Quem dera um fado, em minha boca,
cantasse as palavras mais loucas
que minh'alma pronuncia,
um lamento de bela harmonia
suave saísse em frases roucas...
Tanto e tão belo fosse o canto
que se tornaria uma doce poesia
escrita num sussurro em teus lábios
que felizes riam, riam e mais riam...
A teus pés, ajoelhado e contrito,
escutarias do amor, como num rito,
meu violão derramar pétalas de sons
numa doce carícia em suaves tons...
O mundo, quieto e de olhos fechados,
cessaria dos rios os murmúrios molhados,
no galho da mais alta árvore o pássaro
pousaria seu corpo de voos ainda por voar,
e de ti, como um presente raro,
um beijo viria em meus lábios trêmulos pousar...
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