Vê, este tapete de palavras estendido na rua,
feito foi para que caminhes tua alma nua,
restos de poemas perdidos por corações solitários,
para que rezes com amor diante de um relicário,
este poema não tem dúvidas e nem certezas,
só o úmido resto que sobrou da beleza...
Tente por os pés e caminhe como que com asas,
se te faltarem algumas te darão as palavras,
nada evite, evitar, na vida, é à morte um convite,
seja como sempre és, pela curiosidade se excite...
Sempre haverá uma sombra à procura de luz,
um fato ainda não consumado,
um sinal, sigla, algo que à algo te conduz,
sempre haverá um resto de amor num prato de aniversário,
esquecido, à espera dos teus lábios sedentos e molhados...
Vê, esta porta aberta espera por teu vulto coberto de viagens,
por tua presença que falta à poesia, esta, de tantas voragens,
o mesmo nunca será o mesmo depois de o ter vivido,
esta poesia só existe porque estás aqui comigo...
|