Milhares de vozes cantam na escuridão do espaço,
não são espíritos que se perderam e nem adolescentes coralistas,
jamais diria todos os nomes, nem tenho a pretensão de ter a lista,
vagam como centelhas de fragmentos vaporosos e minimalistas,
acendem o farol da eternidade com suas mãos invisíveis e brancas,
contei algumas, perdi a conta, só as vejo flutuando, são tantas...
No céu da cidade onde moro e de onde um dia irei embora
vejo um coração desenhado e bem acima um olhar que chora,
os cabelos se enroscam nos cometas e asteroides passageiros,
às minhas narinas chega um campestre e adocicado cheiro...
Te diria se fosse um sonho, desses que escapam e se torna real,
ou se tivesse eu escrito um poema tão sideral e falasse da ilusão,
mas não posso, o homem que escreve vive sentindo o bem e o mal,
menos mentiria, vasta é a verdade que habita do poeta o coração...
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