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Estamos por aqui, de passagem,
descemos nos portos, marinheiros,
seguimos a nossa longa viagem
por mares inavegáveis, traiçoeiros...
Guardamos à bordo lembranças,
retratos, bilhetes, garrafas,
um jeito de sermos ainda crianças,
puras, despojadas, sem trapaças...
Alguns querem ficar mais do que podem,
evitam a senhora de negro no passeio público,
gritam aos querubins - " não incomodem!",
viver mais um dia é um momento de júbilo...
Se sentam sobre o tesouro a proteger
a infausta matéria da avareza sentenciosa,
falam sozinhos como se querendo dizer
que vive mais o espinho do que a rosa...
Amiúde esse desejo de perpetualidade,
mais ainda a força da mão agarrada ao timão,
lá se vai o barco de mil veleidades
à corredeira onde emborca o coração...
E a luz do céu se abre, clara, em toda manhã,
aos novos que gritam por leite e por carinho,
e a alma nova, que virá límpida, clara, sã,
desenha em sua mão o mapa do seu caminho...
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