Amo os poetas que prestam e os que não prestam
os devassos
os lassos
os líricos
os empíricos
amo deveras os que vão à feira
comprar tomates podres para jogar no presidente
amo aqueles que cravam os dentes
na carne putrefata da ignorância
em última instância
amo os poetas que escrevem poesias para as amadas
as desavergonhadas
as afortunadas
as peladas
as vestidas
amo os poetas que escrevem sobre a vida
alheia
amo os poetas (inclusas as poetisas)
que detestam a falsa comida dos hai-kais mal temperados
amo as poetisas que vendem salgados
e escrevem depois da meia-noite
as poetisas que voam em suas vassouras
bruxas adoráveis
loucas
enfim
amo todos os poetas e poetisas
que vivem cambaleando como a Torre de Pizza
amo
porque amar é mais que um dever
amar é a possibilidade de achar
o que outrora pode se perder...

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