Não me recordo a data nem o dia. Mas era mais ou menos por volta das nove horas daquela manhã.
O dia na emergência caminhava tranquilo, os atendimentos corriqueiros: uma unhectomia, um abcesso que incomodava, uma sutura no filho da praça que havia caido, um aerossol, uma crise aguda de asma, logo revertidos…. Enfim a lida diária naquela rotina tranquila quebrada pela depressão e o desespero juvenil.
Eu era um dos que compunha a equipe de plantão….De repente um telefonema desesperado, pedindo uma ambulância para que se deslocasse ao colégio tradicional da Capital Belém; na maioria filhos de militares que ali estudavam, colégio, daqueles que todos os pais desejam para seus filhos...seriedade nos estudos, estilo militar….O médico plantonista procurou se interar da situação e ciente da gravidade, se deslocou com a equipe médica até o local, o fato é que ali chegando, se deparou com uma situação bastante delicada. Havia um aluno jogado ao chão, após ter atentado contra a própria vida, próximo ao banheiro masculino ..O relato desesperador de todos da direção e colegas do aluno vitimado, davam conta de que haviam ouvido um disparo de arma de fogo e diante do susto e do fato, correram em direção ao local e lá constataram que o aluno havia dado um tiro em sua própria cabeça….
Enquanto a equipe se deslocava ao local….o Sargento enfermeiro Viegas ( nome fictício), e o restante da equipe, preparava a sala de reanimação para que pudéssemos receber a vitima...de repente ao longe se ouve a sirene e logo em seguida a ambulância, que estaciona na entrada da emergência...o que não se esperava era ver o desespero do Sargento Enfermeiro ao ver que o aluno, a vítima, era justamente seu filho, que nos seus braços agonizava…..Levado ao centro cirúrgico de imediato,... tudo fora feito para salvar aquela vítima. Passado alguns dias na UTI, não resistiu e morreu...Um fato inusitado chamou a atenção...Um bilhete encontrado na mochila narrava os motivos daquele gesto transloucado… e o perdão... a sete chaves guardados
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