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EMBUSTEIRA MANÍACA
FRANCISCO MEDEIROS QUARTA

EMBUSTEIRA MANÍACA

Pregar partidas é uma doença?
Em caso afirmativo, terá cura?
Quem pode esclarecer-me esta questão?!
Inspiram suas vítimas descrença:
Sem qualquer convicção, muito se jura!
Ingenuamente, vira-se aldrabão…

E quando abusam da benevolência
Que a nossa boa fé lhes concedeu?
Bem pode uma ruptura ser total!
Jaz corroída toda a resistência
Duma amizade que nos envolveu;
Mas não deixará rastos, por banal…

Analisando o teu procedimento,
Jamais alguém te pode acreditar:
Mentes com quantos dentes tens na boca!
Mas que ignorância, um tal descaramento!
Nenhuma astúcia… nem para aldrabar!
Pobre cabeça, já sem rei nem roca!

Conseguiste, com tuas choradeiras,
Fazer de mim amigo dedicado,
Que tentou ajudar-te, em cada dia.
Prezo muito amizades verdadeiras;
E, quando me falavas do passado,
Sinceramente, até me comovias…

Ficaras quase só, na tua luta;
Sem ninguém que te ajude a subsistir,
Jurei auxiliar-te, dar-te a mão!
Mas qual seria então minha conduta?
Pobre, tal como tu, iria agir:
Tento minimizar-te a servidão…

Finges-te a cada passo, agradecida:
-Como vos pagarei tanto favor?
Nada mais desejamos, que a amizade!
Ser útil, é tornar mais bela a vida!
Maravilhoso é mitigar a dor
Dos semelhantes; dá felicidade!

Pensar que tens mais pão, na tua mesa,
Já me dava maior satisfação:
Mesmo migalhas, enchem a barriga!
Julgo-te um pouco menos indefesa;
Mas nunca imaginei que uma traição
Viesse de quem tinha por amiga!
Quando abraço uma causa, é com fervor.
Desde pequeno, sempre fui assim;
Tal facto às vezes traz desilusões!
Por estupidez, ou seja por que for,
Nem boa tarde dás: passas por mim
Como uma estranha, sem educação…

Parece que tens medo das pessoas!
Censuram-te os colegas de serviço;
Quando chegas, não falas a ninguém.
Chamam-te “bicho”, e mais; dizem-te boas!
Não entendemos porque fazes isso.
Respondem-te na mesma: com desdém…

Simulas um recato exagerado;
Mas, quando chegas, esse teu perfume
Já te denunciou, mesmo à distância.
Dia após dia, tens-me habituado
A narrações, em que há sempre um queixume,
Ao qual vou dando menos importância…

Mentias sempre; tosca ingenuidade;
Pensavas enganar-me, a cada hora:
Era a tua leal retribuição!
Usavas como emblema a falsidade;
E podes conservá-la intacta, agora.
Fico-te grato, pelo galardão!

Quem faz, hão-de fazer-lhe, com certeza:
Tudo se paga; bem ou mal, na vida;
Um dia o teu natal pode chegar!
Só não te conduzias com frieza
Quando tinhas em vista ser servida;
O teu lema seguinte: desprezar…

Seguimos, cada qual o seu caminho.
Lembro, sem qualquer mágoa, aquela cena:
Na despedida, nem sequer falaste.
Exiges, nas não sabes dar carinho.
Tinhas mais que fazer. Não vale a pena
Perder tempo, quiçá, o que pensaste…

Não sabes ser amiga de ninguém!
Acabarás talvez por ficar só;
Semeias ventos, colhes tempestades!
Olha que atrás de tempo, tempo vem!
Se de ti própria não tiveste dó,
Restar-me-á lembrar-te… sem saudades!


Este texto é administrado por: ANTÓNIO MANUEL FONTES CAMBETA
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