Quando acenderam o pavio, o atentado não tinha mais volta. O explosivo seria detonado naquele dispositivo destinado ao uso da Empresa de Correios e Telégrafos. Restaria àquela quadrilha de terroristas abandonar o local.
O parágrafo anterior é eivado de disfemismos para transformar uma molecagem num atentado terrorista. Antônimo de eufemismo, que abranda o sentido, o disfemismo recrudesce o impacto. E no caso de Brasília, a “brasa da sardinha” foi puxada para atender o viés de confirmação: só pode ter sido coisa do Bolsonaro.
É o que estão fazendo com o caso do sujeito que se matou na Praça dos Três Poderes. Imprensa, militantes esquerdistas, políticos e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), na pressa de associarem o acontecimento ao 8 de Janeiro ou a qualquer coisa relacionada a Bolsonaro, precipitaram com interpretações tendenciosas e conclusões absurdas.
Lula, durante a campanha, quis atingir a memória afetiva das pessoas, prometendo trazer novamente os tempos felizes. Independentemente da conjuntura da época em que começou o seu primeiro mandato, éramos 21 anos mais jovens, portanto, não seria difícil lembrar de tempos felizes. Genial!
Entretanto, a bigorna do dia a dia pesou, e as recordações da juventude não foram suficientes para evitar o mau humor. Como infelizmente acontece no mundo inteiro, alguém cometeu suicídio. Para isso, ele escolheu um lugar símbolo de insegurança jurídica, inconstitucionalidades e obscurantismo: a frente do STF. Foi simbólico e dramático.
A quem interessava indexar o suicídio a uma narrativa e um espectro político, fogos de artifício viraram bombas; a explosão, atentado terrorista; e o suicida, homem-bomba. O mesmo emprego fora do contexto, que transforma qualquer um em nazista e fascista, surgiu com os homens-bombas de artifício. Lógico que isso tiraria a moral daqueles que, em nome de Alá, detonam um pente de dinamite amarrado à cintura, esperando encontrar 72 virgens no paraíso.
Como realmente foi a estórinha inicial: nos anos 80, uma turminha de pirralhos acendeu uma bombinha, jogou numa caixa de cartas e saiu correndo.
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