Évora, manhã cedo, a cidade está ainda
Num dolente adormecer!
E eu, sem medo nem esperança de te ver,
Avanço pela Praça, pronto a me perder ...
A Praça é a cama da cidade,
Tem no aconchego, sem tempo nem Idade,
Dobras rendilhadas de solidão! Como eu!
No pobre e triste coração que te perdeu!
À noite todas as promessas acontecem noutro leito,
Noutra cama, noutro corpo ...
Mas o dia sempre chega e rompe a ilusão ...
E afinal alguém se ama?!
Alguém se dá ao coração?!
Por mim, dos meus sonhos,
Alguém chama?!
Só Évora aconchega o meu triste desalento,
também ele sem idade, sem vida nem tempo...
Sosségo o coração,
e adormeço enfim na eterna solidão,
da graça e da desgraça,
que as dobras rendilhadas da cidade,
triste, só e amargurada, nos dá,
no silêncio doloroso desta Praça!
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