Quem sabe um dia eu recebo a notícia
de que a notícia não virá,
que o mundo acordou em paz
e ninguém foi trabalhar...
Ninguém morreu por descuido ou acidente
e, se foi, foi de repente
sem ninguém pra ajudar...
Daí eu vou dormir até mais tarde
como o sol atrás das nuvens
demorando a acordar,
e a chuva mansa até a boca
enche o balde e escorre pelas pétalas
das flores ao luar...
E as notícias, todas mudas e quietas,
espiam pela fresta o vazio e a solidão,
só o jornaleiro ainda todo se apressa
pra dar essa notícia ao seu apressado coração...
Não haverá notícias do fim do mundo,
só o rio quieto no fundo,
não constará na ata do condomínio,
só o belo e calmo raciocínio...
|