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A lenda dos quadrinhos
(R.I.P Stan Lee)
Roberto Queiroz

É difícil começar este texto. É difícil até mesmo tentar entender a notícia. "Ele partiu", "ele morreu", "ele se foi". Não há frase que justifique ou suavize sua partida. Só nos resta (digo: a nós, fãs de comics e graphic novels) a amarga realidade: morreu, nesta segunda-feira, o genial Stan Lee.

Primeiramente: se você não sabe quem é Stan Lee pare agora, pois este texto não é para você. Este texto é para os fanáticos por quadrinhos e nerds por opção. E mesmo para esses é difícil explicar em poucas palavras quem foi Stan Lee. Explicá-lo renderia, no mínimo, uma tese de doutorado (e mais: a ser defendida numa das universidades da Ivy League)

Mas resumindo em poucas palavras - se é que isso é possível, em se tratando de tal gênio artístico - ele foi o criador (junto com outras feras do ramo como Steve Ditko e Jack Kirby, só para ficar nos gigantes, pois sim, ele não realizou tudo sozinho; seria puro esnobismo dar a ele todos os méritos por tudo o que a Marvel se tornou durante as décadas!) de grande parte dos heróis que nós, no auge da infância e da adolescência, escolhemos admirar, seguir, acompanhar, bajular, ou qualquer outro verbo que explique essa relação quase doentia entre leitores e personagens.

Falo mais especificamente de Homem-Aranha, Capitão América, Thor, Homem de Ferro, X-Men, Quarteto Fantástico, Pantera Negra, Nick Fury, Doutor Destino... Melhor parar por aqui porque a lista é imensa e se eu esquecer de alguém, sempre vai ter um fã chato para reclamar depois.

E isso tudo se tratando de um cara que começou, acreditem!, como preenchedor de textos. Isso mesmo. Que evolução não é mesmo?

Além da obra, que fala por si só, Stan Lee também ficou famoso nos últimos anos por suas aparições super engraçadas nas adaptações para o cinema de muitos dos seus personagens. Conheço gente que ia ao cinema e ficava esperando pacientemente sua rápida aparição para dar uma gostosa gargalhada (chegaram a fazer piada na época em que os filmes da concorrente DC Comics iam mal das pernas, dizendo "bem que o Stan Lee podia aparecer rapidinho para dar uma força aos caras!).

Sua fama tornou-se tão vivaz que virou figura recorrente na série de tv The big bang theory, sempre tirando sarro com a cara do Sheldon (Jim Parsons), o mais, digamos, nerd do quarteto principal. O episódio que o personagem tenta invadir a casa de Stan Lee é um dos meus preferidos até hoje!

Contudo, nos últimos anos, ele vinha mal de saúde, internando de quando em quando, por conta de uma pneumonia diagnosticada em fevereiro deste ano e em alguns tablóides, começaram a comentar da dificuldade do velho mestre gravar suas participações nos longas, algo que ele adorava fazer. E eis que chega o momento em que a conta é cobrada e Stan nos deixa aos 95 anos.

Se há uma pessoa na indústria dos quadrinhos que vendeu com a própria alma o seu trabalho, o seu talento, esse indivíduo foi Stan Lee. Ele poderia ser o avô que eu não conheci. Sempre boa praça, sempre solícito, nunca se negando a dar entrevistas e pequenas dicas sobre os próximos projetos a seguir.

É com muito pesar que termino este mísero artigo com lágrimas nos olhos. Esse homem foi uma das pessoas que me ensinou a ler, que fez da minha infância algo extremamente divertido. Fica com Deus, Stan! Você merece e merecerá cada honraria que receberá de seus fãs nos próximos dias.

Será que na próxima encarnação - se houver - eu encontrarei as revistas que você escreveu de novo? Espero ansiosamente que sim.


Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
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