Ela digita, digita, digita
Olha o computador e grita:
“foi-se! Perdi tudo; não salvei”
Grunhi, esperneei e chorei”
Sem seu texto, ela sucumbe
Triste e sem deslumbre
Atabalhoada, tenta recuperar
Esperançosa, começa a rezar
Diante do medo da perda
Face ao perigo
Na última tentativa
Apela ao marido, amigo.
Ao final, tudo se resolve
O texto volta à tela
O sorriso fica a mostra
O regozijo aparece, enobrece.
Depois da prece
Sem saber se merece
Percebeu que nem tudo
Está perdido ou nulo.
Digitar é uma tarefa complementar
sentar e olhar, escrever e ler
Mas aquilo que se digitou
Tem que ser salvo, salvou?
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