No escuro da sala reparo no facho de luz sobre o teu retrato
não tinha visto seu olhar por este ângulo
uma ferocidade que devastaria qualquer silvestre mato
quiçá uma floresta de losangos...

Uma olhada mais profunda e vejo em tuas íris
o que Cleópatra sentia quando era afrontada
por Marco Antonio e suponho que kisses
não surgiam e nem uma doce palavra...

Tuas sobrancelhas arcadas enunciam que era boa de briga
topava uma boa discussão sobre filosofia de biblioteca
discutia Simone de Beuvoir com facilidade - há quem diga
que sua poetisa preferida era Akhmatova - clássica e séria...

Numa última observação sobre tua face imóvel na fotografia
na escrivaninha vejo uma luz que emana em força grande tão
que descubro que teu amor por mim emanava da poesia
que me escrevias como se tivesse mãos teu coração...

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