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O CAVALO DO DUQUE |
A Minha Época de Estudante |
Bete Bissoli |
Resumo: Estávamos em pleno regime militar! |
O CAVALO DO DUQUE
Texto: Bete Bissoli
Tenho várias histórias pra contar da minha época de estudante no Colégio e Escola Normal Estadual José Abilio de Paula, o JAP. Vamos a uma delas. Fiz o Curso Normal no JAP, quando o prédio era no centro da cidade, onde hoje é o prédio do Fórum. O curso tinha a duração de três anos e era para formação de professores. Eu gostava das matérias do currículo, mas sempre fui péssima na matéria principal: a de aulas práticas. Em toda aula prática, “me estrepava”.
No fim do curso, na derradeira prova, com a tarefa de dar uma aula prática para uma das classes de crianças do segundo ano primário do Grupo Escolar Gustavo Teixeira, o GT, lá fui eu!
Tema da minha aula: Duque de Caxias, o patrono do Exército Brasileiro. Como não tinha preparado material algum para dar a aula, fui ao porão do GT, onde eram guardados os cartazes com estampas de personalidades importantes dentro da história do Brasil, peguei um cartaz com a figura do Duque de Caxias para ilustrar a explanação e fui pro “cadafalso”. Era visível minha falta de talento para dar aula! essa, por sinal, foi a última vez em que dei aula na vida!
Todos os meus colegas de classe e a minha professora (uma fera!!!), em pé, no fundo da classe, começaram a assistir, estarrecidos, minha “performance” como futura professora! Eu sentia um clima estranho no ar! As crianças pareciam rir pra mim... Ou seria de mim...?
Meus colegas, num misto de aflição, susto e riso mal contido, sem que a professora percebesse, começaram a me dar sinais com as mãos, logo no começo de minha explanação.
Eu olhava para eles, interrogava com os olhos e eles faziam sinal com o dedo indicador voltado pra baixo. O que seria? passei a aula toda me perguntando... Será que eu estava ensinando alguma coisa errada para os alunos do GT?
A pergunta só foi respondida quando minha prova prática terminou: eu havia ministrado a aula toda com o cartaz do Duque de Caxias de ponta-cabeça. E a aula valia nota, claro! A nota derradeira! E, pior, estávamos em pleno regime militar! Juro que não era uma afronta ao patrono do Exército Brasileiro! Era distração mesmo!!!
Para terminar a história, não fui reprovada! Acho que a professora ficou com pena e me deu a nota suficiente para eu tirar o diploma!
Só não sei, até hoje, como não levei um merecido coice do cavalo!!!
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Biografia: Bete Bissoli
Compositora paulista premiada em vários festivais de MPB, é uma cancionista. Em geral faz melodia e letra, mas tem algumas parcerias.
Teve desde criança influência das reuniões realizadas na casa de seus pais, em São Pedro, onde rolavam chorinho, seresta, música de raiz e os sucessos da época áurea da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A música internacional também fez sua cabeça. Mais tarde, foi fisgada pela bossa nova.
Em fins de 80, foi aluna de violão do compositor e arranjador Hermelino Neder, que a incentivou a mostrar suas canções.
Participou de festivais como FAMPOP, em Avaré (primeiro lugar com o choro-canção Ela, em parceria com Ítalo Perón); Festival Nacional de MPB do Carrefour, (primeiro lugar, com Nada a Ver, de sua autoria); MPB de Rio Claro (segundo lugar com Trenzinho Lento, em parceria com Carlinhos Veronezi) e finalista do Viola de Todos os Cantos, da EPTV (afiliada Globo), em 2006, com Alma Pantaneira, parceria com Carlinhos Veronezi, e em 2007, com Sou Violeiro e Cantador, dela.
Tem músicas gravadas por Sandra Pereira, pelas duplas Lorito e Loreto, Moacyr e Sandra, Mazinho Quevedo e Soraya Ravenle.
Sua marchinha Pra Carmen, uma homenagem a Carmen Miranda, interpretada pela cantora e atriz Soraya Ravenle, foi a campeã do II Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas da Fundição Progresso/Fantástico, no Rio de Janeiro. A música faz parte do CD As Melhores Marchinhas Carnavalescas do Carnaval 2007, da Som Livre.
Jornalista, Bete dedica-se também a pesquisas e criação de projetos musicais. O show Paulicéia Musicada, de sua autoria, desde 2001 vem sendo apresentado pelos cantores Moacyr e Sandra e em 2005 fez parte da Agenda Oficial das Comemorações dos 450 Anos da Cidade de São Paulo.
Em junho de 2010, Bete Bissoli participou, com outros compositores, músicos e cantores da cidade de São Pedro, SP, do show Música, Poesia e Amigos, projeto aprovado pelo Proac (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo). Em 2013 esse musical foi reapresentado em cidades do interior de São Paulo.
O repertório de Bete passeia, sem preconceitos, entre o elaborado e o simples, o lírico e o contundente, o tradicional e o moderno, o nostálgico e o bem-humorado, o rural e o urbano. “Eu amo fazer música. Compor, pra mim, é respirar”, diz ela.
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Publicações de número 11 até 13 de um total de 13.
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