Sei que sou sombra e corpo
sob o sol de maio e o frio de agosto,
sei que sou cura e veneno
sob as águas de março e o calor de setembro...
Sei que sou vertigem e roda-gigante
na garoa de um janeiro delicado,
mais, sou a meta, ser gigante
em outubro glorificado...
Sei que poderia mas novembro não deixa,
até os sinais param ao fevereiro do sol,
colho em junho as doces e imemoriais ameixas,
ao abrir-se a rosa em abril, da vida, arrebol...
Sei que sou mais do que ode a maio,
o frio pálido de um verso invernal,
em julho descanso a enxada e saio
a alma que ousa procurar o sonho abissal...
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