Um dia aquele homem foi bonito
o mais lindo era seu sorriso
o mais belo seu coração altivo
o mais caro seu amor tão límpido...

Um dia aquele homem amou sem escolher o amor
revelou a si as cores sem escolher um cor
deu-se todo sem pensar no dano sem supor
o amanhã do ontem a quem já viveu o incolor...

Um dia a queda foi simplesmente inevitável
o belo de viver se tornava o improvável
jeito de permanecer nesse mundo tão instável
que o tornou quebradiço maleável impalpável...

Um dia aquele homem se esqueceu de retornar
mergulhou sozinho no mais fundo mar
quase morto na praia dos infelizes foi dar
resgatado por uma sereia
quase sem pulso e ar...

Um dia o conheci e perguntei sobre o amor
deu-me ele os espinhos enegrecidos de uma flor
foi-se sem olhar para trás e sem dispor
de seus ensinamentos sobre a perda e a dor...

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