Saibam, pois, aqueles que lerem estas palavras, que assim foi no princípio: Nhá Chica era órfã. A órfã se fez santa. E a santa viu o Espírito, que é Deus! E o Espírito iluminou-a porque ela tinha o nome limpo com o Pai. Minas Gerais inteira é testemunha de que eu falo a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade sobre Nhá Chica. Em honra da justiça divina, dou testemunho da verdade que ouvi: a santidade de Nhá Chica! E até que alguém prove o contrário, acreditaremos que a liderança espiritual de Nhá Chica aconteceu para buscarmos também a nossa iluminação. E foi desse modo: estando refugiada no Espírito Santo, ela conversava com a Virgem Maria. Tão grande foi o seu carisma que, depois de morta, seu corpo exalou perfume. Ela foi tão exemplar, embora roceira e inculta, que até hoje é amada nas roças de Minas Gerais. E, na hora da morte, Isabel, sua mãe, aconselhou-a a não se casar e a se dedicar somente a Deus e a Igreja. Ocorreu que, obedecendo, foi dito e feito: Nhá Chica se fez santa e realizou muitos milagres entre os fazendeiros antigos. Nós mesmos, ultimamente, vemos sua glória e testemunhamos que o seu nome arrasta as multidões. Naqueles dias de escravidão, os necessitados viviam à sua porta pedindo que ela intercedesse por eles diante de Deus. Sua fama de piedosa cresceu em todo o sul de Minas. Os pobres que a procuravam sempre comiam um pouco de angu, um pedaço de rapadura e recebiam a graça que pediam. Não, nunca e jamais negou ajuda aos seus semelhantes! Deus mostrava, naquela pobre mulher analfabeta, que Ele não tem uma preferência de etnia. E, também, que não existe fila para a salvação da alma! O primeiro, o segundo e o último da fila é aquele que pratica o bem e vê Deus em todas as pessoas. Assim foi que Nhá Chica, partindo desta para a melhor, entrou na eternidade, deixando, para os seus seguidores, um modelo de vida piedoso e santificado. Indicando, também, que só é iluminada a pessoa que recebe a misericórdia de Deus por seu próprio esforço e mérito demonstrados na perseverança de uma vida caridosa e espiritual. A salvação é ver Deus manifestado na vida de cada pessoa que nos cerca. A salvação é tornar-se um com o semelhante e com toda a humanidade, fazendo-se primeiro um com o Espírito! Esse foi o carisma santíssimo que Nhá Chica manifestou em vida, indicando-o a nós que procuramos segui-lo. Ela mesma viu Maria Santíssima com seus próprios olhos e seria uma grande mentirosa se dissesse que não viu Maria, e podia não dar testemunho disso, mas deu, e está dado, e o fez para encorajar-nos a buscar o ministério da oração, da piedade e da misericórdia divina! Portanto, para testemunhar o que ouvi, digo e repito que a verdade é uma só, e a verdade é Deus, que pode ser conhecido, e foi esse Deus que Nhá Chica, no auge da fé religiosa, conheceu, alcançando a seguir os seus favores através de uma vida abnegada, simples, dedicada ao bem e ao serviço voluntário na comunidade.
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