Onde enxergares a seca terra de abertos poros esperando chuva,
plante pés d'água que tirarás da saliva das nuvens espalhadas;
onde viveres a tristeza da terra seca esperando a miúda
colheita de espigas, espalhe o fogo vivo de tuas palavras...
Cabe a ti, oh poeta, antes que morra a vontade de luta em cada ser,
replantar no árido campo das idéias perdidas o pólen da felicidade
estendendo estrelas sob os pés dos sonhos de quem quer viver
o tamanho do mundo que em si cabe, sua própria eternidade...
Tantas palavras dormem seus sentidos sob vestes tecidas
em mãos de seres hipnóticos que vieram a este mundo dialogar
com o silêncio, fazer de cada mística oração um lugar de vida,
o campo de lutas em nome do amor, em nome de todo amar...
Cabe a ti oh poeta,
seres o que sempre foi, o esteta
de sua própria criação,
espetáculo e infinita festa
que pulsas em seu infinito coração...
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