Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
LUAR DAS VALQUÍRIAS
Ricardo Cunha Costa

LUAR DAS VALQUÍRIAS

                        I
O que se diz das nornas cavalgantes
A serviço dos deuses e dos homens
É que escolhem guerreiros para a morte
Ao se lhes surpreender com beijos gélidos.
Montam os corcéis brancos das neblinas
Que descem sobre os campos de batalha.
Enquanto isso, enluarada, a noite cai
Àqueles que s'entregam para a guerra
No espetáculo sangrento dos infantes.
Atravessam planícies que, nevadas,
Tingem-se aqui e ali de sangue nobre.
Gemidos, baforadas de vapor,
Partiam dos caídos destripados
Que, exangues, contemplavam as estrelas
À espera do Valhala e suas glórias.

                        II
Elas são as mulheres escudeiras
Que cumprem os desígnios do Destino
Elevando os espíritos dos bravos.
Alvíssimas, têm elas olhos grises
Frios como os glaciares das montanhas.
Passando por portais de gelo e fogo,
Vêm à mansão dos mortos escolhidos
A reforçar as hostes do alto Odin
Em sua guerra contra os mundos últimos
Que antecede a Nova Era d'Universo.
Possam com o seu sangue sobre a neve
Já como heróis marcharem destemidos!
Após terem n'olhar a vida e a morte,
Nunca estaquem em face de ninguém
Tampouco deixem sonhos por sonhar.
Assim seja, nos céus como na Terra.

                           III
Têm como prêmio após tantas jornadas
Os cuidados e os carinhos das donzelas
Que, pensando as feridas com unguentos
E servindo canecas de hidromel,
Curam um após outro dos desastres
Ao lhes fortalecer o amplo espírito
Como homens superiores qu'eles eram
Testados e medidos pela guerra.
As Valquírias, senhoras de dois mundos,
Vêm conduzir os grandes à grandeza.
Amantes da beleza e da coragem,
Acompanham a estrada do guerreiro
Enquanto avança sobre os inimigos,
Deixando-se mostrar ao destemido
Como se antevisão da boa morte.

                          IV
No olhar d'essa mulher iluminada
Que lhe vem ter no meio d'um entrevero,
Reconhece o chamado do mais Alto
E s'entrega ao beijo frio da morte.
Oh bem-aventurado o que recebe
A morte como amante e rega a terra
Co'o sangue de incontáveis inimigos!
Sacerdote, ele eleva-se oferenda
No altar feito na terra sob os céus
N'uma carnificina sanguinária.
Sim, por seu braço a morte sega os campos
A entulhar seus celeiros de cadáveres!
E as Valquírias com seus corvos retintos
Vêm se refestelar sob a alva lua.

Belo Horizonte - 25 09 2018


Biografia:
Escrevo. Gosto de escrever. Se sou escritor ou poeta, eu deixo para o leitor ponderar.
Número de vezes que este texto foi lido: 61644


Outros títulos do mesmo autor

Sonetos HOMENS D'ARMAS Ricardo Cunha Costa
Sonetos AGOSTO Ricardo Cunha Costa
Poesias GRANDE-ANGULAR Ricardo Cunha Costa
Sonetos SEMICERRADOS Ricardo Cunha Costa
Sonetos ANTICLÍMAX Ricardo Cunha Costa
Sonetos REBOSTEIO Ricardo Cunha Costa
Sonetos O NOME DAS CORES Ricardo Cunha Costa
Sonetos AMONTILADO Ricardo Cunha Costa
Sonetos ANTI-HORÁRIO Ricardo Cunha Costa
Sonetos ANAMNESE Ricardo Cunha Costa

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 31 até 40 de um total de 41.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
EDITORA KISMET – UMA EDITORA DE VANTAGENS - Caliel Alves dos Santos 62372 Visitas
Segredos - Maria Julia pontes 62368 Visitas
NA PAUSA PARA A REFEIÇÃO... SUA ATENÇÃO! - Lailton Araújo 62366 Visitas
A Voz dos Poetas - R. Roldan-Roldan 62356 Visitas
Arnaldo - J. Miguel 62349 Visitas
Each Moment - Kelen Cristine N Pinto 62345 Visitas
Poema para um mortal. - Poeta do Amor 62323 Visitas
- Ivone Boechat 62321 Visitas
Faça alguém feliz - 62320 Visitas
Coração - Marcos Loures 62315 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última