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QUEM PUDER QUE CASE
Jota Santiago

Deus criou a mulher porque viu que o homem precisava de uma companheira. Mas aí veio São Paulo e disse "Quem puder, não case". Eu, já não digo a mesma coisa. Ora, quem puder que case e se for possível nunca se separe da esposa.
    A verdade é que, em certos casos, a separação pode ser muito mais desastrosa que o próprio casamento. Por isso, mesmo que o divórcio se ofereça como a melhor alternativa, todo cuidado é pouco.
Ambrósio Martins, que não pensou duas vezes antes de se divorciar, não tinha a mesma opinião. Dono de um patrimônio invejável, ele não sabia o que era desventura ou azar.
Extremamente abençoado, o homem era uma espécie de Midas: em tudo que botava a mão se transformava em ouro, pra não dizer em dinheiro. Mas, como qualquer um de nós, ele também tinha suas fraquezas e por causa delas conheceu a infelicidade.
    Fora do casamento arranjou uma amante e apaixonou-se desastrosamente por ela. Chamava-se Cristina, aquela moça. Era uma linda mulher. Tinha olhos azuis e cabelos pretos, além de um corpo fenomenal.
   Apaixonado do jeito que estava, Ambrósio Martins comprava joias e presentes caros para Cristina, e fazia de tudo para agradá-la. Coitado, nem percebia que a moça só estava interessada no dinheiro dele.
    Naquela época ele tinha pra mais de duzentos imóveis residenciais, além de quatro prédios comerciais. Mais aí a criatura começou a fazer uma besteira atrás da outra. Aquela mulher tinha mesmo virado a cabeça dele. E Deus parecia tê-lo abandonado à mercê de sua própria loucura.
     De início, para viver com Cristina, separou-se da esposa. E já na separação ficou só com a metade dos seus bens. Depois, de olho nos juros altíssimos dos bancos, vendeu os imóveis que ainda lhe restaram e aplicou todo o dinheiro na poupança. Dessa forma, além de ganhar dinheiro fácil, ele se livrou de alguns problemas, já que alguns inquilinos estavam deixando de pagar os aluguéis em dia. Mas aí veio o Collor e confiscou todo o dinheiro que ele tinha depositado na poupança.
    Aí pronto, da noite para o dia o homem ficou quase na miséria e caiu num desespero profundo.
       Pra completar, a loira bonitona, que tanto dizia gostar dele, abandonou o coitado e fugiu com outro. Foi quando ele desgostou de vez da vida. Dizia que ia se matar. E aquela conversa, além de me deixar preocupado, não me agradava nem um pouco.
       No final, não fez coisa alguma de maior gravidade. Deus não permitiu que ele fizesse mais uma besteira. Mas, a pobreza fez dele um homem taciturno e quieto. Até que um dia, quando menos esperávamos, morreu de um infarto fulminante.
       Morreu pobre e deprimido, como alguém que pagou um preço muito alto por ter escolhido uma megera para ocupar o lugar de quem o amava muito.


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