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PALAVRAS em MOVIMENTO
Tânia Du Bois

     
     Carlos Pessoa Rosa pergunta, “para quem o autor escreve? -... aquela imediasidade entre o poema e o leitor é um prazer dos poucos”.
     Acredito no movimento das palavras para mudar o mundo e as pessoas. Segundo Adélia Prado, “a literatura é uma expressão pura: ela não serve para nada, no sentido de que não posso nem devo usá-la como instrumento para ideologias políticas, filosóficas ou religiosas. Um bom texto é como uma rosa no pé, um gato, uma cachoeira, um corpo; é expressão pura. Pode decorrer de sua contemplação, uma descoberta... Afinal, a arte é um espelho. Podemos levar um susto com o que vemos”.
     Tudo é uma questão de dosagem. É com a literatura que adquiro cultura, que aprendo sobre minhas capacidades e dificuldades. Mas, não posso deixar a mercê do que todos esperam de mim. Preocupo-me em corresponder à expectativa, como leitora, de maneira saudável e prazerosa de viver. É de grande valia imaginar, enquanto leio. Orgulho-me dos talentos escolhidos, por acreditar piamente no movimento das palavras e sentir o gosto pela vida e, muitas vezes, a saudade como conforto. Pedro Du Bois, com olhar diferenciado, no livro O Movimento das Palavras, revela que “A diferença reside / Entre os que praticam / Jogos // E os guerreiros // Não há guerra / Há disputa // Vence o melhor / Não o mais feroz”.
     Palavras em movimento criam novos horizontes; facilitam qualquer trabalho e mais, cristalizam-me a nunca deixar de ler, porque transparecem meus limites e a minha satisfação. É uma performance inquestionável que combina com a minha vida e que se diferencia na resposta. Segundo Ohran Pamuk, “... quando eu falo de escrita, a primeira coisa que me vem à cabeça não é uma novela, um poema ou tradição literária, é uma pessoa que fechou a si própria num quarto, sentou-se a uma mesa, e, sozinha, volta-se para dentro; por entre as suas sombras, ela constrói um novo mundo com palavras”.
     De acordo com os escritores, palavras em movimento geram ação, como um rio sendo levado pela correnteza das águas – para mudar a direção do barco preciso do impulso e de um plano de ação – para avaliar o que realmente importa e em qual medida de dosagem. É o meu compromisso pessoal.
     Sei que posso espalhar palavras e tornar o meu viver prazeroso. O que significa conquistar o coração do leitor. Jorge Forbes demonstra que “a poética não visa ser compreendida, visa ser sentida. Ela toca o corpo além do conhecimento”. E, Amós Oz questiona, “... Por que você escreve exatamente desta maneira? Se você quer influenciar seus leitores. E se quer – em que sentido tenta influenciá-lo. Que função exerce suas histórias...”
     O fato é que essa é uma das formas de mudar o mundo e, assim, sinto-me estimulada a seguir o caminho literário e cultural, como em Jorge Luis Borges, “Um grande escritor cria seus precursores. Cria-os e de algum modo os justifica”.
     Ler me torna capaz e me faz fugir da banalidade, já que me importo com a qualidade de vida; a pressão arterial diminui e o grau de felicidade cresce; aumenta a autoconfiança e a esperança de, assim, responder a pergunta inicial de Carlos Pessoa Rosa.
     É possível com as palavras alcançar o objetivo desejado, depende do quanto quero olhar sobre os talentos da literatura e do quanto sinto o vento da mudança: vontade de descobrir e desvendar a cultura. Um bom livro continua ocupando lugar de honra nas prateleiras da minha casa. Em tempo: 29 de outubro foi escolhido para comemorar o Dia Nacional do Livro, porque nesse dia, no ano 1810, a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil, fundando a Biblioteca Nacional.


Biografia:
Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e A Linguagem da Diferença.
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