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Quantos
Anjos
Chico Caninde

Resumo:
Os amores em tardes de Abril.

QUANTOS

Sonhos
beijos
poemas
anjos e folhas caíram no verão?
As balas contra o vento das batalhas nos lugares longe.
Lá longe inda mais longe onde o coração
bate com medo a cada novo amor.
A paixão acumulada no peito
sai fazendo o céu explodir de forma vaginosa
gases e fogos de artifícios parecendo noite de São João.
No mundo só existem alguns santuários
permitidos pelos senhores da inquisição.
Onde ficam confinadas as mulheres
voadoras com suas asas cortadas
proibidas de verem o outro lado da muralha.
Para quem tem medo deste tipo de batalha
o aconselhável é não sonhar.
Purai segue o vingador dos beijos perdidos
pelos bares madrugada afora abrindo os tabuleiros,
pra vê o Xibiu das meninas se abrindo como fulô.
Bem cedinho nos primeiros raios da manhã
Atrás da moita de Aveloz.
- A primeira mijada aquela bunitinha e cheirosa
que sai fumaçando no frio deixando um buraco na terra.
Este cheiro de terra e mijo é só para os animais
sorrateiros com faro especial os passos desses animais
são tão suaves que não machucam nem as folhas do Saputi.
“Como é bunito o amanhecer na minha terra”
                             DIGO
O rosto segue na batalha contra o vento
é perigoso ter gente contando histórias
aos meninos e meninas que ainda brincam de ciranda.
Sobre os mistérios do fundo do poço incantado.
A resistência das flores de aragonito é silenciosa
só os olhos mais preparados conseguem vê sua beleza.
Nos passeios pela cidade vi a bela dama
o que se vê agora é fruto da luta dos navegantes
de tanto amar de peito aberto.
Navego é tempo fechado
o sal e o sol engrossam o coro da cara
de quem fica frente a frente com ondas.
E por coisas tão finas ficamos separados
Nas ruas
Os rostos pingam choram batem no vento
dos que caem nem saudade.
Aos combatentes não cabe piedade passamos a passos largos
de queixos erguidos com o olhar plantado no futuro
Rezando por um fim de semana de sol a pino
reluzindo nas testas.
- Lhes dirão poeta, olha ! -
São sete cangaceiros, cada qual com:
sete espelhos na testa
sete vontades latejando
sete cavalos no galope
sete estrelas reluzindo
são sete chapéus de ponta
o céu é azul só de resistência
aos fumante escapamentos e chaminés
a vontade é azul
o amor é azul
o convite é azul
o rosto é azul.
O estômago ronca só de resistência
a função do grito é empurrar a dor do mal
de amor de amor só de resistência.
Mal de amor de amor de amor a poesia é azul.
Os demônios e seus olhares incarnados
rubi do que mais incarnado pode haver.
Mal de amor é dor na alma nas ruas da cidade
a saudade enche os peitos vazios quando os olhares
seguem na direção do vôo dos pássaros.
O vento do rumo sul prenuncia frio,
as Arribaçães e as Andorinhas planam em vôos de migração.
A gente quando pode n’asas do avião
dona prazer seu patrício gente boa e braba
c'a sua pexera travessada nos quartos,
pur qualquer coisa corta o vento de dia ou de noite.
O pueta não é de briga nem de fritar bolinhos.
Mas ! Nem por isso foge e na astúcia
como bicho bom de faro fica nos calos.
Não é por mim e por ti que qualquer lugar resiste.
S’alegre doce amor partiremos quando o Bacurau cantá
na ora que o Sol acorda, com seu olho vermelho
como se fosse o último bêbado voltando da farra .
Fibra com fibra Cangacero no marco d`mei-dia
canta Cancão do Papo-de–fogo quem vai corre o risco
se torna tão diferente como a paisagem.
O galo canta bunito no terreiro prá buscar o dia.
Os soldados defendem a pátria sem pontos de partidas,
atiram balas que não são de chocolate nos seus patrícios
em defesa das decisões emanadas do teatro de bonecos.
Os soldados de prontidão executam as ordens que receberam;
do Cabo, que não via nada além do dever comprido
do Sargento que não tinha amor pelo mais próximo
do Capitão que escondia as lembranças, dos que fez tombar
do Tenente que não respeita as falas, nem os olhares diferentes
do Coronel que não suporta as pessoas andando aos domingos
do Major que esqueceu como é andar e sonhar sem tormentos
do General que ordenou o cumprimento das leis do bem viver
do Marechal por ele tudo fica como manda o grande "irmão"
de Uoxinton o menestrel brinca com suas marionetes.
O Grã coral canta o coro dos contentes olhando estatelado
para o horizonte sem saber que ali está o bem mirar da liberdade.
Ó grande amor vi refletido na retina do teu olho esquerdo
a passagem daquele Curisco que riscou o céu de madrugada.
- Os poetas por todos os heróis por alguns.-
Mas não se engane doce amor sempre avante coração
o que sai dos olhos são pontas de Baionetas
há movimento dentro da noite fechada
as muralhas não estão distantes
Os Bacuraus na noite têm olhos de vigia,
por isso estamos sempre alerta ao que acontece
no meio do tabuleiro...
Há, grande amor em alguns lugares da América Latina
é noite de sereno pesado é nessa ora que vejo temor
no brilho dos teus olhos.
“Bananas para os Macacos que mataram Lampião”
Aqui a vida é extirpada como se não valesse nada
Realmente nada... Seguro na tua mão
me guio pelo som da tua voz.
É noite fechada o tempo ainda é escuro nas entranhas
da América Latina.
A poesia reluta no tempo dentro do turbilhão
permanecemos aquecidos ergue-se o verso noutra dimensão.
Dentro do poema o tempo reluta permanecemos esquecidos
ergue-se o inverso noutra divisão os soldados passeiam pelas ruas.
Pálidos apáticos na solidão desesperada dos iguais.
Prendem o home que veio de longe
E longe deixou...
Maria
Rosimiro
Aldagisa
Dilma e Ilma.
Derrepente tava preso
Ainda assim canta seu requiém
“Seu dure
Seu disordeiro
Meu mestre
Meu companheiro
Tô preso
Tô amarrado
Na oras de Deus amém
O mestre que me prendeu
É de me soltar também”
A vontade istala no peito quem pula sabe o tamanho do saculejo
O poema num é manero viver na cidade as vezes
se parece muito com lamboradas de Chibata- reio- cru.
Açoite nos pinhaços de quem navega.
Entre tantos e tortos e apesar de tudo hipotecamos solidariedade
aos mortos das guerras insanas do outro lado do mundo
onde a pele é tirada com dioxina e os aviões não despejam ovos.
Só isso e nada mais poraqui sentimos muito.
Quando as mãos ficam frias os olhos perdem o brilho
pela terra pela vida vão-se tantos
Raimundo Albertos Jeremias
Enfim tantos camaradas e camaradas, são ceifados
em teu “berço esplendido ó pátria mãe gentil”
todos tão próximos e tão longe.
Os estrondos acima dos mais altos céus
Vez enquando meu amor grito pôr ti
no meio dessas ruas lotadas.
A solidão é como a cangaia no burro estamos em pé de guerra
vejo bem claro há temor no brilho dos teus olhos.
Se queres o que não quero isso é subversão.
Discordar de Deus não é coisa boa
perguntamos assim como se fosse para um grande amor.
Porque?
Porque?
Porque Deus deu seu filho
como se fosse a coisa mais sem valor.
Para morrer depois de tê-lo sentado
do seu lado direito e sem misericórdia o deixou
A própria sorte para salvação da terra.
Somos oprimidos por uma coisa
que não pedimos mas DEUS nos “DEU”.
Hoje carregamos este imenso pecado.
E sabemos Incrível grande amor
que tudo não passou de uma farsa.
É no fim Deus sabias que ele ressuscitaria
Faz parte do jogo somos escravos da crença.
Tais vendo ó grande amor como se dominar uma manada!
A vida não tem importância para que é eterno, onisciente
onipresente pelo medo de não aparecer.
(Deveras precisa de um psicólogo para encarar a criação).
A poesia continua sem trégua teus óios
que a ói do jeito que quiser um grande beijo doce amor.
A poesia tem sua responsabilidade o poeta suas imprudências
faz parte da natureza ser imprudente.
A manada segue na chuva enquanto os aviões ficam protegidos
e os pilotos arrotando Coca-cola.
Sabemos que a estrutura do tempo
faz com que o poema transcenda o poemador
É uma pena que o papel higiênico não seja vermelho
amarela terra ou verde
Quando esta quase tudo pronto
- alguém bate a porta ( toc. toc.).
ou toca a campahia (dlin, dlon)
se for moderna tocara “É Pur Luise”
mas se for daquelas antigas, que mais parece
com choro de menino ranhento (ré ré ré ré ré ré).
Antes de escuta o motor do carro partindo
Abra a porta olhe para o céu e suas estrelas
Como qualquer fera teimosa e todo o seu carinho
Tua força
Tua alegria
Tua vontade
Colocada num único grito
Grite com a maior força teu maior grito.
Antes que o carro esteja fora de alcance
Grite te amo só de resistência.
Quero tudo Deus inclusive que não só os aviões
tenha casas para se protegerem da chuva.
Mais acima de tudo o conforto dos teus braços.
Ó grande amor na confusão da cidade
os prédios não são perfeitos
e guardam amores imperfeitos, na cidade bem construída.
Na confusão dos abraços, na pressa do viver...
Egoísta – Digo – Não quero teu adeus.
Como o mar no puxo e no repuxo um até breve dói muito.
Inda quero mais coisas e muitos beijos,
no cangote suado da morena
Trago guardado um desejo a sete chaves
Sentir teu cheiro na primeira brisa da manhã.
A teimosia e a vida nos seus momentos breves
são como bolas de fogo incandescente.
A teimosia leva os sete cavaleiros
nos setes cavalos vuadores.
Teimosamente segue sete cavaleiros
prá sete lugares diferentes
Sete caminhos
Sete estradas
voltamos sete navegantes dos sete mares, navegados.
Sete marinheiros de céu e de mar.
Os olhos de cima do despenhadeiro alumia o caminho
o cavaleiro grita firme
– Quem vem lá?
- É o diabo.
- Tão pode vir
Puxa o cravinote e pula de banda
“Bota fogo na panela
Rela Rita,
Rita Rela
Inda tem cão dentro
Inda tem cão
Bota fogo na panela
Rela Rita
Rita rela
Inda tem cão dentro
Inda tem cão.”
É triste vê um boi morrer a lança pode mais que o peito
bate, fere e fura sem dó range o ferro no osso
óleo quente jorra das engrenagens.
Escuta-se um mugido grito profundo como quem já vai s’mbora
num combate desses adeus é coisa para quem não tem coragem.
A bala entra furando a pele branca negra morena
mostrando a carne branca vazando o sangue incarnado
dos combatentes de treta e tutano, Canudos resistiu assim
homem a homem que não era Boi se foi já deixou de ser
de arrasto carregador de sela.
- E tudo por fé em Deus dá pra acreditar ó grande amor?
Sabe quantos rostos e mãos tremulas
iam para o exílio naquele trem?
Quantos não ficaram dizendo lá vai meu grande amor.
Quantos iam dizendo deixei meu grande amor.
Quem parte chora quem fica nem sempre sorrir.
Quem vai nem sempre chora.
O Sol aumenta o calor de quem esta partindo
zabumba no peito uma coisa – desespero.
O oceano corre em bicas pelos riachos dos olhos.
Mirar-te fica cada vez mais difícil na medida
em que o trem se afasta.
Só lembro das brincadeiras nas tardes do Alecrim.
Quando o sol cansado ia se pondo vinha os Mateus,
os Biritos e Catirina, na roda de dança lé lê,
os meninos as mulheres enfim todos ao redor do Boi Calemba.
Pulando e cantando:
“Qui foi Qui foi meu Jaraguá.
O bixim é bunitim e nós vamos passear.
Joga a sorte joga a sorte Jaraguá.
O bixim é bunitim e nós vamos passear“.
Ali nos arrabaldes inda deve ter gente contando histórias
do que aconteceu no16 RI (regimento de infantaria)
e no 16 RO (regimento de obus).
Lembrando de quando a bandeia incarnada,
com uma foice de cortar cana e um martelo de sapateiro,
foi pendurada no mastro da prefeitura de Natal.
A batalha foi perdida no caminho de Caicó.
Lembrem-se a batalha foi perdida mas o sonho não!
Os sonhos não se acham em beira de estradas
os sonhos e os poetas vão pelas estradas
as estradas e a vida são frutos dos sonhos
quando a estrada e a vida muda já é outro sonho.
Os rios mudaram de cor e de curso
os amores de cara e cabelo
os olhos não são tão melosos
as palavras não são tão doces e cheias de afetos.
Os carros mudaram de forma cor, marca e modelo
a rua mudou de trajeto não é mais a mesma rua.
O sonho mudou já não é mais o mesmo sonho.
Os sonhos mudam ficam sonhos diferentes,
mesmo sendo sonho que foi sonhado coisa de sonhador.
Senão é outro sonho.
Os que temos pelo caminho deveras são só lembranças
pedaços de sonhos das reuniões dos solitários da Cidade alta
que vagavam pelas madrugadas até a Ribeira onde se encontravam
com os boêmios da Quitandinha.
É sonho querer saber?
“Quantas estrelas tem no céu
quantos peixes têm no mar
quantos raios têm o sol?”
Dance a dança da iluminação como uma dama da noite.
É de Caxangá É de Caxangá É de Caxangá
os de Caxangá se meteram nas brenhas dos tabuleiros
enfrentado os Carrapichos perigosos
na escuridão da gruta incantada
tudo pelo amor de Catirina
que me espera na sombra da Mangabeira
perto da confluência das águas
onde são amarrados os amantes eternos
e os Cabocos d’água brincam com as Iaras
mãe das águas de pele morena e passam suas tardes
em grandes conversas com fulozinha
rindo dos amantes que ficaram na partida do trem
e dos que foram nos trilhos infinitos
como se fossem para um mirar sem fim.
Onde os amores são separados, como se fossem as águas
da terra do mar do ar e debaixo do chão
não tocamos e não podemos beber
os amores expulsos do paraíso
são transeuntes que correm os perigos do transito
nos labirintos das ruas da grande capital.
Coisas assim tão longe prá lá do fim
dos lugares conhecidos muito longe.
Tão longe que é difícil de imaginar
“Quem magina cria medo quem tem medo não vai lá”.
- Pra essas coisas tem que ser cabra de peia
o caminho é alumiado com o fogo do pescoço da Mula–sem–cabeça
lá pelas profundezas das grutas incantadas
silencio só é quebrado pelo som do chocalho
no pescoço da Mula tengo-lengo tengo-lengo–tengo
tralálá tengo-lengo - tengo-lengo-tralálá.
Indo cada vez mais fundo nas grutas incantadas
prá vê se via um navio do outro lado de lá do mundo
cortando as ondas do mar.
Sabe quantos sonhos foram sonhados
pelos solitários da Cidade alta?
Só pelos prazeres de pintarem suas casa de amarelo.
(Não era a cor que Deus queria.)
Todos iam nas rodas das ruas da cidade.
Passando com o bloco do frevo - rasgado
na frente da igreja na ora da missa.
(como diz o padre cada qual com sua oração)
Rodamos por tantas festas rodamos na vida
rodamos pelo vento nas rodas das saias das moças
ao redor das fogueiras.
Sob a luz do luar luaceiro roda de lua.
Rodas de cirandas
só dá prá lembrar dos cachos da Pitonbeira.
Lá de cima prá todos os lados infinitos e nada do grande amor
o Sol ia beber água junto com os pássaros
que só consegue voar com ele.
E dormir com a lua quero vê o Boi surgir
nas rodas de uma Calembada na dança da ressurreição
vai cavalo e cavaleiro cortando a Macambira.
Mula Biritos Mateus e Catirina
três caras mascaradas
três coisas que não se vê
três sorrisos escondidos
Que venha de lá lança laçada e lanceiros.
A ponta do aço nos ossos
Sete estocada
Sete cortes
Sete quedas
Sete levantadas.
Do Boi que nunca foi arrasto nem carregador de sela.
Nem de fazer vergonha prá ela e prá São João.
Neste mar de carro vamos de cavalo Marinho
enfeitado de chita e fitas coloridas na cabeça
dançando na frente das casas.
Quem vem de lá de longe ouve a pisada do Xote marcado
é sinal que o nego Shimba faz a marcação da dança
coisa assim Xote marcado dança de cabra danado
a pueira subindo a sanfona comendo solto
o tambor parecendo o grande amor batendo o coração
é um passo dois passos tum a morena tá suada.
O nego Shimba marca a dança aos Sábados
nos bailes do Carrasco ouve-se as pisadas
de marcação e de longe já dá um nó na garganta.
Esse nego é mancinho mas não foge da raia
com um ou mais de um tanto faz, dança de roda
de pernas a meia lua salto mortal bicho ligeiro
de treta e tutano Shimba, reluz no sol
de noite é nego que não se vê mais não s’conde e dança
fazendo rodas nas ruas da capital.
Purai segue os sete cavaleiros
Com sete estrelas nas testas
sete destinos
sete pensamentos
sete caminhos
sete vontades
sete sonhos incantados
sete caminho desconhecidos
do nascer do dia ao romper da aurora
Fora da manada segue os sete cavalheros
libertando os territórios onde Deus não manda mais
aumentando o numero de anjos renegados.
Os sonhos continuam por te e por nós ó grande amor
olha o Boi deixa o Boi berra Boi
Grita os de lá
- É de Caxangá
- É de Caxangá
É de Caxanga joga a sorte joga a sorte Jaraguá
que o boizim é bunitim e nós vamos passear
lá vem o grande amor c’a bandeira
o boi chegou e vai procurar estrelas
dança dança minha mula que prá todo mundo vê
dança dança minha mula que prá todo mundo vê
que o renego dessa mula não pode com nós dois
Na dança da libertação nem boi nem ninguém sintrega
Quem não é de sela não vai ser de arrasto
Lá vai o boi dançar noite afora Mateus, Mula e Biritos e Catirina
roda da lua luar luaceiro na noite buscando o dia
no cantar do galo o boi vai rompendo à aurora
O grande amor chora coração despedaçado
o sol lumiando o terreiro, nas rodas das saias
batuca meu coração a dança do Jaraguá com o boi calemba
O tum tum os compassos de carinho nos seios do meu bem.
Nos compassos da Calembada
(é de caxangá é de caxangá é de caxangá)
A dança s´acaba quando a lua vai pra prisão do dia .
A dança dum Boi- calemba é chave de prisão.
A moça linda fica c´a chave do coração
A partida é uma coisa perigosa é olhar para o infinito
depois das estrelas.
A ultima das belas conhecida viu a pancada seca da bala
dos que tombaram por te e por mim.
– Ó grande amor mesmo assim não foi dessa vez
que paramos de perguntar de forma mais teimosa e profunda:
Quantos sonhos e poemas profanos foram ditos?
Quantos corações foram destruídos por viverem um grande amor?
Os sobreviventes das batalhas anjos e folhas que caíram no verão
as paixões acumuladas foram condenadas
porque correram no fino fio da desobediência
em querer vê o arco-íris como as mulheres vuadoras
que tiveram suas asas cortadas, proibidas de saírem do santuário
e vuarem para além das muralhas.
É noite na América Latina vejo temor no brilho dos teus olhos.
Quando o trem do exílio partiu?
Viu as marcas dos que voltaram?
Vale sonhar doce amor essa batalha não tem fim
os pássaros noturnos em vôo de migração
parecem que se dirigem a lua
os diurnos parecem que vão em direção do sol
os aviões escondem-se nas nuvens
o trem vai trilho afora no rastro da coluna prestes
quem nunca foi de arrasto nunca vai ser de sela
ou vai ou tora ou se arrebenta
mas não larga o miolo da raiz da Manipeba.
Como todos os temores que separa nossos caminhos
por retas andamos sozinho durante longos anos
em caminhos paralelos encontramos os espíritos
que voltam das guerras e os olhos parecendo riachos de salobros.
Fiquei no porto sem ter pra donde navegar
o navio vai adentro do mar sem fim
quem fica não sabe se ferra a mula e vai procurar o castelo
incantado no meio do raso da Catarina,
que aparece só um tiquinho
no fim de uma tarde de um dia de Abril.
As flores da noite são altas e tem um brilho prateado
aponta-se com o dedo aquela mais brilhante
onde s´pruma os olhos do grande amor.
É dia e as coisas que mais quero e que sempre nego são
moedas do reino do sol e os segredos sussurrados
nos caminho de Barra de Maxeranguape
os descrentes andam por uma estrada sem fim
quem duvida marca o passo ou pega um carro
e deixa a manada na poeira.
Saber desobedecer é ter a paciência
de observar o que aconteceu neste dois mil anos.
Só o tempo fará com que o cangaceiro vingador
dos beijos perdidos pelos bares e madrugas
a fora se curve encima de uma boa cama
onde todo guerreiro descansa sem dizer amém.
Entendeu grande amor porque há temor no brilho dos teus olhos?
Por medo de uma coisa que não se pode vê
vale sonhar com o acocho dos teus braços
o cheiro do perfume das flores de Açucena no teu suor
faz supor que: o que existe entre a terra e a estrela
mais distante é a Galáxia bebedora de luz
fazendo com que tu estrela morena agrestina
a pareça assim de forma refletida multiplicada
pela luz que volta da Galáxia criando falsas estrelas
mas o olhar matreiro do astrônomo, sabe o que é o fogo fátuo.
E vê a estrela na escuridão do céu profundo.
O amor é coisa assim invisível só prus animais de faro acurado.   
                     - Por isso digo -
Te perdoou Deus por me teres amado assim.
O santo engano nosso de cada dia é trazer uma marca no peito
E ter de saber que em teu nome destruíram
tudo que o povo de Montezuma construiu
e mesmo assim corremos perigo e contamos histórias
para os meninos e meninas.
Em todo fim de tarde sentimos o vento manso de Abril
e sabemos o quanto é difícil olhar pro mar e não vê navios.
Tomando café de Mangirioba é Abril, balance a rede grande amor
Olhe curva do mar com seu olhar mais profundo
quando quase já faz escuro no horizonte.
Acendemos a luz da vela de cera de Carnaúba
e digo não temas doce amor, mesmo estando neste ponto
da América Latina debaixo da sombra dum Juazeiro.
Os amores as coisas e a vida são novelos
de fibras inteiriças de carne dos corações
que não se desenrolam com facilidade.
O destino corre como um bicho solto
desses que não se coloca cabresto.
As cores que são sete cada uma misturada sete vezes
de sete forma diferentes, em todas as sete tentativas
ficavam cada vez mais indefinidas as cores dos teus olhos
difícil como um lilás - furta – cor
as lembrança são tecidos finos
assim como lençóis de Cambraia.
Nas sete noites, passaram sete luas
flutuando acima do tabuleiro
a ultima visão da noite perto da gruta incantada.
Onde a besta-fera vive com mil e seiscentos Diabos.
Sagitário guarda a entrada com sete setas
perto das sete fogueiras onde são feitas as sete danças
para desvendar os sete segredos.
O Europeu, não entende o significado e teoriza tentando
decifrar nossos signos.
E, na confusão das cores do nosso Boi- de- reisado
ficam abilolado olhando as estrelas
Pensando que o céu é chapéu de cangaceiro.
Acaba não entendendo que o tempo e o destino
são traçados com sete barros pra fazer sete moradas.
Os símbolos e seus significados são decifrados
debaixo do pé de cajueiro de sete copas
onde as renderias tecem o tempo
das sete órbitas dos sete planetas .
As Ubalhas são azedas o desejo e o prazer, são cegamente doces
e mesmo assim não mata a vontade
de beber da água das sete cacimbas misteriosas.
Entendeu grande amor porque há temor
no brilho dos teus olhos!
Enquanto os anjos tombam como folhas
depois de cada beijo desferido no verão.
É inverno e os pássaros batem as asas
a procura do calor do Sol.
No rumo sul vai teu olhar migrante temeroso.
Deveras os covardes não são assim
Não sabem o que é o rumo sul
Anjos caídos depois de cada beijo
Um grande amor e seus pecados
Olhar para o mar e não vê navio ou sequer sentiram
no rosto a brisa das batalhas nas tardes de Abril.


Chico Canindé 10.06.02


Biografia:
Francisco Canindé da Silva. Em Artes Chico Canindé. Tenho minha vida ligada as artes, teatro desde o começo dos anos 70.Nos oitenta comei a desenvolver a po-Ética d´s´águas e o teatro d´s´águas.Por fim acabei criando o concieto de hidrocidadania po-Ética d´s´águas teatro d´s águas hidrocidadania. Este é meu isntrumento de trabalho. vejam o blog http://hidrocidadanianpteatrodsguas.blogspot.com/
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