Difícil sobreviver quando
todas as palavras
querem te fazer morrer.
Difícil manter-se em pé,
segura, sem debulhar-se
em lágrimas se você
mais uma vez descobre
o que já sabia:
Que os pêndulos da vida
já te marcaram como
sozinha das horas
e tua vida está
destinada à morte
por mais que faça,
por mais que lute para viver.
Difícil sobreviver e suportar a dor
quando você descobre
que te acham indecisa,
e que por mais que faça,
nada mais podes fazer para viver,
pois é um círculo que te faz morrer.
Difícil sobreviver, aceitar
que para ti tudo será dor,
tanto a chegada como o ficar,
que não adianta mais voltar
e não adianta mais seguir.
Difíci sobreviver quando
só te enxergam como
um jazigo perpétuo
de lembranças
que não voltam mais
e nada mais.
Difícil sobreviver quando
te mostram que estás
abrigada num jardim
sem justos, sem apartes,
sem segurança
e sem fundamentos,
fazendo-te rodopiar
por entre teus
próprios dedos.
Difícil sobreviver quando
só caminhas por entre
os espinhos
que não calam
e te desorientam.
Pergunto:
De que adianta adquirir
o sentido de mulher
no queimar do sol
e nas lágrimas
derramadas
nas noites pálidas.
De que adianta dividir
o coração com o mendigo,
não refugar o próximo,
a visão do mar,
a festa do natal
e a reserva de amor,
se só resta pra ti
o pensar no grande
amor que só
passou perto
como o vento
de ontem.
Assim, na última canção,
na última palavra,
fica a dor e a escuridão.
Lamentos!
Não há saídas!
Tudo é perder!
Decerto,
Para mim,
lírio do vale,
o destino é morrer!
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