Para Marcelo Shünke
“... Ó realidade, / há séculos eu sou uma lâmina que respira...”. (Cacaso)
A vida é a exclusividade ao construir o mundo na cabeça de cada pessoa, o que nos leva há (não)compreender um pouco essa mágica: vivenciar o que sentimos e o que não vivenciamos. Para Leila Míccolis, “A vida é um constante exercício / de mãos criando asas, / de pés, pisando em brasas”.
A vida pode se definir como um argumento poderoso, que nos influencia no querer, que por vezes dificulta ou facilita o nosso viver. Como diz Marcelo Schünke “mais vale ter sossego do que razão” e, Alfredo Salti, o contradiz: “em uma relação mais vale se incomodar uma hora por dia, do que a vida inteira”. Em qual dessas linhas de raciocínio as escolhas são justificadas pela lógica, dando clareza ao ato? Será pura acomodação? Ou segue apenas o que dita o coração?
Quanto vale o sentimento no relacionamento pessoal? Ele é a recompensa ou surgirá outra necessidade para ficarem juntos? Adriana Lima responde, “... vou transpondo os dias / e aprendendo / com quantas esperas / vive o amor em mim”. Nilza G. Lacerda expressa, “... Ainda assim, é esta vida que quero, / é esta História que busco, é este Eu que construo.//.. Quero voos contra vermelhos doídos, / quero riscos arcanjos em passos pessoais / quero álibis...”.
Em cada ato e situação que nos apresenta a vida, seja com ou sem razão, fazemos de conta que está tudo bem. Mas, nem tudo está ótimo quando a lógica se inverte, o sentimento se torna confuso, o sossego não se assentado, a emoção se altera e a razão desproporciona o fato. Carlos Drummond de Andrade retrata, “... Lá estou eu,... / por baixo de falas mansas, / por baixo de negras sombras, /... por baixo, eu sei, de mim mesmo, / este vivente enganado, / enganoso”.
Quantas máscaras somos capazes de usar em cada situação? Implicaria em irmos para frente do espelho e, do reflexo, arrancar a máscara? Quanto vale cada “sossego”? De qual “sossego” estamos falando: o interno ou o mascarado? Da vida a dois, onde apenas um sempre tem razão? Então, não seria uma relação a dois, da qual apenas nos referimos ou salvamos tão somente o sexo. Aí sim, vida a dois por momentos. E não estamos dando um passo em direção ao outro. Nem construindo pontes e caminhos. Apenas, seguimos as palavras de Marcelo , e demonstramos que quando não enfrentamos o outro ou a situação, não expomos as ideias e nem os ideais. Será que o conselho de Alfredo Salti não traz o “sossego” que tanto buscamos? Nas palavras de Nilza G. Lacerda, “Tantos desejos, que uma vida é pouco. / Tantas histórias, que uma história é pouco, / Tantos outros, que um eu não basta”.
Fatos são fatos, não mudam. Conscientizamo-nos do feito. Amar é amar e sentir os momentos da vez e da hora. Segundo Cassiano Ricardo, “... chegue-me o bem que espero tarde ou cedo, / que me adianta gritar se o céu é mudo? / se o segredo que guardo no meu peito / por mais que eu grite fica sempre oculto?...”.
Em passos pessoais, a vida não se acaba por ter apenas um mesmo motivo? Motivo que gira o tempo, onde este é o presente que nos permite projetar o futuro. Na relação pessoal, construímos em parceria, passo a passo a nossa vida, sem acionar o botão que possa nos enganar, porque além de contribuir para a honestidade, o respeito e o carinho da relação, ainda garantimos, ambos, a harmonia, a felicidade, a confiabilidade e a integridade nos momentos essenciais e especiais da vida em passos pessoais.
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