Tudo o que escrevo devolve à palavra
o que ela sente:
se falo dor
pode ser de amor
ou de dente
se falo fim
pode ser do poema
ou da rosa no jardim
incandescentemente indiferente...
Tudo o que deposito no cilo do papel
será distribuído entre a terra e o céu:
o ofício do poeta e se perder
para depois achar o que ter
para doar:
então digo que tudo o que recito
às vezes tem resquícios de verdade
ou lascas de tudo o que minto...
A palavra, dona de si,
não pede e nem devolve:
cega, oclusa, grávida,
nasce para depois dizer:
vivi...
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