CERRADO SERRADO
Lavo o rosto com gotas
de orvalho,
que caem da samambaia
pendurada no terraço.
PISO na terra vermelha, queimada
Que respira fumaça.
Fico alguns segundos paralisado
observando o João de barro
entrando e saindo de sua casinha
construída num tronco queimado.
...saio correndo,
hora atrás...hora na frente
das emas;
Ofegante mas admirando
suas canelas.
de repente um grito me para.
Uma nuvem de
Araras e guaras sobrevoam
no céu azul do cerrado,
sumiram...
Fico a andar cabisbaixo,
pé no chão,
chego até um riacho escondido,
escondido pelas folhas caídas,
riacho de águas claras e profunda,
Balanço no remelexo da
água...água...água
não resisto...
caio de cabeça
no riacho fundo,
uma...duas vezes...
viajo na beleza marginal
do lago.
Estou sem porte..
Pelas margens,vagens e varjões
fico a vagar...
o pontão da lança,
Aponta, logo me atinge...
não ouço
Mais a mata em minha volta,
Concretos me cercam,
por cima das águas,
em cima da terra.
ouço gritos,sons de tratores...
abro os olhos...
samambaias pilotando tratores,
emas carregando bandeiras.
jatobás e pequizeiros
carregados de coca-cola,
tamarineiro,tomando cerveja...
Ipê amarelo, de folha pintada...
goiabeiras, mangabeiras...
Uma multidão de árvores
em marcha
pela esplanada,
cada uma com britadeiras
ecoando um só grito.
QUEREMOS NOSSO CERRADO DE VOLTA....
jarbas carvalho
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