O escultor criou uma obra com aço retorcido,
cacos de vidro,
fragmentos de porcelana...
Parece a memória dos tempos de agora,
com tiranos sentados em seus tronos,
armas nas mãos e cantando os hinos de seus países...
Parece que a arte imita a vida de uma maneira desastrosa,
onde haveria um vaso de sementes
há um compartimento com pólvora,
onde haveria o futuro rindo aos que virão
há um momento de agourento agora...
Parado diante do que parece uma visão de Dante
pareço um espantalho que muitos chamam de gente,
um dantesco boneco a recitar as glórias de poetas vaticinantes,
a boca cheia de poemas que mastiguei e fiapos entre os dentes...
Nem por isso estou morto pelos que morreram,
estou vivo pelos que chegarão com flores nas mãos,
pelos que que dirão suas poesias cheias de malícias,
estou vivo e nem por isso comemoro as células,
o que faço é estender os braços
antes que os novos romanos
cheguem por aqui...
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