Rendas, negras
Noite densa e estrelada.
Rendas, negras
Como o véu da minha alma.
Rendas negras
Em meu corpo estás colada.
Rendas negras
Que no frio se esvoaça.
Rendas, negras
De sinfonias apressadas.
Rendas negras
De lembranças mal passadas.
Rendas, negras
Finas, vindo em afinetes,
Rendas, negras
Perfurando os presentes.
Rendas, negras
Silenciosas e ausentes.
Rendas negras
Tão teimosa e tão carente.
Rendas, negras
Vestes de segunda mão,
Tomam posse
De uma nova estação.
Rendas, negras
Negras quando a luz é fraca.
Rendas negras
Filhas de uma cor opaca.
Rendas,negras,
Noite densa e estrelada,
Deixa aberta
A porta pra uma enxurrada.
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