Meu peito, um cofre,
de não ser roubado não tive sorte,
de modo que bastou um olhar de viés,
ver de frente do antigo a própria morte,
aquele olhar rapsódico, sinfônica mulher...
Meu coração, um presente
em mãos alheias, entre dentes
famintos, banquete infinito,
peixe luzidio,
da fome da fome de viver,
quente e frio...
Morei muito tempo neste cárcere de folhas de sangue,
estive à beira de abismos precipitados que precipitei;
hoje, que nunca será ontem e nem amanhã, exangue
de promessas de amor vivo, pleno, vivi e viverei...
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