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João O Surfistinha
fernando ceravolo

200



Sentado sozinho na areia da praia, em uma cadeira debaixo do guarda-sol, vejo chegar um casal jovem com dois filhos pequenos. Uma menina e um menino quase nenê, de cabelos loiríssimos como palha de milho.

O pai carregava duas pranchas de surf.

A menina vinha levada pela mão da mãe e o pirralhinho vinha mais atrás trazendo vários pedaços de galhos secos de arbustos e caminhava aos pulinhos, típicos de um pós-bebê. Pararam bem na minha frente, a cerca de 20 metros de distância, junto à orla em que o mar lambe a areia. Instalaram-se.

O mar é de boas ondas para o surf, muito procurado inclusive, mas hoje estava bem calmo.

Observei e presumi que as crianças tinham entre 7 e 8 anos a menina, e o menino, entre 3 e 4 anos, no máximo.

O pai pegou uma das pranchas e foi com a filha quase junto da arrebentação. Colocava-a sobre a prancha quando uma onda iniciava sua quebra e ela deslizava suavemente, tentando ficar em pé, mas não conseguiu nas vezes em que tentou. O mar estava plácido.

O moleque ficou com a mãe, mas queria ir para a água também. Pegou desajeitadamente a outra prancha, que era bem maior do que ele e conseguiu levá-la aos trancos até o raso. Na beirada do mar, empurrava a sua prancha e tentava sozinho pegar a ondas, mas era difícil, pois não tinha forças para remar. A mãe o acompanhava e os filmava.

Impressionou-me a iniciativa do garoto. Eu curti a impetuosidade daquele "toco de gente".

Depois, o pai o levou e o soltou nas ondas menores. O "meninote" subia na prancha e ficava em pé até quase a areia, parecendo já um profissional! Era impressionante a habilidade demonstrada pelo moleque.

Essa cena me fez recordar dos meus filhos em seu início no surf, não eram tão jovens, tinham já seus quatorze, quinze anos. Mas foi aqui que deram os seus primeiros passos ou braçadas nesse esporte.

Vim passar um final de ano com eles, no resort que tem no final da praia. Estava recém-separado. Um dia, ao dar uma volta, passamos por uma loja de pranchas usadas e compramos uma para o mais velho, com a condição que a emprestasse para o mais novo.

Virou uma febre! Acordavam cedinho e excitados. Íamos para a praia logo depois do café da manhã para descerem as ondas e enfrentarem as quedas normais de quem estava iniciando, pois aprenderam sozinhos.

Eu não era surfista, só "peguei jacaré" na minha meninice e juventude e não pude ensinar muita coisa.

Ficavam direto no mar, esqueciam até da hora de comer e brigavam para poder ficar mais tempo com a prancha. Tive que comprar outra para o mais novo e assim apaziguar a situação.

Ficava sentado na beirada do mar acompanhando-os em suas manobras iniciais, quedas e descidas, pois quando conseguiam, vibravam muito. E eu também!

Saiam da água conversando desenfreadamente, em uma excitação deliciosa sobre aquela que pegaram e deu "batida" ou o quase "tubo" em que entraram, e perguntavam: - você viu pai?

Depois, dominando melhor a técnica, com pranchas atualizadas, íamos para o Guarujá, fazer um "bate e volta" - ir e voltar no mesmo dia. Entravam no mar e eu ficava na praia, caminhava toda ela, voltava e me sentava no restaurante "Monduba", antiquíssimo e bom, aguardando-os para o "almojanta". Saiam do mar ao final do dia, início da noite. Adoravam "Lulas a Dore", que comíamos de entrada com prazer, e depois, um peixe assado. Devoravam. Voltávamos para São Paulo, eles "desabados" no carro, dormindo de ressonar, entre as pranchas. Era muito gostoso esse nosso programa. O tempo passa...

Voltando à cena que presenciava, a mãe vem em minha direção com os filhos. O menor corre saltitante à frente e passa ao meu lado. A menina caminha de mãos dadas com a mãe. Ao se aproximarem, pergunto:

-Quantos anos têm as crianças?

-Ele tem 3, ela 7 anos! É uma graça eles aprendendo a surfar com o pai, não é? - me responde orgulhosa e com razão.

-Sim, parabéns, e já surfando, impressionante!

-Sim o pai é fanático e eles também.

-Me impressionou o menino, tão pequeno e com tanto jeito.

-Sim, o João é quase um "surfistinha"!

-Parabéns pela família surfista! digo.

-Obrigada! - diz, subindo a duna, atrás do João já quase no topo.

Boas lembranças esse casal me trouxe.

Saudades daquela época!

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