Tanto quanto canto
é tanto quanto o espanto
por ver o amor sangrar na rua,
no corpo dela, seminua,
no desejo vestido de terno
do homem moderno,
executivo executado
pela morte do sagrado...
Tanto quanto tenho
é tanto quanto o que perdido venho
ver nas ruas hipnóticas
da pessoas robóticas
com seus aparelhos
que, por eles,
dobram os joelhos...
Tanto quanto falo
é tanto o quanto calo
diante da poesia amordaçada
que vaga entre vãs palavras
saídas dos laboratórios,
ou perdidas em gavetas
nos escritórios...
Tanto quanto sinto
é o tanto quanto minto
por amor:
nascido de cores poéticas
sob as sombras do olmo e seu olor,
é o quanto tanto ponho neste poema
que rescende à ervas finas e seu frescor...
|