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Avaliação mediadora na Educação Infantil
O caminho para avanços significativos
Renata Aparecida Pereira Silva

Resumo:
A avaliação mediadora tem o objetivo de constatar avanços, perceber dificuldades e redefinir estratégias utilizadas pelos docentes e pela escola em geral.

AVALIAÇÃO MEDIADORA
“Mediação é interpretação, diálogo, interlocução.” (HOFFMANN, 2012, p.102)
Cada avanço da criança, por menor que possa parecer aos olhos do adulto, deve ser valorizado. Nenhuma criança é perfeita, ela pode se desenvolver bem em um determinado aspecto e em outro não, assim também como nenhuma criança é estagnada, com a observação contínua é possível ao professor perceber os menores traços de desenvolvimento.
Segundo Jussara Hoffmann 2008, p.77 “Quando se desenvolve um processo mediador de avaliação, não há como prever todos os passos e tempos desse processo, pois as condições e ritmos diferenciados de aprendizagem irão lhe conferir uma dinâmica própria”.
O papel do educador mediador não é apenas observar, constatar ao término de um período o que o aluno aprendeu ou não, mas a função mediadora é investigar, lançar desafios, provocar, instigar a curiosidade, a reflexão, pois o educador já trilhou, a seu tempo, o caminho que o educando está trilhando, então deve acompanhar e mediar esse conhecimento em pauta na sua aula, dando acesso e exigindo mais e melhores soluções a cada situação-problema encontrada no decorrer do processo educativo.
Realizando essa mediação deve-se levar em conta a individualidade dos estudantes, eis mais um grande desafio do ofício do educador, pois cada um vai receber a informação de uma forma, de acordo com sua maturidade, suas vivências, seus conhecimentos prévios, seu repertório pessoal. Isso faz com que o professor analise as necessidades individuais, sem discriminar ou proteger determinada criança, tratando a todos com igualdade de direitos, porém como sujeitos únicos com necessidades diferentes. Sendo também que a dinâmica da aprendizagem não se dá apenas pela relação professor/aluno, mas também das crianças com o ambiente, com o conhecimento em si e com os colegas com os quais convive, essa interação social é fundamental para que ocorra a aprendizagem significativa.
Sendo assim retoma-se a ideia de que não é pertinente a comparação entre os sujeitos, pois cada um tem seu tempo, sua história e não existe homogeneidade nas classes. Sobre isso HOFFMANN aponta:
O processo de aprendizagem do aluno não segue percursos programados a priori pelo professor. É no cotidiano escolar que os alunos revelam tempos e condições necessárias ao processo. O tempo da avaliação é decorrente de suas demandas e estratégias de aprendizagem e não do curso das atividades inicialmente previstas pelos professores. Uma tarefa igual não é cumprida ao mesmo tempo por todos, porque não representa o mesmo desafio, o que vale para inúmeras situações. Fazê-los cumprir ao mesmo tempo prejudica os alunos que tem mais dificuldade, e o “tempo de espera” torna-se fator desestimulante para outros. Isso se transfere a qualquer situação escolar, o que sugere ao professor o ajuste do tempo e das provocações frente à heterogeneidade do grupo, respeitando-a uns e outros em seus tempos. HOFFMANN (2008, p.41)
A avaliação mediadora não busca classificar a criança por notas, mas reflete sobre aspectos qualitativos de seu percurso no ambiente educador e em sua aprendizagem, com o intuito de promover e não para selecionar.
Não se trata de olhar apenas a atividade feita e sim o processo que a criança percorreu para chegar àquele resultado. “Os melhores instrumentos de avaliação são todas as tarefas e registros feitos pelo professor que o auxiliam a resgatar uma memória significativa do processo, permitindo uma análise abrangente do desenvolvimento do aluno.” (HOFFMANN, 2008, p.121)
A avaliação mediadora é também organizada, pois cada tarefa realizada em ambiente educativo tem seu objetivo de aprendizagem definido pelo professor ao planejá-la.
É necessário analisar o que cada envolvido entende por avaliação (diretor, coordenador, professores, pais), pois ela se dá em vários espaços escolares e não somente na sala de aula.
Avaliar não é julgar, mas acompanhar um percurso de vida da criança, durante o qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões com a intenção de favorecer o máximo possível seu desenvolvimento. (HOFFMANN, 2012, p.13)
     O termo acompanhar é definido por: 1- Fazer companhia a, ir junto a, seguir; 2- seguir com o pensamento, a atenção, o sentimento. Esse segundo sentido de “acompanhar” é que Jussara Hoffmann defende quando se trata de avaliar. Porém, somente acompanhar e observar não tem fim por si só, tem-se que saber “para quê”, o objetivo final da avaliação é auxiliar a criança a progredir em seu desenvolvimento.
Nesse sentido Hoffmann afirma:
Avaliar, na concepção mediadora, portanto, engloba, necessariamente, a intervenção pedagógica. Não basta estar ao lado da criança, observando-a. planejar atividades e práticas pedagógicas, redefinir posturas, reorganizar o ambiente de aprendizagem e outras ações, com base no que se observa, são procedimentos inerentes ao processo avaliativo. Sem a ação pedagógica, não se completa o ciclo da avaliação na sua concepção de continuidade, de ação-reflexão-ação. (HOFFMANN, 2012, p.15)
É importante não denominar um instrumento de avaliação como a avaliação geral da criança, são vários instrumentos que levam a uma reflexão sobre o seu desenvolvimento em vários aspectos e ambientes.
Para Hoffmann, a avaliação continuada é caracterizada por: observação, reflexão e ação. Como podemos verificar, a avaliação não se dá apenas através de um ou outro instrumento.
Dois princípios norteiam a avaliação mediadora:
a) o princípio da individualização: observar e cuidar mais e por mais tempo da criança que estiver precisando de maior apoio em determinado momento, preservando a liberdade e a espontaneidade de cada uma e refletindo acerca de ações educativas pertinentes aos interesses de todas.
b) o princípio da mediação: a intenção de desenvolver estratégias pedagógicas desafiadoras de modo que as crianças evoluam em todas as áreas do conhecimento, seguras e com iniciativa para inventar, descobrir e experimentar. (HOFFMANN, 2012, P.19)
O cenário da sala de aula na educação infantil não é estático, pelo contrário, tem um dinamismo próprio das crianças pequenas, que são curiosas, gostam de explorar os ambientes e os materiais, tem necessidades básicas a serem supridas, são comunicativas, interagindo entre elas constantemente, assim o professor observa individualmente, sem poder se descuidar do grupo.
Assim, a avaliação mediadora é desafiadora e provocativa, pois é importante definir o que a criança já traz consigo como conhecimento prévio, porém, é também essencial levar em conta suas potencialidades, “onde ela pode chegar”. Contudo, os desafios devem vir acompanhados de apoio pessoal e material para superá-los. Nestes termos, fazem-se necessárias as interações adulto/criança e criança/criança.
É importante que o professor tenha curiosidade sobre a criança com a qual trabalha e a observe com caráter investigativo.
A criança deve ser olhada em todos os seus aspectos, o ambiente no qual ela convive fora da escola a influencia totalmente, não fiquemos idealizando uma criança perfeita, mas analisemos nossas crianças a partir de sua realidade.
A avaliação também esbarra na vivência própria do educador, o repertório que traz consigo fará com que veja a criança de uma forma ou de outra, os vários adultos que convivem com a mesma criança pode ter várias visões dela, por isso é importante o diálogo entre eles, uma comunicação com o intuito de conhecer melhor a criança e poder proporcionar-lhe coisas novas. Até porque podem ter comportamentos realmente diferentes dependendo do grau de intimidade e convivência que tem com esse adulto.
Principalmente no trato com os bebês isso fica bem claro, pois sua comunicação nessa fase não é feita de forma clara, seu choro e suas reações é que vão demostrar suas necessidades e vontades.
O trabalho com crianças na faixa etária da educação infantil é muito complexo, muitas vezes elas não conseguem expressar-se totalmente através da oralidade, pois esta está em construção, mesmo as que já sabem falar, pois falar é uma coisa, expressar seus sentimentos, vontades e necessidades já é outro processo bem mais complexo. E a interpretação de tudo isso requer muito do educador.
Assim, não cabem improvisações na educação infantil, os profissionais necessitam ser bem formados, a dinâmica dos trabalhos realizados em sala de aula bem elaborados e com intencionalidade definida, desde a organização do espaço que as crianças vão frequentar, pois todo o tempo passado na escola pode não lhe agregar quase nada em seu desenvolvimento dependendo de como é dirigido.
O aprendizado adquirido pelos pequenos até cinco e seis anos de idade serão levados para sua vida adulta, essa fase é de extrema importância e deve ser considerada como tal, as crianças aprendem com as experiências, com o fazer prático, através de sua curiosidade inerente dessa faixa etária, ela se desenvolve integralmente, também como indivíduo e não somente como aluno.
A partir dessas contribuições teóricas, conclui-se, no que se refere à avaliação na Educação Infantil, que só podemos nos referir à aprendizagem das crianças no contexto mais amplo do seu desenvolvimento, sem fragmentar essa análise em aspectos cognitivos, afetivos e sociais ou em conteúdos específicos. Compreende-se, também, que não se pode propor às crianças desafios que estejam além de suas possibilidades em certo momento, correndo-se o risco de causar-lhes inseguranças e/ou pressões desnecessárias. (HOFFMANN, 2012, p. 40)
Crianças pequenas são permanentemente ativas, explorando incessantemente o seu entorno e extremamente curiosas sobre todas as coisas. Aprendem pela sai incessante exploração do mundo exterior, pela interação com os adultos e as outras crianças, mas gradativamente, ou seja, na dependência de sias possibilidades a cada etapa. Não há o que considerar      “normal” ou não para determinada faixa etária. De uma criança para outra, as reações são diferentes, sua evolução é singular, única. (HOFFMANN, 2012, p.40)
Quando estabelecemos comportamentos desejáveis para determinada turma, corremos o risco de rotular e fazer comentários negativos sobre as crianças, o que em nada contribui para seu crescimento. As crianças nessa faixa etária são mesmo inquietas, curiosas e gostam (e precisam) explorar o ambiente a sua volta o tempo todo e é assim que elas aprendem.
O professor mediador orienta, organiza, oferece materiais novos, ao mesmo tempo em que respeita a criatividade e as atitudes das crianças frente ao que lhe é oferecido.
É de suma importância o conhecimento teórico e uma formação continuada dos profissionais da educação infantil, ressalta Hoffmann, pois é a partir daí que vão embasar seus objetivos e compromisso com o planejamento e avaliação das crianças, pois não ter uma lista de avaliação de comportamentos ideias, não significa que não se tenha objetivos definidos a serem alcançados, não quer dizer “fazer por fazer”, “brincar por brincar” só para passar o tempo.
Para que explorem melhor os materiais, é preciso um ambiente livre de proibições ou de limitações e professores interessados, verdadeiramente, em brincar junto e oportunizar vivências enriquecedoras às crianças. (HOFFMANN, 2012, p. 51)
Muitas vezes a observação e os relatórios são feitos, mas somente com o objetivo de constatar e ter o que mostrar à gestão escola e aos responsáveis pelas crianças no dia da reunião, não com o intuito de promover e beneficiar aqueles por quem se trabalha que são as crianças.
Uma forma muitas vezes equivocada de registrar o comportamento de uma criança é relatar sua falta de interesse ou de atenção às atividades, pois a causa pode não estar na criança, e sim no planejamento das aulas, o qual deve ser ajustado a partir do interesse das crianças e não o contrário, deve-se verificar se o ambiente está adequado em organização e espaço suficientes para elas se locomoverem, se os materiais e brinquedos estão em bom estado de uso, se sua forma de contar uma história, de cantar uma música ou de dirigir uma atividade estão condizentes com a idade das crianças e estão sendo atrativos a elas. Quanto menores as crianças, mais necessidades de espaço elas tem, assim como mais necessitam se movimentar e explorar o ambiente com todo o seu corpo.
Defender a atividade espontânea, a vida em grupo, a manipulação e a experimentação com materiais não significa que o professor deva ser permissivo e passivo diante das crianças. Significa dar-lhes lições e usar de autoridade para determinar o curso dos acontecimentos (MACEDO, 1988, P. 47) (HOFFMANN, 2012, p. 62)
É também importante que haja a possibilidade de todos os adultos envolvidos na educação da criança se comunicarem sobre os diversos pontos de vista sobre ela.
O acompanhamento da criança é uma responsabilidade permanente de todos os adultos que convivem com ela. O seu desenvolvimento depende, fortemente, de um ambiente favorecedor, da disponibilidade dos adultos em conversar, brincar, prestar-lhe, de fato, atenção. (HOFFMANN, 2012, p. 65)


Biografia:
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