Vem, que pus lençóis de brim na cama tosca,
acendi o candieiro, lavei a louça,
fechei os buracos no telhado de sapê,
tudinho isso só pra você...
Limpei a sala com vassoura de piaçava,
ornei a parede com os retratos da família,
fiz um doce, dos melhores, de mangaba,
meu coração, aprendi, não é uma ilha...
Parece até que os vaga-lumes estão em festa,
as estrelas sacodem as saias para dar mais brilho,
entra a lua, se deitando no chão, pela fresta,
fiz um curau com o mais macio milho...
Me pus na roupa de domingo, bem passada,
me banhei no lago até me sentir um peixe,
rabisquei uns versos, simples, de minha lavra,
espero que assim eu te encantar me deixe...
Pra coroar esta noite de enfeites e doçura,
de respeito e entrega, amor e absolvição,
lhe dou, de mim, a parte que se ilumina em noite escura,
uma joia viva que bate, desarvorada, por ti, meu coração...
|