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UM OLHAR SOBRE A SEXUALIDADE: GÊNEROS
Flora Fernweh

A sociedade mundial atualmente, está dividida em diversos gêneros sexuais além do feminino e do masculino. Gênero é uma categoria relacional que considera as diferenças biológicas entre os sexos, reconhece a desigualdade, mas não admite como justificativa para a violência, para a exclusão e para a desigualdade de oportunidades no trabalho, na educação e na política. É um modo de pensar que viabiliza a mudança nas relações sociais e, relações de poder. Existem mais de trinta gêneros que são, muitas vezes, ignorados e até mesmo rejeitados. Há muitos métodos que nos informam a respeito disso e de como esses subgêneros são vistos na sociedade. Diante disso, a questão desta pesquisa, é: como o espectro de gêneros explica e influencia a sociedade mundial atual?
     O espectro de gêneros é uma escala cromática variável que inclui espectros mais específicos como espectro de agênero, espectro multigênero, espectro neutro. Os gêneros não-binários (tudo que não é exclusivamente relacionado à mulheridade ou à hombridade), são classificados como outrogêneros. Gênero também pertence ao espectro de gradiente de gêneros, assim como o espectro da luz visível que contém todas as infinitas tonalidades de cores. A cultura ocidental divide e padroniza esse espectro de gêneros em somente dois gêneros legitimados (feminino e masculino), enquanto que há outras culturas que o dividem em três gêneros ou mais.
      Os objetivos com a pesquisa, são: aprofundar para melhor compreender como a sociedade encara o espectro de gêneros e como ele pode ressaltar informações importantes aplicadas até mesmo em nosso próprio cotidiano; ampliar o conhecimento sobre gêneros, interligando-os às polêmicas mundiais recorrentes e à história da humanidade e sua evolução, considerando como princípios, os diferentes tipos de gêneros e, desmistificar quesitos abrangentes relacionados à opção sexual, que ainda hoje, mesmo com a influência da mídia, são, muitas vezes, considerados inadequados e errados, e contribuir, quebrando essa barreira racista e inverídica.
      É importante pesquisarmos sobre o espectro de gêneros e sua influência na sociedade em geral, pois o tema gêneros, é hoje em dia muito polêmico por tratar aspectos individuais conectados com a sexualidade e opção de vida, além disso, é de fundamental importância compreendermos sobre as diferenças que estão em muitos casos, explícitas, mas perto de nós e a grande diversidade de gêneros sexuais, para que possamos assimilar e comparar com nosso próprio gênero, entendendo sobre nossa inserção como seres humanos em uma sociedade, ainda preconceituosa em relação a isso. É essencial que nos aprofundemos também, em um método eficaz como o espectro de gêneros que aborda questões ligadas à ancestralidade, e à identidade pessoal, para absorver as ideias acopladas de diferentes perspectivas.
Espectro é o nome dado para a visão de uma imagem considerada ameaçadora ou fantasmagórica, porém essa palavra se diferencia de acordo com interpretações e situações em que a empregamos. Já na visão da física, espectro é a junção de raios coloridos formados pela decomposição da luz. O espectro de gêneros pode ser considerado um método de agrupamento sexual, representado por diversas cores, cada uma simbolizando um gênero, ou seja, é um indicador de identidade diante de uma sociedade diversificada.
   Nossa sociedade atual é composta por inúmeros gêneros sexuais, que, segundo Alves e Pitanguy (1985), “são uma construção sociocultural, que atribui a homem e mulher papéis diferentes dentro da sociedade e depende dos costumes de cada lugar, da experiência cotidiana das pessoas, bem como da maneira como se organiza a vida familiar e política de cada povo.” De acordo com a Enciclopédia Barsa, gêneros influem na própria gramática portuguesa, referindo-se ao masculino e feminino.
   Podemos citar: feminino e masculino (gêneros binários), Agênero, Bigênero, Cristaline, Demigênero, Genderflux, etc (gêneros não binários, ou seja, identidade de gênero ilimitadas, pertencentes a pessoas que não são totalmente homem ou mulher. Existem raízes históricas da não-binariedade: antropólogos afirmam que esses gêneros sempre existiram, mas com um ápice mundial na década de 1960 e no Brasil, particularmente em 1970, ‘período da ditadura militar’). Há ainda gêneros orientais como Hijra, Alyha e Muxe, com uma minoria no Ocidente que os praticam.
   Identidade de gênero é o modo de autoconhecimento de uma pessoa a respeito de si, saberes e o modo de como se enxerga perante a sociedade. Conforme o Jornal Genderzen, (jornal de gêneros) “Identidade de gênero é a experiência subjetiva de uma pessoa a respeito de si mesma e das relações dessa pessoa com os outros gêneros de seu espaço social. É como alguém sente sua própria essência do ‘ser’. É o resumo das vivências e entendimentos de uma pessoa. Não depende dos genitais e da aparência física, também não se limita simplesmente a mulher e homem, pois há inúmeros gêneros não binários e também não é uma obrigatoriedade (pessoas podem ser agêneras, por exemplo). Cada pessoa sente seu gênero de sua própria maneira. Ninguém escolhe o seu; as pessoas simplesmente nascem daquele gênero. Os nomes dos gêneros são artificiais: os termos ‘mulher’ e "homem" são nomes inventados para esses dois gêneros, mas isso não significa que os gêneros por si próprios são artificiais.”
   Gênero pode ser comparado também, a um espectro de gradiente, assim como o espectro da luz visível que contém infinitas tonalidades de cores, quem os explica de um modo cromático é o espectro de gêneros, que inclui o feminino e o masculino. Já o espectro de agênero é constituído por gêneros não-binários que possuem alguma ausência de gênero, podendo ela ser fluída, parcial ou total. Há ainda outra ramificação do espectro: o espectro múltiplo, constituído pelos gêneros não-binários que possuem alguma multiplicidade de gênero, ou seja, identidades formadas por mais de um gênero. Juntamente com a ideia de classificação sexual com cores, surgem alguns estereótipos, como o azul retratando a masculinidade, e o rosa, a feminilidade, porém sabemos que nem sempre foi assim, antes da Segunda Guerra Mundial, o azul era o símbolo feminino, por representar a leveza e a cor do manto da Virgem Maria, e o rosa era o símbolo masculino, por aparentar o vermelho, o sangue e a força. Os gêneros não binários não são atuais; principalmente em países asiáticos, como na Indonésia, por exemplo, a percepção do gênero não-binário é algo que existe há séculos. O mesmo é válido para a Índia que considera a discriminação contra pessoas não-binárias, um crime. Em outros países influenciados pelos ideais genéricos, foi implementada uma terceira opção de gêneros em documentos.
     Em contrapartida, existem manifestações em prol dos mais diversos tipos de gêneros como LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros), que acontecem no Brasil, e a luta pelo reconhecimento de seu respectivo gênero, que ocasiona muitas vezes discórdias familiares, escolares, em relação à mudança de gênero na infância e o bulliyng além de dificuldades de inserção no mercado de trabalho, causando depressões devido o espectro e discriminações prejulgadas, afetando a vida e conceituando as escolhas pessoais.
   Há controvérsias em relação ao espectro de gêneros, e ele é muitas vezes ignorado, pois muitos acreditam que não há uma classificação para escolhas pessoais, mesmo podendo nos transmitir informações válidas a respeito do meio social e da interação entre os mais diversos gêneros sexuais. De acordo com a universitária Rebecca Reilly Cooper, “A ideia de que ‘gênero é um espectro’ deveria nos libertar. Mas além de ilógica, é politicamente confusa. Se o gênero é um espectro, isso significa que é um contínuo entre dois extremos e todo mundo está localizado em algum lugar ao longo desse contínuo. Eu suponho que nas duas extremidades do espectro estão masculinidade e feminilidade. O que mais poderia ser?” Há tantas possibilidades de gêneros quanto há seres humanos no planeta. De acordo com o Nonbinary.org, uma das maiores referências de sites na internet sobre gêneros não-binários, “seu gênero pode ser o Sol, ou música, ou o mar, ou Júpiter, ou pura escuridão. Seu gênero pode ser pizza. A identidade ‘não-binária’ depende da existência de um enorme grupo de pessoas binárias chamadas de ‘cisgêneras’ que são incapazes de estar fora do masculino/feminino arbitrários ditados pela sociedade.”
   De acordo com a medicina, o gênero está relacionado ao sexo biológico, aos genitais de nascença, além do fato de a transexualidade ser considerada um distúrbio mental, como era a homossexualidade até 1970, o que não corresponde ao princípio de diversidade, explicado pelos diferentes espectros sexuais que agrupam a sociedade nos gêneros já descobertos e comprovados como tais.
   A identificação dos variados comportamentos de gênero é uma ferramenta fundamental para a análise do lugar abrangido por cada identidade que constitui o meio social, e para a compreensão dos princípios abarcados por cada categoria, assim como seu respeito e valorização civil, tornando-se possível certas distorções de opiniões e quebra de condições “absolutas”.
     É importante também ressaltar que padrões não são homogêneos, o que significa que devemos compreendê-los como expectativas socialmente assumidas pelas entidades, mas que não representam o conjunto de atitudes e comportamentos de todos os indivíduos dos grupos de forma individual.
   “Nossa sociedade é múltipla. Aceitar as diferenças sem julgamento de cor, raça, sexo, orientação sexual e gênero é abraçar a diversidade e um grande passo para diminuir o preconceito.” (Sentença Popular).


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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