descrição
10. Futuro no Latim
• Assim como no português, um dos marcadores do tempo futuro é o verbo auxiliar “ir”, no Latim temos as desinências “bi” (primeira e segunda conjugações) e “e” (terceira e quarta conjugações) que se situam entre o tema e a desinência pessoal, obedecendo à seguinte ordem: tema + desinência de futuro + desinência pessoal
• Exemplos: amabis, amabit, amabunt / audiemos, audiet
• Há no futuro simples o aspecto infectum, quando a ação ainda não está feita ou completa, assemelhando-se ao imperfeito no português
• Há verbos que no tempo futuro são marcados por mudança de raiz, não de desinência. Ex: verbo sum (ero, eris, erit, erimus, erit, erunt)
• Há verbos modais (ex: possum) - deriva do sum, mas com um prefixo. Por ser modal, não tem um sentido próprio em si, mas modifica o sentido de outro, conferindo modalidade ao verbo
11. Numerais cardinais
• Funcionam como substantivos, enquanto que os ordinais funcionam como adjetivos
• A maioria dos numerais cardinais é indeclinável, ou seja, não muda de forma, exceto poucas exceções
• A declinação é semelhante a dos pronomes, mas os auxiliares do numeral podem declinar
12. Presente depoente:
• Tem a forma da voz passiva, mas com sentido ativo
• Exemplos: minor, minaris, minatur, minamur, minamini, minantur (ameaçar)
• policeor, policeris, policetur, policemur, policemini, policentur
• Estrutura: radical com vogal temática + desinências pessoais
• Infinitivo termina em “ri” diferentemente da conjugação mista, cujo fim é apenas em “i”
13. Pretérito perfeito do indicativo
• Aspecto perfectum - ações concluídas/feitas por inteiro
• Mesmo radical (tema do perfecto)
• Costuma ser o quarto tempo primitivo no dicionário (ex: amo, amas, amare, amaui) - amaui é a primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo, sendo o “i” em amaui, desinência pessoal (ego)
• Uso temporal do ablativo: advérbio de tempo com sintagma do ablativo desempenha função adverbial, é uma expressão de tempo que marca um momento pontual, diferentemente da indicação de duração no tempo, que se dá pelo acusativo.
14. Particípio
• O particípio é composto por formas verbais perifrásticas, ou seja, composta por mais de uma palavra
• O perfeito dos depoentes assume a forma do perfeito da passiva, formando-se com o particípio perfeito + verbo sum no presente (ex: minati súmus, minati éstis, minati sunt)
• O particípio tem concordância de gênero, número e caso (que geralmente é o nominativo)
• Formação do particípio perfeito: tema do verbo + “t” (acrescenta tus, ta, tum ao tema
• Frequentemente o particípio é irregular, e o dicionário o apresenta como o quinto tempo primitivo
• O perfectum se diferencia do aspecto infectum, porque neste último tempo, os verbos assumem forma sintética (formados por uma única palavra)
• Semi-depoentes: as vezes se comportam como depoentes, as vezes como ativos, lembrando que os depoentes têm apenas morfologia passiva
15. Particula (ne)
• Ex: nonne = por acaso não / porventura não
• “Ne” indica uma pergunta, é uma partícula enclítica negativa
• É inserida no início de uma pergunta esperando uma resposta afirmativa
• É instrumento retórico
16. Conclusão
Como se vê, o Latim é fonte de estudos, e a um só tempo é um recurso para se conhecer os ensinamentos que estão codificados por trás dos textos antigos. E a utilidade dessas informações antepostas volta-se a fins práticos de tradução literária, com um viés notadamente sintático, que é ponto característico da língua latina. Ainda, não me ative tanto à tradução das frases e palavras em si, ao menos não nesta oportunidade, como bem visto, já que parte considerável dos termos latinos pode ser traduzida com o apoio de um dicionário, que, inclusive, é um dos maiores aliados do estudante de Latim, ao permitir não apenas a tradução das palavras, mas igualmente por indicar outras referências importantes quanto ao seu uso. Para um melhor aproveitamento deste conteúdo, imprescindível uma base minimamente sólida em língua portuguesa, o que vai se tornando ainda mais interessante ao longo dos estudos de Latim, porque passamos a nos dar conta das inimagináveis explicações que a língua latina ainda pode nos legar sobre a nossa própria língua mãe.
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