O Tédio (Uma Homenagem a Medicina)
Venho Caro Doutor fazer-lhe uma consulta!
A Doença que me punge e Extermina a mocidade
Infinda da resulta de uma chaga que nunca cicatriza.
Muito embora o comum de toda gente,
As de sofrer atrás da hipocondria
Que muito me torno pensativo e
Doente não sabe o que é paz,
Nem alegria!
É o mais sábio clínico do mundo,
É também um filósofo,
Notável de peito humano,
Escutador profundo!
Cureis esse mal inesgotável,
Que me esmaga o organismo,
Fibra a fibra, que me envenena
O cérebro e que me condena.
Tenho um coração que não vibra
E suporta uma cabeça que já não pensa!
Este tédio mortal, tédio agoureiro,
Que me enevoa e me escurecem os dias
É como um beijo dado a dinheiro,
Numa noite de orgia!
Refletindo diz o médico ao doente,
O amigo tem Razão, Padece realmente
Com toda enfermidade e os vermes que o devora
É um produto fatal do século de agora!
Uma emoção vibrante, um abalo violento,
Do tédio pode curá-lo, creio um momento de tédio
É uma sombria, uma fatal loucura!
E as trevas anteriores daquelas noites escuras,
Que se esquece de toda a sorte,
A vida amada e o nosso Primeiro ser,
Só se lembra do nada!
Diga-me, Alguma vez amou?
Nunca em seu peito extinguiu,
As paixões que do terrível despeito,
Como as ondas do mar que se agitam
E encapela como saturno do vento
Que nos procela, junto bem junto dos seus!
Que dores fecundas bateram num coração apaixonado!
Nunca!
Já visitei a Grécia, o oriente, a terra santa,
Sitio onde tantos descansam na glória,
De uma idade imorredoura, eterna,
Que mesquinha se deslumbra as gerações modernas.
Em Ébrios festins passei a mocidade,
O mundo viajando,
Como um judeu da lenda,
Entre todas as mulheres,
Cujos lábios beijaram,
Em bacanais, nenhuma eu vi sobre essa terra tamanha,
Que para mim não fosse uma visão estranha.
Como parti, voltei, sem achar motivos,
Para esse mau doutor,
Que aqui me traz cativo!
Freqüentemente o circo amigo!
A figura brejeira do famoso Alecrim,
Que essa cidade inteira bate Palmas
E aclamam Constantemente arranca!
Talvez te retires em gargalhadas da frança!
Vejo agora que o meu caso é perdido, o torão
Que lhe fala o palhaço querido que ainda encene
No coliseu tão aclamado, tem um riso de morte!
Um riso mascarado, que encobre a dor sem fim
Do tédio e do cansaço!
Sou eu caro Doutor esse palhaço!
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