É quase impossível não se admirar com a mitologia grega. Como esses mitos compõem grande parte da história do Ocidente, acabamos de um modo ou outro inteirado sobre eles. No cinema, na literatura, nos jogos eletrônicos, heróis e criaturas sobrenaturais continuam a viver grande aventuras. Muitas vezes, esses mitos são reconstruídos, mostrando diferentes nuances sobre as mesmas lendas.
Confesso que me interessei mais por mitologia grega depois de assistir a Cavaleiros do Zodíaco na Band. Mitologia grega e astrologia eram o mote do anime. Depois de entrar em contato com essa série, passei a ler a Ilíada, a Odisseia e tantos outros livros que tratam de mitologia e história das religiões. Quanto mais aprendia, mais queria me aprofundar sobre o tema.
Outra grande obra que aborda a mitologia grega de modo fascinante é a série de games God of War. Protagonizado pelo deus Kratos, depois de perder família e prestígio, ele decide se vingar dos deuses numa escalada de morte sem precedentes. Na literatura, temos a série Pierce Jackson e os olimpianos, de Rick Riordan, chegando ao cinema com boas adaptações. Encantou o público e tornou a mitologia grega ainda mais incrível.
Nessa mesma esteira, a Editora Cartola se propõe a reviver o fascínio de mitos e narrar contos em novas perspectivas, dando-lhes um caráter moderno. A antologia Olimpo, deuses, heróis e monstros reuniu contos de 34 autores, mais um conto do editor Rodrigo Barros, com histórias que ora se passavam na Grécia Antiga, ora no período contemporâneo. Uma ótima seleção.
São trinta e nove contos, divididos em mais de 190 págs. Esses contos apresentam ser mais sintéticos do que o da antologia anterior, O Encontro dos Mundos Fantásticos, mas, geram muita discussão, pois as temáticas foram muito bem exploradas pelos contistas. Como é uma antologia muito longa, com muitos contos, farei do mesmo modo que das vezes anteriores, vou analisar os dois melhores contos e os dois que menos gostei.
Lembro sempre que essas escolhas são subjetivas, não são uma verdade universal. Ao ler, você leitor, você leitora, terá uma visão mais apurada e poderá concordar ou discordar da minha opinião. Isso é sempre bem-vindo em minha cabeça, assim poderemos desenvolver uma discussão literária. Eu sempre recomendo a leitura, mas só você deve decidir se ela deve ser realizada ou não. Partamos para a análise.
Dos contos que que eu mais gostei, seria impossível não tratar de Amor sem sentido de Vitor Macário. Esse conto apresenta uma história de amor trágico, e o modo cruel como os deuses gregos podiam tratar os humanos. Digo isso não só pela impiedade de Zeus, mas pela maneira como Afrodite tratou seu amado, mero objeto. Não acho que ser imortal e insensível é uma boa, entendedores entenderão.
O segundo conto na ordem de preferência merece destaque por duas razões: conseguiu unir dois personagens marginalizados e fazer um ótimo debate sobre exclusão e preconceito. O garoto e o minotauro é uma daquelas obras que se apresentam despretensiosas no início e depois, vapt! Te fazem questionar coisas profundas, que as vezes, por se apresentarem dolorosas, acabam sendo negadas.
O conto que eu publiquei nessa antologia foi A desolação de Argônios. Argônios era o príncipe de Ástiras, uma ilha mediterrânica. Ele era um dos argonautas que viajava com Jasão em busca do Velocino de Ouro. Mas devido aos grandes desafios da aventura, retorna a sua terra natal para assegurar o trono. Entretanto, em Ástiras, ele descobre que seu reino se tornou uma tirania. A trama daí para a frente ganha tons dramáticos.
Dos contos que eu menos gostei, eu diria que Espectros da morte de William Eugenio. É ruim por soar uma leitura cacofônica. Não entendi quem era e quem fazia o que na trama. Fora que para mitologia grega, começar o conto falando de espadachins chineses viajando no tempo soou disfuncional na trama. Não sei se com mais páginas a coisa ia melhorar. É uma leitura confusa. Como não entendi o objetivo, não gostei.
A vingança da pequena princesa, de João Solano, começa como uma grande aventura tipo RPG, mas que no fim se mostra uma obra de humor pouco frutífera. No começo eu até gostei da história, a protagonista é uma princesa que sofre de nanismo e é afastada da linha sucessória, e, por uma série de coincidências, se torna amiga de monstros que querem acabar com os deuses do Olimpo. Ótima premissa, má execução. Até agora não entendi como o paradoxo poderia prejudicar o Olimpo.
O livro é organizado pela antologista de carteirinha Janaina Storfe. O livro apresenta ótimos contos, principalmente na metade final do livro. A capa é incrível, Hércules puxando o Cérebros pela coleira é impagável! Rodo merece parabéns pela capa. O livro tem orelhas, miolo em Pólen 80 gm2 e capa cartão 250 gm2 com laminação fosca. A diagramação e a sangria das páginas são muito confortáveis de ler. Acesse e adquira:
https://loja.cartolaeditora.com.br/olimpo
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