A História “Urucungo” começa em 11 de julho de 1926. Tarsila do Amaral chama Oswald de Andrade para dar um pulo em seu estúdio, na rua Barão de Piracicaba. Assim que ele chega é levado até um esboço sobre a peça “A morta”, ela fez uma alegoria a Poe “O Corvo”, o personagem “Urubu” revela essa dubiedade , mas não chega ao ponto de satisfaze-lo (....).
A certa altura pede ajuda. A Raul Bopp por telefone e convoca-o para o estúdio. Juntamente com Tarsila vai afinando idéias. Os dois escritores resolvem que aquela imagem não tinha força suficiente para ser o símbolo para a peça. Tarsila da o esboço a Raul Bopp.
Raul usa o esboço para fazer um poema chamado “Urucungo” que só foi publicado em 1932.
Raul Bopp explora as solidões da memória, as lembranças marcam os sofrimentos vividos de forma aguda em toda sua narrativa do poema
"Pai-João, de tarde, no mocambo, fuma
E as sombras afundam-se no seu olhar.
Preto velho afoga no cachimbo as lembranças dos anos de trabalho
que lhe gastaram os músculos.
Perto dali, no largo pátio da fazenda,
umbigando e corpeando em redor da fogueira,
começa a dança nostálgica dos negros,
num soturno bate-bate de atabaque de batuque.
Erguem-se das solidões da memória
coisas que ficaram no outro lado do mar.
Preto velho nunca mais teve alegria.
Às vezes pega no urucungo
e põe no longo tom das cordas vozes que ele escutou nas florestas africanas.
Dói-lhe ainda no sangue as bofetadas de nhô-branco.
O feitor dava-lhe às vezes uma ração de sol para secar as feridas.
Perto dali, enchendo a tarde lúgubre e selvagem,
a toada dos negros continua:
Mamá Cumandá
Eh Bumba.
Acubabá Cuebé
Eh Bumba."
Obra esta que só foi publicada pela insistência dos amigos Jorge Amado e Echenique. Bopp a eles enviou os poemas-negros juntamente com uma carta na qual fica expressa a decepção do poeta acerca da recepção de suas obras.
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