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  Texto selecionado
Pontas de Agulha
Maria

Quantos desistem na primeira curva do caminho. Quantos só conseguem ver os cardos e os espinhos que crescem na beira da estrada. Quantos deixam de olhar o horizonte que se desfralda diante dos seus olhos...

Se sou ânsia de sua vontade
macero minhas lembranças
nos sonhos que ainda
me consomem.

Meu caminho é
de pedra e espinhos.
Cardos florescem
em minhas mãos.

Desato mil dias de angústias
e dúzias de horas
de espera a cada dia.

Meu dia tem mais horas
de lágrimas e dor
do que as contas
de suas palavras.

Sou devedora de mim
nos quatro cantos de minha vida
e ao olhar para meus horizontes
não vejo nada mais do que
a cor do seu silêncio
e o afagar da dor
soprando em minha face,

que meu caminho,
se queres encontrar,
se faz nas pedras
revestidas de ferro
e pontas de agulha
que compõem as curvas
desse amor que nunca vinga...

Maria

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