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DECIFRANDO A AVENTURA
Isabel C.S. Vargas

Não tenho hábito de ler horóscopo nem qualquer tipo de previsão semelhante.
Há alguns anos atrás, em temporada de praia, comprei uma camiseta com o signo correspondente ao meu aniversário. Abaixo do signo, a característica correspondente ao mesmo: aventura. Não liguei para isto. Em outra ocasião, ganhei um marcador de páginas de metal, com o signo e um livreto dando as preferências e as características do signo. Entre elas, lá estava, de novo a aventura. Fiquei intrigada, pois tal característica parecia nada ter a ver comigo. Tentei encontrar uma explicação. Nada se encaixava, considerando meu perfil. Casada há três décadas, morando no mesmo lugar por vinte e seis anos,quando viajo, geralmente, vou para os mesmos lugares, tenho medo de me aventurar por lugares inóspitos, minha família seguidamente costuma me acusar de ser muito medrosa, excessivamente precavida. Então, só poderia estar errado. Até que um dia, do nada surgiu onde poderia se enquadrar tal característica, em que aspecto da minha vida ou de minha personalidade. Na profissão!
Comecei minha vida profissional no magistério (me orgulho muito disto, pois meu primeiro trabalho, aos 18 anos está lá na carteira profissional: UCPEL-Colégio Universitário Diocesano). Existe aventura maior do que lidar com o ser humano, único, imprevisível em suas características, aspirações, sonhos, realizações? Pois adorava o que fazia, e isto logo foi percebido pela turma que tinha, pois ao final do ano fizeram um abaixo-assinado para eu continuar com eles no ano seguinte. Foram atendidos. Alguns, até hoje, ocasionalmente vejo. Depois do magistério ingressei em serviço público, por concurso. Pensei que teria um trabalho burocrático, em ambiente reservado. Após o exame psicotécnico, fui para o setor para o qual fui solicitada. Atendia público o dia inteiro.
Lá, uma lição. Cada um com suas mais diversas formas de agir e reagir. Tanto poderia receber flores, como reações iradas de pessoas que não imaginaria que se comportariam de tal forma. Aprendi que em se tratando de trabalho com pessoas, é fundamental o respeito, paciência, educação, cortesia, cumprimento de horários, humildade. Fiz boas amizades que perduram até hoje. Deste trabalho, fui para outro, após ser nomeada, também em virtude de concurso público. Nos três locais, o foco principal eram as pessoas, seu desenvolvimento, sua assistência e sua proteção, respectivamente.
Além de considerar uma aventura o trato com o ser humano, porque nunca encontramos ninguém igual, ao escolher o Direito, percebo que isto também tem seu aspecto de aventura, pois o estudo, a atualização tem que ser constante, sistemática, em virtude das constantes modificações, visto que o Direito acompanha a evolução da sociedade. Embora ainda possamos encontrar leis arcaicas ou em desuso, muitas áreas em muitos aspectos estão sempre se modificando visando atender melhor a sociedade e as relações humanas. Ainda há que se considerar ainda que vivemos em um país onde um volume imenso de medidas – provisórias passou a ser o habitual e não a exceção, por muito tempo, além é claro de leis, decretos, e mais uma infinidade de instruções normativas, que regulam a vida do cidadão comum. (sim do comum, porque outros até se julgam acima da lei)
Enfim, depois de muito tempo é que fui descobrir o que eu creio possa ser uma explicação para tal característica, ao perceber que gosto de trabalhar com pessoas e num ramo de saber que está sempre em constante mudança. Existe aventura maior do que isto?
                    


Biografia:
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Crônicas IGUALDADE NAS DIFERENÇAS Isabel C.S. Vargas

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Publicações de número 61 até 61 de um total de 61.


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