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A ‘Expomusic’, no ‘Expo Center Norte’, enfim havia chegado para interromper a rotina de ir à Galeria do Rock. Aquele pavilhão de exposições reunia aparentes músicos e interessados pelo tema.
Talvez aqueles estandes e corredores reunissem a maior concentração de pretendentes a músicos e quem se arriscava nas primeiras palhetadas de ‘Sweet Child O’Mine’. Quem sabe, algum cabeludo do grupo de amigos e o comportamento de banda de rock legitimasse nossa presença ali. Isso nos dispensava do principal atributo para visitar a ‘Expomusic’: tocar algum instrumento.
Se fosse um evento de confecção, o bando de roqueiros de boutique seria melhor abastecido, já que era intenso o desfile de bandanas, óculos escuros, jaquetas de couro e calças jeans rasgadas. Aquilo realmente parecia a maior concentração humana de roqueiros “posers”, incluindo nós. Já que engrossávamos aquele “cardume” de charlatães, concluímos que a farsa seria completa. Duraria enquanto nos mantivéssemos afastados de quaisquer instrumentos.
Entretanto, o evento musical apresentava um aspecto de convenção dos fãs de ‘Guerra nas Estrelas’, de modo que outros frequentadores com visual de “guitarrista de penhasco” poderiam se julgar donos de uma credencial estética para estar naquele pavilhão.
Pensei, distante daquele teatro farsesco: será que meu destino seria combinar a futura idade e um estado emocional melancólico com um gosto musical de “tiozão? Tipo ouvir Julio Iglesias, Benito di Paula ou Agepê, bebendo conhaque barato e fumando cigarro sem filtro. Excetuando-se curtir os cantores antigos, os vícios são suicidas, mas o cenário seria adequado porque provavelmente estaria acompanhado por um compulsivo e dramático pranto. Mas isso não faz e não fará parte da minha existência. Prefiro me tornar um anacrônico roqueiro da terceira idade, bem saudosista e dedilhando uma guitarrinha imaginária.
Abandonando minhas elucubrações, aquele ainda era o momento de uma vida imatura embalada por Guns n’ Roses, Nirvana, Pearl Jam, Faith no More e Skid Row.
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