POR QUE PERDÃO?
Comumente ouvimos alguém dizer:
_ Quem perdoa é Deus, quem sou eu para perdoar?
_ Eu perdoei, mas não esqueço o que me fez e não quero perto de mim.
Deus nos ensinou a amar o próximo como a nós mesmos, porque ele queria nos mostrar que aquilo que tanto aponto no outro, eu também posso fazer em um momento impensado, e aí?
Em que eu me diferencio do outro?
Quantas vezes já pedimos para o outro:
_Esquece, falei sem querer.
_Vamos conversar, me desculpa.
_Me perdoa, volta para mim.
_ Não fica com ódio de mim, por favor.
E aí, o seu perdão, o seu pedido de desculpas, está no poder do outro, o que será que ele fará?
O que é perdoar?
Esta palavra é muito forte, pesada e definitiva e precisa de um entendimento maior para tal.
Vamos lá, um pai pedófilo, estrupador, uma mãe relapsa que abandonou o filho, o assassino do seu filho, quem te fez “saco de pancadas” uma vida inteira,...
E agora, como agir?
A dor é tanta que parece que o coração vai explodir, não nos imaginamos capazes de perdoar, mas a situação já existiu ou existe, não há como mudá-la, precisamos aceitar ou enlouquecemos.
Como aceitar?
É forte, pesado, mas não tem outra alternativa, senão a de aceitar, a vida tem de continuar apesar de.
Qual o caminho?
Reviver toda a situação nos mínimos detalhes, por mais que doa, quantas vezes forem necessárias, nestes momentos chore, xingue, bata mentalmente e depois crie uma bolha em sua mente e coloque a situação com todos os envolvimentos, faça isso diáriamente, fale com esta bolha, encare as pessoas que estão dentro dela, fale com elas, mentalmente, tudo que sente vontade.
Depois deste desabafo, olhe-se no espelho e diga bem alto, eu mereço ser feliz, este ser que me estrupou, matou meu filho, violentou a minha família, ele é um infeliz, eu tive a oportunidade de conviver com quem eu amei, como será que ele está agora?
Continue o seu trabalho de desabafo mental e se pergunte e ouça a resposta que o seu coração lhe dará:
_ Eu poderia ter evitado o que aconteceu e não evitei?
_ Eu “empurrei com a barriga”, eu fingi que não estava acontecendo nada, eu fantasiei, “endeusando” esta pessoa, achando que ela não seria capaz de me magoar?
Ouça as respostas e não se culpe, não temos o controle de tudo, os nossos pais, filhos, também são imperfeitos, cometem erros, não posso impedir que num momento de raiva, de desvio de caráter, me violente, mate o meu filho,...Como vou fazer isto?
Coloque toda a sua dor nesta bolha e chore, coloque para fora e deixe esta pessoa ir, solte-a, a liberte e se liberte.
Quando menos você esperar, a dor se foi, o seu pai pedófilo, o estrupador, o assassino do seu filho, o seu companheiro violento, foi. O que ficou foi o sentimento de alívio, não se sinta suja, covarde por não ter tido forças para reverter a situação, culpada por não ter enxergado o que estava acontecendo ou para acontecer, não pense que sua vida acabou.
O sentimento do perdão já começou a brotar e você nem percebeu.
Começa pelo alívio, pela aceitação do que não pode ser mudado , da recuperação da sua autoestima e apoio ao seu ente querido que foi prejudicado, oração pelo criminoso, assassino e por quem você perdeu.
Tudo demanda tempo, fé, foco na vida, gratidão pelo conforto que recebe ou recebeu de terceiros, fé muita fé, não querer se vingar, não cometer suicídio.
O perdão já está instalado. Perdoar não é esquecer, fingir que nada aconteceu, que a dor não existiu, é não sentir a dor da mesma maneira de quando tudo aconteceu, é sentir que está havendo aceitação do que não pode ser mudado.
Oração da Serenidade:
_Senhor, conceda-me a serenidade necessária para aceitar o que não pode ser mudado e mudar o que eu posso, discernimento para diferenciar uma situação da outra.
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