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UM CALANGO PARA ZEFA
FLAVIO ALVES DA SILVA

Resumo:
Um calango para Zefa é uma comédia regional, que fala da vida dessa mulher negra e que tem a mania de comer calangos como petisco, quando está bebendo sua cachaça ao lado da sua amiga Amara. Corina é sua maior inimiga, e três garotos, infernizam a vida da Zefa.

UM CALANGO PARA ZEFA



AUTOR: Flávio Alves

PERSONAGENS:


Zefa               -     A Dona da Casa de Engenho     
Corina               -     Umbandista
Amara               -     Amiga da Zefa               
Rabelo               -     Menino - 1      
Tôta               -     Menino - 2
Sávio               -     Menino - 3
Simão               -     Marido da Zefa
Olégário          -     Delegado               
Ruralzinho          -     Filho da Corina



CENÁRIO: Terreiro de Casa de Engenho



TÔTA     - Não empurra, deixa de ser frouxo que ela ta dormindo. Esse Sávio é muito mole, vê só Rabelo a cara dele!

RABELO – Fecha o danado bando de abestalhado, se não ela joga água quente. Vocês não viram o que aconteceu com o Ruralzinho?

SÁVIO – Pois é Rabelo, por isso que tenho medo. A veia Zefa não brinca em serviço e Tôta fica aí fazendo zuada.

RABELO – O negócio é o seguinte: hoje é sábado dia de feira e não é tempo de manga e nem de azeitona pra gente vender, por isso a gente tem que descolar o trocado que ela prometeu.

SÁVIO – Mas quem é que vai falar com ela?

TOTA/RABELO – Você molenga, você não é o inteligente?

SÁVIO – Eu não vou . Se ela jogar água quente quem se lasca sou eu.

TÔTA – Deixa Rabelo, se ele não for a gente vai e divide o dinheiro.

RABELO – Isso mesmo e depois... Adeus pião, bola de gude...

SÁVIO – Vocês dois são fogo! Ta bem eu vou, mas se ela jogar água quente em mim vocês tão lascados comigo.

TÔTA – Deixa da tua safadeza! Tai feito rapariga é?

RABELO – Vai lá Sávio, diz a ela que veio buscar o dinheiro dos calangos que pegamos ontem.

SÁVIO – Mas ela vai se arretar porque só trouxemos quinze e ela falou que seria uns vinte.

TÔTA – Aquela bruaca veia vai se lembrar de coisa nenhuma, ela só vive com o tacho cheio de cana.

SÁVIO – Ta bem eu vou, Ô de casa!, Ô de casa!

ZEFA – Quem é que tá ai?

RABELO – Psiu! É ela escondam-se!

ZEFA – Pelo jeito são esses condenados novamente. Que bixiga lixa eles querem desta vez (grita) Simão ou Simão! Isso é uma vida miseve ter um marido só pra comer e cagar feito socó. Simão ou Simão!

SIMÃO – Que é Zefa! Vai dormir que teu má é sono. Já começou os pesadelo foi? Vai deitar-se, se não eu vou quebrar essa tua cara veia.

ZEFA – Sai pra lá coisa ruim, que veia é a tua mãe. Eu tou falando sério e home pra bater nessa cara bonita tem que nascer com três.

SIMÃO – Qualquer dia eu vou te mandar pra Garapu, pra casa da tua mãe, ou te interna-te num asílio.

ZEFA –   Me deixa em paz e vai arrumar qualquer coisa pra Amaro comer, que ele ta de calunga pegando frete.

SIMÂO – Ta fazendo o dever dele. Já to veio e já dei de comer a ele, agora ele que me der também. E quer saber? Vou é sair.

ZEFA – Te desconjuro peste, te dana (fica varrendo o terreiro e canta a música gafanhoto) Ontem sexta feira os miseráveis só trouxeram quinze, mas hoje é sábado e eles vão aparecer, já to sentindo o faro deles. (toma cana) Quinze não dá pra nada. (conta os calangos) Só Amaro, é um bolo de farofa e lá vai um calango, Simão nem se fala. Eles tem que trazer mais.

SÁVIO – Bom dia dona Zefinha! Como vai a senhora? Bonito dia ta fazendo não ta?

ZEFA – Se tão pensando em invadir minha casa pra pedir dinheiro a estrada é logo ali Ó!

TÔTA – Dona Zefinha, pelo que vejo a senhora não gostou muito da nossa caça, pois os calangos que peguemo onte ainda tão aí.

RABELO – E além do mais, como podemos pegar mais calango, se os badoques da gente estão cheio de boqueira?

ZEFA – Conversa! Eu já conheço vocês, essa estória eu já conheço e vocês não vão me enganar.

SÁVIO – Dona Zefinha, eu juro pela alma da mãe de Rabelo e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Zefa é devota da Santa).

ZEFA – Há! Se é por Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, porque vocês não falaram logo. Esperem aí vou buscar o trocado (sai).

TÔTA – Ôxe! Que conversa é essa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro?

SÁVIO – É que eu vi Dona Zefinha e Amara rezando lá no terço da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na ladeira Malaquias.

RABELO – Nossa Senhora do Perpétuo Socorro não é? Tive uma idéia! E ela agora ta na minha mão. (Zefa volta).

ZEFA – Vou dar o trocado, mas vocês tem que me prometer que hoje de tarde vão trazer no mínimo 30 calango, por causo do batizado da cumade Bilíndia pra eu levar de tira gosto. Agora desapareçam que vou dormir (sai).




OS MENINOS PELA PLATÉIA


TÔTA – Quanto ela deu Rabelo?

SÁVIO – Dá pra comprar os piões?

RABELO – Calma (conta) é pouco mas acho que dá. Vamos pra feira que ainda vamos pegar os calangos.

TÔTA – Mas como vamo conseguir tanto, me responde?

RABELO – No lixeiro da Cermic tem bastante.

SÁVIO – Há! Esse batizado eu não vou perder de jeito nenhum. Quero ver somente a cara de dona Zefinha.

TÔTA – Mas vamos logo que já vai dar 08:00 horas, e tem muito chão pela frente.

SIMÃO, CORINA E RURALZINHO


(Entra Simão senta no tamborete e conserta a tarrafa de pescar)


SIMÃO – Ai que dor nas costa da mulestra! Tenho que consertar essa tarrafa ainda hoje pra entregar ao compadre Genaro. Não quero nem conversa mole com a Zefa, senão ela vai me atrapailha-me. Mulé muito maluvida. Essa jararaca, anda com discursão com todo mundo da cidade, uma mulé já veia, deveria ter é vergonha na cara. Se eu não fosse tão doente ela ia ver, metia lhe o pau.

CORINA – Isso mesmo seu Simão, uma cachorra velha que não tem vergonha na cara tem que apanhar mesmo, mas não fique preocupado se o senhor não pode mete-lhe o pau tem gente de fibra pra quebrar a cara dela.

SIMÃO – Também não é assim dona Corina... A Zefa pode ser o que for mais de qualquer jeito ela ainda é minha mulé. Precisa quebrar a cara dela não.

CORINA – Não precisa? Olhe aqui a desgraceira que sua vadia fez na perna do meu filho. Conta a ele Ruralzinho. E tira a mão da boca desgraçado! E fala pra seu Simão, conte tudo a ele.

RURALZINHO – Mai mãe, deixe isso pra lá, se ela sair pra fora ela vai queimar minha outra perna. Vamo embora que minha perna ta doendo.

CORINA – Doendo coisa nenhuma, vai bexiguento conta!

RURALZINHO – Seu Simão, eu tava brincando aqui no terreiro. Eu tava pegando as bages de lã que tava caída no chão pra fazer um trabisseiro e quando eu tava de costa só vi um vurto preto com uma chaleira na mão, não deu tempo nem de eu correr, era a dona Zefa no coipo do satanai, que jogou água felvendo na minha perna. Espie aqui Ó! (chora). Ai mãe que dor do cranco da mulestra.

CORINA – Ta vendo seu Simão? Uma coisa dessa não se faz nem com o satanás, imagine com uma criança. Agora eu que me lasque pra escutar a latumia desse brebote chorando direto, e ainda gastar meu trocado na farmácia de seu Chico. Cale a boca!

RURALZINHO – Ta vendo, ta vendo, como a sinhora é rim, eu todo cheio de dor, com minha perna latejando e a senhora me manda calar a boca, não foi na perna da sinhora...

CORINA – (Dá-lhe um tapa) Feche seu zimbra seu safado, isso é jeito de falar com a sua mãe?

SIMÃO – Deixe ele dona Corina, menino é assim mermo, Amaro quando era pequeno era a peste, aprontava com todo mundo e dava uma de santo.


RURALZINHO – Eu não tô aprontando com ninguém e também não sou a peste não, viu seu Simão?

CORINA – Deixe de responder aos mais velhos seu nojento, se não eu vou quebrar a sua cara. Mas o senhor diga a sua mulher que de hoje não passa, ela vai bater na delegacia. Não tenho nada contra o senhor, mas não gosto e nem vou com a cara dela, porque ela defama todo mundo, veve dizendo que eu fico fazendo catimbó, e além do mais, tava com o fute no coro e queimou a perna do meu filho.

SIMÃO – Sei não viu, qualquer dia vai ter um derramamento de sangue aqui no Malaquia, é muita confusão, muito disse me disse.

CORINA – Vai ter derramamento de sangue sim, porque vou pegar a Zefa e vou sangrá-la, feito quem sangra galinha viva, amarro ela pelos pés e passo a faca.

RURALZINHO – Ai minha perna mãe! Vamo embora e deixe dona Zefa pra lá.

CORINA – Te aqueta menino. Pera ai. Pera.

RURALZINHO – Entonsse eu vou na frente. (vai saindo Corina segura)

CORINA – Na frente só se for do satanai. Espere. (Ruralzinho fica de bico) e desmancha já esse bico, se ficar de bico vou quebrar a sua cara. Seu Simão tome cuidado que fiquei escutando uns boato, e o Malaquia inteiro ta desconfiado, que a Zefa sua mulé, ta lhe botando um par de chifre. Isso eu não tenho certeza porque não quero provar nada na delegacia e também odeio me meter na vida das pessoas.

SIMÃO Ela não ta com a mulestra dos cachorro. Na minha famia dona Corina, nunca teve corno, e eu não vou ser o primeiro não, mai eu vou investigar, e se isso for verdade, eu mato ela.

CORINA – Pois é: e tem mais.Ela anda falando por aí, que depois que o sinhô ficou doente, só sabe cagar e comer feito socó.

SIMÃO – É verdade que já to veio e doente, mas isso não dar o desfrute de Zefa fartar respeito comigo. Vai dar certinho pra o quirrimboque dela.

CORINA – Ta bem, assunto encerrado. Vou pra casa, mas fale pra ela, que ela vai parar na delegacia. Vamo embora Ruralzinho. (sai).

SIMÃO – Eu ia entrar pra dar um cochilo, mas pra evitar confusão acho é mió ir pro roçado. E se essa condenada tiver me botando gaia? Sei não viu... não quero nem pensar. É mio eu ir pro roçado mermo.(sai).



ZEFA E AMARA


(Zefa varre o terreiro cantando a música gafanhoto, Amara entra)

AMARA – Bom dia Zefa! Como vai? Ainda tem da branca aí?

ZEFA – Ôxe mulé! Pode faltar tudo menos a branca, toma aí vai (oferece cachaça).

AMARA – Há mulé! Vou te contar, tu vai adorar, você nem imagina, eu fiquei tão feliz, to toda arrepiada. Ver só que maravilha!

ZEFA – Que bixiga lixa é? Deixa de frangage e desabafa de vez, parece até galinha do primeiro ovo.

AMARA – Ele vai ta lá, ele me falou na cacimba da macaíba. E hoje á noite vou colocar meu colar, aquela saia incarnada toda de pinça, minha blusa de uma alça só, sandalha de hippe. Vou arrazar nêga, tu vai ver só.

ZEFA – Que mulé! Ou é doida ou é besta. Falou, falou, falou, e nem falou quem é o macho. Diz logo murrinha!

AMARA – É Beré, o pé de ouro do Malaquias. E hoje quando for meia noite vou mandar cumade Bilíndia botar o disco predileto dele, e quando tiver tocando Azulão, ninguém me segura, vou dançar até o mocotó inchar.

ZEFA – Mai pia mermo... Pia só! E tu ta pensando que fico de fora é? Vou colocar meus brinco de ouro, minha pulseira de couro, meu vestido longo amarelo catarro, vou espichar meu cabelo na madame Dinha, boto meu batom bunina, pinto meus Zoi com uma sombra não muito forte um azul anil, e vou cair na gandaia. Vou dançar até a festa acabar com Peipei, Beré eu não quero nem saber, ele só dança pisando no pé da gente. Hoje mermo encontrei ele de madrugada na zona.

AMARA – Ô mulé, o que danado tu fosse fazer na zona?

ZEFA – Peraí! Vai de vagar que o andor é de barro. Tu ta pensando que sou rapariga é?

AMARA – Não é isso, mas nunca vi mulé direita entrar na zona.

ZEFA – Eu tava na fila do INBS, fui pegar uma ficha pra doutor Samuel arrancar os caco pôde de Amaro, aí vi Beré na entrada da zona, foi isso, ta satisfeita agora?

AMARA – Agora to entendo. Mas mudando de assunto, você vai levar cumpade Simão?

ZEFA – Pra quê Amara, pra quê? Pra me fazer vergonha é? Simão ta com o intistino froxo, e só veve peidando.

AMARA – Mas você é casada com ele mulé, como diz a certidão de casamento.

ZEFA – Êita! Ela endoideceu de vez. Acorda mulé! Aquilo lá é certidão de casamento... Aquilo é um atestado de orbito. A muito tempo que Simão não é mais aquele (faz gestos) E eu sou muito nova.

AMARA – Mas mulé isso se chama adul... adul... adul... sei lá! É gaia mermo.

ZEFA – Mai pia... pia... pia só! Se isso for gaia, cumpade Popó deve ta andando com um pára-raio na cabeça.

AMARA – É diferente mulé, o Popó é alejado das pernas, por causo do acidente sua tolinha.

ZEFA – É, mas ele não é alejado da rolinha.

AMARA – Ah! Vamos parar com isso e vamos pensar no que levar pra tira gosto, pois eu to preparando um aruá de côco que vai ficar delicioso, mas o que eu queria mermo era um assado de timbu, ficava chic, mas quem não tem cão caça com gato.

ZEFA – Gato? É isso mermo! Porque não pensei nisso antes?... gato...

AMARA – Zefa, Zefa! Não vai me dizer que você...

ZEFA – Isso mermo menina inteligente.

AMARA – Eu não como, tenho nojo e faz vergonha levar.

ZEFA – Que nada mulé! Depois de todos os tempero, todos os apreparo todos vai pensar que é galinha.

AMARA – Mas também se o povo descobrir, uma coisa fique certa: nós e que vamos virar galinha. Não, sinto muito, essa doidice faça você sozinha. Não quero passar vergonha, prefiro levar meu aruá de côco, é de pobe, mas todo mundo come.


ENTRAM OS MENINOS COM UM TIMBU COMO SE FOSSEM VENDEDORES


RABELO – Muito bem, muito bem pessoal! Compre, compre, direto da mata de Celé esse delicioso timbu a preço de fábrica. Mulher bonita não paga, mas também não leva.

TÔTA – Rabelo, Rabelo, que isso cara? Vamos embora, já é tarde, e Sávio ta lá fora arretado com tua demora.

SÁVIO – Tava lá fora... E não sou palhaço pra ta esperando. Que palhaçada Rabelo! Tu diz que vai cedo e a gente fica bestando é?

RABELO – Fecha o danado seus nojento! Vocês demoraram que só a bixiga! E eu to feito rapariga? Olha aí o que peguei!

TÔTA – Êita! Um timbu! Pegasse a onde cara?

RABELO – Na preciosa da tua irmã Rosinha,

TÔTA – Deixa de brincadeira cara, estou falando sério.

SÁVIO – É mesmo Rabelo, onde você pegou? Ah! Já to entendendo seu jogo. Dando uma de vendedor não é? Saquei tudo.

TÔTA – Ah! Saquei também! Continua vendendo.(Os meninos envolvem a platéia vendendo o timbu pra chamar a atenção da Zefa e Amara).

ZEFA – Êi, êi menino, que negóço é esse aí?!

RABELO – Tudo bem dona Zefinha? É um timbu que nós peguemo.

ZEFA – Melhor não podia estar. Que coisa linda!... Amara pia só, pia... é um timbu. Deus é maravilhoso não desampara os dele. Mostra aqui esse bicho. (pôe para o alto) parece que caiu do céu. (beija o timbu) quer vender por quanto? Fechamo negoço agora.

RABELO – O dobro que a senhora nos deu hoje.

ZEFA – Amara... (cochicha).

AMARA – (Põe a mão no sutiã e paga o timbu) Pronto! É nosso Zefa.

ZEFA – Esse ta ótimo pra tomar com cana lá na festa, vamos logo preparar o desgraçado.

AMARA – Vamos, mas primeiro um gole da branquinha.

ZEFA – Lá dento eu dou (saem e ficam os meninos).

SÁVIO – Engraçado, eu fico me perguntando, quem é mais cachaceiro? O timbu, ou dona Zefinha e Amara? vai gostar de cachaça assim na casa de Corina.

TÔTA – Por falar em Corina, ela tava arretada da vida, e falou pra todo mundo que ia dar um bale na Zefa no pingo do meio dia de hoje, porque o filho dela Ruralzinho, ficou com a perna toda queimada de água quente.

RABELO – É, mas Ruralzinho é muito devagar, ele viu a Zefa com a chaleira na mão e ficou imitando ela dançar e continuou tirando bage de lã verde, e sujando o terreiro da veia.

SÀVIO – Por falar em lâ: olha só Rabelo como o pé está cheio, vamos derrubar algumas begem enquanto dona Zefinha ta abestalhada com o timbu.

TÔTA – Se eu fosse vocês não pensava nisso agora. A veia Zefa não é louca ela tem o maior ciúme nesse pé de lã.

RABELO – Vai te atolar, tu só veve tirando essas porqueira direto. Isso é pensamento de tricolor mesmo.

TÔTA – Ta bem, ta bem, vamos lá. Me dar uma pedra, no meu bisaco não tem mais.


SÁVIO – Toma pega aí. Mas vamos ficar calados. (Os meninos atiram pedras).

RABELO – Pôxa Sávio! Tai com o olho aonde? Só tai derrubando as verde. Te orienta! (Agarra Sávio).

SÁVIO – Me solta fedorento! Me solta!

ZEFA – Vocês ainda estão aí é? Não tirem lã que os caroço é pra comer torrado no café. (Os meninos continuam). Não tire lã, já disse, os caroço é pra comer torrado no café (tempo). Seus miserave! Não tire lã já falei. Simão, ô Simão! vem aqui, esses condenado tão aqui no meu terreiro. Agora vocês vão ver seus esprito zombeteiro (sai com uma chaleira na mão)..

RABELO – Corre Sávio! Olha a água quente!

SÁVIO – Esperem por mim (saem os meninos).

ZEFA – Amara socorro! Vem ver só... Pia Amara pia mermo, pia só. Que desgraça! Derrubaram as lã verde toda mulé.

AMARA – Calma mulé de Deus! Tem ainda muita lã. Vamos tratar o timbu, tem calma. Toma um gole da branquinha que acalma os nervo e faz bem pra o coração. Agora vamos entrar. (Entra Rabelo e Sávio).

SÁVIO – Poxa! É demais meu irmão! Trinta calangos é dose pra elefante. O que é que a gente vai fazer pra conseguir uma quantidade tão grande?

RABELO – Sei não, mas deve haver um jeito, temos que vencer essa peste na comida de calango.

SÁVIO – Mas como, se a gente bate o Record sempre, e a condenada sempre pede mais?

RABELO – O Tôta foi verificar o terreno e eu tenho um plano e acho que vai dar certo.

SÁVIO – Mas que plano? Não to sabendo de nada. Vocês estão me escondendo alguma coisa? Eu quero saber, pode ir falando.

RABELO – Fica sem saber sua besta, na hora certa você vai ficar sabendo.

SÁVIO – Se é assim não conte comigo.

RABELO – E eu vou contar com quem? Com a puta da tua tia é? Você vai, você entrou nessa porqueira porque quis. Vamos logo. (Agarra Sávio).

SÁVIO – Me solta cara! Me solta! Tá bem eu vou mas no caminho vá me contando tudo.

RABELO – Tudo bem, então vamos donzelo de titia.


ENTRA CORINA


CORINA – Anda mulestrado! Venha! quero mostrar pra aquela condenada o que ela fez com você. Anda menino e deixa da tua frescura.

RURALZINHO – Mai mãe, deixa isso prá lá, vamo pra casa.

CORINA – Pra casa coisa nenhuma, quem se ferrou pra gastar dinheiro com remédio fui eu. Que menino maluvido, anda tinha! Tai pensando que cago dinheiro é?

RURALZINHO – Mai mãe, ela vai jogar água felvendo de novo.

CORINA – Só se for no olho dela, avia miserave, anda gota!

RURALZINHO – Mai mãe, deixe e vá a sinhora só.

CORINA – Então fica aí Zé cagão. E de hoje em diante se eu ver você acolonhado com aqueles três meninos que faz parte com demo, vou lhe dar uma surra que você vai pra água de sal. Fique aí me esperando ta me ouvindo?

RURALZINHO – Ta bem mãe, eu fico aqui esperando a sinhora.

CORINA – É hoje, é hoje, de hoje não passa. Aquela cachorra veia vai escutar e depois ela vai se lascar na delegacia,pra ela aprender a nunca mais jogar água quente numa criança, ela ta pensando que pari Ruralzinho pelo fiofó foi? Eu pari foi pela preciosa mermo. Que rapariga veia mais safada! Mas ela me paga. Hoje amanheci pelos zafeço, e só saio daqui quando resolver essa situação. Ô de casa! Ô de casa!...

ZEFA (Voz) Vai lá fora Amara, vai ver quem é que chegou com o cão no côro.

CORINA – Quem chegou com o cão no côro foi a velha sua mãe. Não quero falar coisa nenhuma com Amara, quero falar é com você mermo sua rapariga veia safada. Vamos, vai saindo logo daí de dentro, que vou soltar todos os seus podres pra você nunca mais mal tratar uma criança.

ZEFA – Mai olha só! Pia.. pia mermo, pia só! Vem defender seu satanai que ficou no meu terreiro atentando. E pra que você não deu educação a ele?

CORINA – E você tem educação tem? Se você tivesse educação não ficava batendo perna atrás de Peipei botando gaia em seu Simão.

ZEFA – Olha lá! Não me tire do juízo! Que eu não quero perder a classe.

CORINA – Já visse piranha que veve abrindo as pernas pra os cambrião ter classe?

ZEFA – Pia só! Pia, o discaramento da catráia!... Vai te atolar alma penada e desaparece do meu terreiro catimbozeira safada. Tua vida é só fazer macumba e freqüentar teu terreiro de xangô. Eu não tenho o que tu ta querendo não.

CORINA – Eu vou desaparecer mermo, mas você vai provar tudo na delegacia, me aguarde bruaca veia. Queimou a perna do menino e ainda quer ter razão.

ZEFA – Eu tenho mai o que fazer coisa do outro mundo. Vai pra delegacia, mas cuidado pra não ficar presa que o delegado já não suporta tua cara, nojenta!

CORINA – Veremos condenada, veremos... vamo embora Ruralzinho. (Sai Corina com Ruralzinho).



OS MENINOS PELA PLATÉIA


TÔTA – Poxa que dia hem! Trinta e um...

SÁVIO – Pois é, to com as pernas doloridas.

RABELO – Tôta quantos calangos você falou?

TÔTA – Trinta e um.

RABELO – Negativo, trinta e dois olha lá.

SÁVIO – Mas aquilo não é calango é uma lagartixa.

RABELO – Isso mermo é a única maneira de vencer essa veia , me dar uma pedra (atira)

SÁVIO – Mas ela ta bêbada e pode pegar uma doença de pele.

RABELO – No mínimo um cobrero brabo (atira). Acertei, agora é só misturar com os calangos (mistura).

TÔTA – Vou chamar a veia. Dona Zefinha, ou dona Zefinha!

ZEFA – Que é? Quem me chamou? Trouxeram os calangos? Se for pouco desaparece, porque já falei que Amaro é um bolo de farofa e um calango, outro bolo de farofa e outro calango.

RABELO – Calma dona Zefinha! Olhe aqui. (derrama).

ZEFA – Pia só! Pia! Que maravilha! Olha só que delícia! Esse ta ótimo e esse ta tão veio que chega ta despelando, esse vou preparar pra o jantar de hoje, e mais esse aqui. Essa parte é de Amaro, e essa é de Simão. É uma pena Amara ter ido embora, ela ia morrer de inveja.

RABELO – Como é, vai pagar a gente?

ZEFA – Tô com dinheiro aqui, tome e amanhã quero mais.

RABELO – Ta bom dona Zefinha até amanhã.

ZEFA – (Analisa os clangos) Que bom parece até que caiu do céu, mas eu gostei mais desse aqui (ela percebe a lagartixa começa a se coçar em desespero) Vige minha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro! Isso é uma lagatixa! Por isso que tô me coçando toda. Eu sou alégica a esse troço . Amaro socorro pega o álcool pelo amor de Deus! Vai logo, vai logo! Simão, ô Simão, Simão! Aqueles miserave!

SIMÃO – Que mulestra dos cachorro deu em tu mulé? Que sarna da gota serena é essa?

ZEFA – Pega o álcool rápido e passa na minha costa, Ai que coceira! Foi os miserave com essa lagartixa, passa mais, passa mais. Ai... ta passando, ta passando.

SIMÃO – Puxa! Que agonia, tu tava se coçando tanto que pra acabar com a agonia pensei em te fazer feliz, porque fiquei com pena de você minha veia.

ZEFA – Simão como você ta bonzinho, Mas como eu ia ficar feliz meu veio?

SIMÃO – Já imaginou minha veia, você ensopada com álcool e eu riscando com todo meu amor um foscozinho... Acabava de vez todo teu sofrimento.

ZEFA – Por que você não risca um foscozinho debaixo dos seus ovo, porque só assim quem sabe se seu pau não pega fogo, porque o que você sabe mermo é negar fogo.

SIMÃO – Tu não sabe é de nada, encontrei-me com a boca pôde quando tava vindo pra cá.

ZEFA – Que boca pôde?

SIMÃO – A que você jogou água quente no fio dela, ela me falou que você tava lascada porque o camburão ia te leva-te hoje mermo.

ZEFA – Mai pia mermo, pia só que atrevimento. To me cagando de medo. Pode ficar certo que ela é quem vai ficar presa.

SIMÃO – Como é que você tem tanta certeza?

ZEFA – E não é sempre assim. Ela dar parte de todo mulé do Malaquia e quando chega na delegacia o delegado diz: Você por aqui de novo? Não é pusive, Esteja presa! não é assim?

SIMÃO – Você se confia demais. Cadê Amaro já chegou?


ZEFA – Já falei que ele tava pegando frete de calunga no caminhão da prefeitura.

SIMÃO – E cumade Amara apareceu hoje?

ZEFA – Apareceu e desapareceu.

SIMÃO - E cumade Dinha?

ZEFA – Ta botando bobe na cabeça de uma freguesa dela.

SIMÃO – E o meu puçá pra eu pescar amanhã onde ta?

ZEFA – Ta ali, ta cego é?

SIMÃO – E os... (Corta Zefa zangada).

ZEFA – Ora gôta! Que diabo de pergunta, pergunta, pergunta, você é pade, é seu sapo choco. Vai prantar batata!

SIMÃO – Êita que mulé maluvida! Que mulestra! Onde eu tava com o a cabeça que me casei com essa cascavé. Eu não vou prantar batata mas to com vontade de prantar a mão na tua cara.

ZEFA – Mas pia ... pia mermo, pia só! Vai durmir que teu má sono.

SIMÃO – Não vou durmir coisa nenhuma, vou é pra o roçado que é melhor que te agüenta-te.

ZEFA – Vai mermo, desaparece de vez, vai com Deus, se tu quiser ir com ele, se não quiser, vai com o chifrudo. (Entra Amara correndo assustada).

AMARA – Zefa! Zefa! Zefa pelo amor de Deus! Valei-me Nossa Senhora! Zefa!

ZEFA – Que bixiga lixa tu tem?

AMARA – Corre Zefa, corre que a puliça vem aí.

ZEFA – Correr pra quê? Eu não robei, não matei, pra que correr, corro nada da minha casa não saio.

AMARA – Mas mulé de Deus! Tu jogasse água quente no fio da outra.

ZEFA – Ele mereceu!


ENTRA CORINA ARRASTANDO RURALZINHO


CORINA – Agora o circo vai pegar fogo. Ela pensava que eu não tinha corage pra dar parte dela, fui na delegacia e registrei a queixa. (Pra Ruralzinho) Tudo por tua causa, vai se ajuntar com quem não presta... E eu avisei, Rualzinho, Ruralzinho, não se ajunta com aquele tal de Rabelo e aqueles dois comparsas dele que tu te lasca. Você não quis escutar...

RURALZINHO – Mai mãe intenda eu.

CORINA – (Grita) Cala a boca! Vamo andando que quero ver o camburão levar aquele pedaço de calvão.

RURALZINHO – (Ruralzinho sai correndo) Vou nada eu tenho medo da puliça.




CORINA – Ruralzinho, ô Ruralzinho, volte aqui peste. Tem nada não chegar em casa ele tem o que merece. Vou dar lhe uma surra que ele vai se cagar todo. (Para a platéia). É hoje, é hoje de hoje não passa. Eu a visei, eu avisei. Logo eu que não vivo de bater boca, eu uma pessoa totalmente amada por todos do Malaquias, na minha. Depois de ser chamada de puta,de gaieira, e ver meu filho com a perna queimada em carne viva, venho conversar com ela numa boa, educadamente, sem palavrão, sem pornografia, sou posta daqui pra fora e esquartejada como Tiradentes. Mas ela me paga, ah! Ela me paga! Ou não me chamo Corina. Ela não disse que eu ia ficar presa? To aqui, linda e eterna como sempre fui. Mas vamos ao que interessa que não vim aqui pra concurso de beleza, vim tomar as dores do meu Ruralzinho.

AMARA – Corina calma, vamos conversar, só se resolve as coisa conversando.

CORINA – Deixa de conversa e fica na tua bibelô de casa funerária, a conversa não chegou no teu cagador ainda não, fica na tua senão tu também vai entrar em cana.

AMARA – Cruz credo! Eu não falei nada... só queria ajudar.

CORINA – Não falou nada não o quê? Você também é da laia dela, quer dar uma de santinha agora é? Vai logo embora senão vai sobrar pra tu também.

AMARA – Zefa sinto muito mas não vou agüentar esses desaforos não, vou embora porque detesto baxaria.

CORINA – Mas olha só que nojenta mais safada! Que todo mundo sabe das safadeza que essa piranha pratica na ladeira de Celé com os guri, quando tão soltando papagaio...

AMARA – Eu não quero perder a classe, mas você fique sabendo sua catimbozeira duma figa, que depois que você roubou a calcinha de cumade Dinha e levou pra Jaboatão pra seu pai de santo fazer um trabalho, ela não parou mai de menstruar, e os médico já custuraro o danado dela cinco vez, mas não tem doutor que der jeito, e todo mundo sabe que foi catimbó que você fez sua cachorra. Eu não sei onde to que não meto a mão na tua cara, desgraçada, quenga, puta...

CORINA – Puta é você, agora venha dar na minha cara otária! Mulé de dois conto de reis.

AMARA – Posso ser mulé de dois conto de reis, mas não tenho olho grande no que é dos outros, infração.

CORINA – Vai te lasca-te beuzebu. Você tem sete F na vida, você é Franga, Fresca, Fria, Falsa, Fedorenta, Falida e Filha da ... Mas onde danado ta esse delegado que não chega?



ENTRA O DELEGADO


OLEGÁRIO – Muito bem, muito bem, considere-se presa dona Zefa. Já é a segunda vez que recebo queixa da senhora por dona Corina. Será que não tenho sossego com vocês nesta cidade? É um disse me disse, uns fuxico safado, umas fofocas. Vou prender a Senhora.

CORINA – Isso mermo seu delegado, aproveite e leve também essa amiga dela que me defamou em praça púbrica.

OLEGÁRO – Quem?

CORINA – Essa coisa aí, Ó!. (Aponta pra Amara).

AMARA – Mas seu delegado Olegário é o sinhô mermo? Meu Jesui! O mundo é muito pequeno mermo! O sinhô não ta me reconhecendo?

OLEGÁRIO – Meu Deus! Não é possível! Quanto tempo! O que estás fazendo aqui mulher? Como vai seu Popó?

AMARA – Popó depois do acidente, ficou de cadeira de roda, mas ta tudo bem com ele. Mas eu é que pergunto: O que tu tá fazendo aqui na cidade do Cabo? Saísse de Barra funda foi? Delegado Olegário, que prazer!...

OLEGÁRIO – O prazer é todo meu. Fui transferido e estou tirando férias de um colega (Corina vai saindo de fininho) E onde é que a senhora vai dona Corina? A senhora ficou louca foi? Essa mulher é minha amiga a muito tempo e eu a conheço muito bem. A senhora está mentindo. Muita gente me falou da senhora, e agora vejo que é verdade a senhora gosta mesmo de uma confusão. Se dona Zefa é amiga de Amara, já sei que é você que ta mentindo e arrumando confusão. Por isso considere-se presa.

CORINA – Mas seu delegado eu posso explicar.

OLEGÁRIO – Sua reputação eu já conheço considere-se presa e pronto, e vamos andando. Na delegacia você se explica, e procure um bom advogado.

CORINA – Ôxe! Ôxe! Eu fui dar parte desse pedaço de calvão e eu que vou presa? Vocês me pagam, vocês me pagam, suas condenada.

OLEGÁRIO – Vamos, vamos e deixe de conversar besteira, senão a senhora irá responder também por ameaça, difamação e calúnia.

AMARA – Êita que mulé de sorte da peste! Ainda bem que esse delegado é meu amigo.

ZEFA – Não sou macumbeira mas minha intuição de feme dizia que quem não deve não teme. Mas vamo logo embora pra o batizado e deixar o tira gosto pra lá, porque o que eu quero mermo é comemorá é dançar um forró.

AMARA – Isso mermo, mas e a casa vai deixar assim?

ZEFA – Assim como?

AMARA – Sem ninguém?

ZEFA – E pra que existe Simão? Ele toma conta melhor do que eu. Agora vamos entrar pra dentro que eu vou pegar minha bolsa linda que comprei pra fazer inveja a essas mulé daqui do Malaquia. (saem).


RURALZINHO – (Chorando) Ai,ai,ai,ai,ai, deixe minha mãe seu delegado, prenda ela não. Vai não mãe, vai não.

CORINA – Tenha calma Ruralzinho. Vá pra casa abra a porta e entre pra dentro que já , já, tô de volta. Ta vendo o que o senhor ta fazendo com meu filho? Traumatizando o menino.

DELEGADO – Quem ta traumatizando o menino é a senhora arrumando suas confusões. (pra Ruralzinho) Isso mesmo, faça o que sua mãe mandou, vá pra casa ou procure sua vó, sua tia, sei lá quem mais... mas dona Corina vai ter que me acompanhar e responder pelos seus atos na delegacia. Vamos andando dona Corina.

CORINA – Eu vou, mas me aguarde, vou procurar a justiça, um adevogado , a denfesoria publica , a murrinha!!! Vou lascar um processo, e o senhor vai perder sua farda e seu posto de delegado.

DELEGADO – Isso é um desacato a uma autoridade! Vou algemar a senhora.

CORINA – Precisa me algema-me não.

DELEGADO – Então deixe de conversar besteira e vamos embora (saem).

RURALZINHO – Ai,ai,ai,ai,ai, minha mãe foi presa!!!

RABELO – Ôxente! Que foi Ruralzinho? Por que essa latumia?

RURALZINHO – O delegado levou mãe presa por causo da dona Zefinha e eu fiquei sozinho.

RABELO – Oxe, oxe, oxe, deixa desse chororô, e toda vez que ela vai dar parte, não é assim? Não te acostumasse não foi?

RURALZINHO – Mai agora eu acho que ela num vorta mai por cuaso que ela disse umas pilera pro delegado.

RABELO – Vai voltar sim. Agora alimpa essa cara e vamo brincar com a gente.

RURALZINHO – Eu num vou não que o Sávio e o Tôta, fica cantando aquela cantiga pra mexer com eu e eles num gosta deu não. (Entram Sávio e Tôta cantando a cantiga do Ruralzinho). Ta vendo Rabelo, ta vendo, que eles dois só quer aperria me.

RABELO – Parem suas duas quengas, não tão vendo que o menino precisa da nossa ajuda.

SÁVIO / TÔTA – Ta bem Rabelo, ta bem. Mas do que a gente vai brincar? (Entra Zefa e Amara).

AMARA – Êita Zefa que bolsa bonita da gota! Combinou com o teu vestido!

ZEFA – E hoje vou matar as madame do Malaquia de inveja, vou dançar até amanhecer o dia, no batizado de cumade Bilíndia, e quando o sol raiar a festa continua aqui em casa.

AMARA - Zefa olha os menino onde estão!

ZEFA – Mai pia mermo, pia só! Se vocês aí tão pensando em brincar, pode ir dispensando. Vou precisar de mais cem calango.

RABELO / SÁVIO / TÔTA – Cem calango!!!

ZEFA – Isso mermo. Quando eu voltar do batizado, quero fazer calango de côco, calango assado, calango no alho e óleo, calango na brasa, calango a parmegiana, calango alacarte, torta de calango, calango de todo jeito. Quero comemorar a prisão daquele esprito zombeteiro. Por isso Amara vamo embora pra o forró. (Música, entra todo elenco).




FINAL

flavioactor@gmail.com – 81-98587-2546






Biografia:
Sou autor de textos de teatro, e poesias em literatura de cordel. Também sou Arte Educador, ensinando crianças e adolescentes, como também, pessoas da terceira idade.
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Outros títulos do mesmo autor

Teatro O MENINO QUE VESTIA COR DE ROSA FLAVIO ALVES DA SILVA

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