Era a última noite do ano. Seu relógio de pulso marcava 23:30. Era a sua última chance. Ela partiria no dia seguinte, para nunca mais voltar.
Parado em frente a casa, ele fita, com seus olhos cansados – das noites de insônia – a fraca luz que sai da janela do quarto, localizado na parte superior direita. Mais um cigarro. O último (e, provavelmente, também, o último daquele ano), e tomaria, de vez, uma atitude. Suas mãos estavam suadas, em parte pelo nervosismo, em parte pelo imenso capote que usava naquela noite quente. Tremendo, ele acendeu o isqueiro.
Impaciente, fumou seu cigarro pela metade. Era chegada a hora. 23:42. Ele bate à porta.
. . .
Com o barulho, ela desce as escadas. No chão, aos pés de um estranho, estavam os corpos ensanguentados de seus pais. Ao encarar os olhos do desconhecido assassino, ali ela soube que aquela seria sua última noite.
Ele observa o sangue escorrer. Hora de ir.
Com as mãos firmes, ele acende mais um cigarro. Seu relógio marca 23:44.
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