Ontem comemorou-se o dia nacional dos rosacruzes, o que me fez recordar de meu fascínio pela jornada mística nos entremeios de minha juventude. Nunca nutri fanatismos, bem como nunca aceitei cegamente o que as religiões impunham. Não sou filiada a seitas nem a qualquer ordem tradicionalmente vista como subversiva. Mas grandes perguntas floresceram em minha fértil mente repleta de pensamentos e reflexões ainda muito jovem. Questionamentos que transcendem a materialidade do mundo me incitaram a buscar consolo e respostas na Antiga e Mística Ordem Rosacruz (A.M.O.R.C), com a qual de pronto me identifiquei em razão de meu encantamento de uma vida pelo Egito Antigo, da busca pelo belo e pelo bem e da ideia de uma harmonia universal. É difícil criar uma fortaleza em torno de si quando temos grandes perguntas que urgem respostas certeiras e metafísicas, e foi desta maneira que entrei em contato com os ideais místicos da Ordem, a partir da qual pude me desenvolver espiritualmente, mesmo não sendo oficialmente soror filiada. Além de Rosacruz, entrei em contato com as ordens Martinista e Guias do Graal. Lembro-me nitidamente de minha admiração pelas origens e pela história da Ordem Rosacruz, assim como por célebres figuras que por ela tiveram passagem. A partir de então, mergulhei em estudos herméticos e elevadores do espírito humano, de modo a fazer jus ao sentimento de herdeira dos ensinamentos legados pelo rosacrucianismo. Minha imersão, entretanto, não tinha como finalidade última a compatibilidade plena com uma ordem mística, posto que minhas curiosidades me conduziram a importantes reflexões pessoais que contribuíram com o meu amadurecimento intelectual, ao passo em que não me permitem esquecer de que o exercício filosófico é estreitamente vinculado à prática humana, sendo um ato sublime de contemplação pura e sabedoria altiva, o que ultrapassa em valor qualquer intelectualismo vistoso. Há uma fagulha que se acendeu desde antes de minha existência, como uma chama que devo manter viva pelo caminho místico que guia até à bondade, à integralidade e à paz entre os seres humanos. Minha mística é incansável, mas não há nada de sedutor ou bruxuleante nela. É uma mística aplicada à melhoria das situações reais tendo como lema a paz profunda. Desde a infância e com o passar dos anos, muitas questões relacionadas à existência me colocaram em posição de inconformismo com o que era propagado pelo senso comum. Eu sentia falta de algo a mais, que pudesse ao menos entender a natureza de minhas interrogações, não necessariamente respondê-las, dado o nível de sua complexidade subitamente verificável. Somado aos estudos rosacruzes, tive o privilégio de entrar em contato com ideias da professora Lúcia Helena Galvão por meio da Nova Acrópole, que aguçou em mim perguntas ainda mais irrespondíveis e dotadas de amplo magnetismo. Arduamente embrenhei-me em estudos sobre Hermes Trismegisto, as sete leis herméticas, o simbolismo do Caibalion, mitologias, grandes estudiosos do ocultismo e princípios alquímicos, o que complementou meus estudos de forma eternamente significativa. Acima de tudo, aprendi em minha jornada mística, que o estudo é fonte de evolução do espírito, e agregador na medida em que vemos a manifestação do bem ao nosso redor. É sobretudo, individual, mas não no sentido egóico do termo, e sim porque o conhecimento adquirido assume feições e funções diferentes em cada um, pondo-nos em equilíbrio. Quando o saber encontra a felicidade, ele se torna necessário. E quando a felicidade vai de encontro ao saber, ele se torna indestrutível.
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