CONSCIÊNCIA MÓRBIDA
CONSCIÊNCIA MÓRBIDA
NAS ÁGUAS DA ETERNIDADE
Intenso e compenetrado, seus olhos expandem contagiante sentimento de expressão.Fragmentos vividos em estases, de minutos que se eternizam no momento externado da dor. Pelas pálpebras que bailam, no silêncio do compasso que passa, a vida desencadeia sua dadiva em emoção por uma lágrima que rola. E na pauta da vida, o tom sobrepõe-se em semi-tom a mudar o curso do som.
Então, no despir a roupagem da carne, descortina-se o universo enrolando como
pergaminho armazenado em aljavas, expondo assim a pena de um destro escritor
mergulhada nas cicatrizes do tempo, revelando uma infinita extensão no espaço em
totalidade chamado de eternidade.
E lá estava toda a essência , brotando em águas eternas, ardentemente desejosa por desenrolar seus manuscritos guardados , segredos prestes a serem revelados, de universos e universos sem fim. Mundos jamais vistos de eras que foram ou que ainda estariam a emergir no porvir; revelando assim, o presente momento vivido de um futuro já existente.
A seguir, por eternos passos no caminhar, deixa rota as velhas vestes de seu estandarte em solidão. Airosamente a desfilar como uma rainha solitária, ela vai adiante dos homens mortais, fazendo-os mergulhar em suas águas profundas, desnudando o avesso de uma versão com seus banquetes inefáveis de vida.
Feito som de catadupas ecoando nas pederneiras distantes, ouve-se o declarar de seu forte canto aos olhos que vislumbram sua beleza em harmoniosa sintonia perfeita;
- Quem es tu que mergulhas nas águas cristalinas de meus conhecimentos sem fim, cujo olhar pela janela descortinada, sente o amago momento do ser, em seu remoto destino
em mim?
Como presa agarrada na teia, da aranha que paira e tateia, sem deixar suas marcas na areia, traz alusão sua mente menina, quando ainda era um grão, inocente frente ao oceano profundo, transformando seu mundo sem dolo, desaguando água doce no mar nas
enseadas de nodoas a levar;
-sinto amargo em meu doce o veneno, desvendando agora em conhecimento um desvanecente silêncio no ego, subjugando o elevo orgulhoso do ser, sem saber o que responder; se sou não mais o existir, se existo não há mais sentido em mim, fora do cerne momento o viver, no eterno conceito do ser.
Estagnado olhar sem respostas e despertado do sonho noturno, no abrir da janela um mergulho, ela o mostra mistérios profundos;
-No compasso do cirandar dança a terra tendo o sol como par, para a vida estações lhe apresentar. Da matéria vivida o lampejo, lança a flecha em destino ontológico escopo é certeiro, no eterno despertar dos desejos.
Assim, como o barco ancora seguro, entende a alma o firme proposito em seu curso; um sentido na vida não singular, onde o viver feito abelha o despiria de um casulo vazio.E por entender o verdadeiro alvo alcançado do dardo outrora lançado, em tamanha expectação por revelação, diligentemente chora agora a vida, em lágrimas de desilusão expondo sua consciência mórbida a uma triste versão;
A PENA DE UM DESTRO ESCRITOR
- Quando dorme a madrugada calada e a neblina é sua coberta adornada, não há olhos
que distinguem o saber, ofuscada mente a compreender; despoja o sol toda falta de
discernimento ao amanhecer. Não há mais penumbras na jornada que finda e sim contraste e sintonia na tela da vida, onde tudo se esclarece sem sombras e variações, trazendo luz à razão em perfeição com suas atitudes coesas ponderantes no pensar de meu coração.
Das lembranças dos seios que o amamentou o menino viu destreza no fel que o contaminou. Pensava que estava certo quando o amor o enganou, deixando seus olhos tão
cegos, nos braços que o desdenhou.
Ela tinha um excêntrico pensar, que das raízes ao caule fez contaminar, quando cedo o destino a fez delirar, errante pelo caminho no abandono do seu lar. No vento de seu desnorteio por um bocado de mingau, sua casa em fuligens queimou-se e dois filhos o fogo matou.
De rainha a operaria sente a alma triste o seu carma, colhendo em fel seu mel adoça a casa e o amargo passa. Seu mais profundo erro; não fora o viver para os seus que obrigado os criou, mas sim o fogo do mingau que negligente seus olhos viram e suas mãos; não o apagou.
Com seu brasão a marcar o papiro expondo em pauta uma nova versão, a realeza lhe desvenda segredos no assobiar de uma triste canção;- Das pegadas registradas na areia, velhas marcas que o vento não pode apagar, tempestade chegou de repente trazendo seus redemoinhos na mente, em anseios de ver as chamas novamente alastrar. Incontrolável sentimento obsoleto, sobre um campo de trigo a brilhar, fazendeiro viu uma centelha acesa, que da farinha mingau não vai mais virar. Naquele dia de frio as chamas que a lavoura queimou, labaredas ganhou as planícies e a fazenda incendiada ficou.
- Como vidraça empoeirada em uma casa abandonada, meus olhos via tudo embaçado
pela mente ofuscada. Feito imã que atrai toda matéria pro campo seu; tanto a vontade e o querer em egoísmo era só eu. Não via o próximo nem o seu bem, mas meus princípios
e interesses, tudo era eu e mais ninguém.
- Agora, não mais morando em casa de barro abandonada, com uma janela empoeirada,
vejo perfeitamente que meus bloqueios na mente, pelo fato de ter sido doente; não me
isenta da omissão e da frieza por um irmão.
RETROCESSO ROTO
Na labuta da lida quando a noite declina, repousa o trabalhador seu embornal, e em sono profundo dorme tranquilo; por ter cumprido sua tarefa matinal. Assim, o cansaço o tomou e em sonhos pesados no passado voltou.
-Mamãe! Laudenil gritou, quando o leite esquentou: - Quase entorna, disse ele cuidando de Isadora, o bebê tinha chegado e a fazenda alegrado, eram cinco irmãos incluindo o joão, que trabalhava na eira malhando o trigo. Um dia Nil, estando perdido entre muitos delírios, lhe disse o feitor: - seu irmão sumiu de repente sussurrando entre os dentes.
- Foi onde tudo começou, quando cedo fui para a lida e seu sumiço se desvendou. Na eira,havia abusos pelo senhor dos cereais, que no quarto oculto dos fundos, minha inocência não brinca mais. Sentimento passivo de aceitação, quando toda imposição transtornam ideais, mesclando desejos que do doce ao paladar; salgado nos lábios se faz.
Assim cresceu a criança em pensamentos ambíguos e carentes, com inescrupulosos
fantasmas na mente, em ardentes vontades permissivas com fetiches pela inocência ferida. Incontrolável em fogo ardia, quando um olhar inocente ele via, maquinando e tecendo sua teia, tateando suas garras na areia, sua presa em oculto casulo; o coito com seus abusos fazia. Viciosa pratica animal, sem pudor o vazio é fatal. E dos grilhões perniciosos que o prendem; o que detêm as árduas chaves em suas mãos, senão os devaneios que pairam sobre sua imaginação?
Trabalhando na eira, sua mãe costurava peneiras, e o remendo novo outra rotura fazia na desgastada bacia que nova fissura abria e pra mais nada servia. foi então que correndo pra trocar a peneira, de um escorregão Nil caiu pelo chão e bateu a cabeça, indo com a realeza novamente encontrar.
- Quando o ferreiro faz tinir a bigorna e o incandescente em suas mãos ganha forma, de resistente ao calor, o aço macio se faz e esfriando aguça a outros que quando esquentam,não enfraquecem jamais. Dizendo isso deu-se a entender que os abalos sofridos, dos assédios por ele vividos o fazia um mentor; dos parceiros que abusos sofriam e bloqueios que consigo traziam, a não sentirem na alma a moléstia de seu peso em dor.
após sua réplica em tamanho horror, ela lhe abre um feixe de luz em uma nova visão, a mostrar-lhe o caminho, outro antológico escopo em destino, feito leque na sua versão;
- Vede as vestes de meu estandarte de justiça em solidão, não são elas rotas pelos longos passos em pegadas pelo chão? Meneando a cabeça em protesto de insatisfação por
tamanha reprovação, disse ele: -sim, por isso ficastes sozinha abandonada no casulo de seu lar. Mas, vede remendos novos que trago comigo para tuas vestes poder remendar!
Deliberadamente enganada e não mais envergonhada por ser uma rainha esfarrapada,
ela sai a desfilar mostrando sua roupagem, como uma majestade a discursar;
CONSCIÊNCIA MÓRBIDA
- Sou como a iris de uma águia a voar, que vê ao longe a sua preza no horizonte a captar.
Sou como flecha que o alvo acerta, rompendo o tempo sem se ofuscar, caminho firme com
os tornozelos como rochedos, piso em tapetes desenrolo segredos e dos pés calçados ao
longo dos passos, por escabelo são os meus conselhos. Por onde passo exalo o perfume
de diretrizes a um porto seguro, e como ancora encerro o curso e sábio é àquele que não olvidar.
Quando discerne a mente o erro, e o consciente gestante concebe o acerto; da-se a luz sua essência chamada de consciência. E lá estava ela a realeza a caminhar, deixando pegadas em sua eterna jornada, para homens prudentes fazerem dela o seu par. Porem no
decorrer da melodia, já em alta harmonia abandonada no seu lar, solitária dança sozinha sem poder mais orientar, inconsequentes néscios sem rumo, por vestes rotas a fazerem abortar.
Onde foi que nos perdemos no caminho, deitando remendo novo em atos velhos
rompidos? Se dos conceitos revistos, novas vestes tivéssemos vestidos; o remendado não
puiria e maior rotura faria, por não precisar remendar o que se necessita trocar.
No meio da plantação ele estava sozinho, perdido entre muitos delírios quando o feitor o achou e falando consigo entre replicas e tréplicas no seu mundo vazio de universos sem fim, o homem então assustou. Logo, tomou-o pelos braços e ao fazendeiro levou, mas no meio do caminho entre os dourados do trigo o capataz expirou. Quando chegou na fazenda,foi sussurrando entre os dentes: -sumiu de repente, o pobre do seu feitor e com seu lampião caindo pelo chão, o fogo nos trigos; labaredas ganhou.
O que se fará de uma consciência mórbida e obsoleta em um mundo de inversos valores, onde o predominar do erro é o remendo novo na roupagem velha dos nossos conceitos?
Ó mundo de gerações que virão no porvir, atentai para àqueles que sucumbem no presente
momento vivido, pelos longos passos no caminhar em nodoas de amarguras. Não seria o
momento de rever novos valores e voltar-se correndo aos bons costumes então? Porem,
seguimos em desnorteio feito cavalos sem freios, que precisam de cabrestos para não
atropelar .
Quem é meu maior inimigo senão eu mesmo? No campo de batalha da mente perdemos
facilmente a guerra, mesmo não sendo doentes, quando devaneios e anseios levados pela emoção não havendo razão, torna-nos insensatos e vencidos pelas nossas escolhas
fazendo de nós apenas; mais um na multidão.
NOVO COMEÇO
Para se redimir, isolado ele fica em seu mundo vazio de universos sem fim. Por pensar
que a ferida exposta em sua vida era culpa de outros que lhe trouxeram desgostos. Porem
de repente como tempestade em sua mente, uma arrebatadora emoção dos sentidos o
arrasta preso em correntes. Roubando-lhe o folego da alma ao ver a beleza dos olhos que o acalma, feito os dourados dos trigos em flor; camponesa de belos cabelos da cor do fogo em vermelho, exalando o perfume do amor.
Seus adornos, afloravam na pele destacando sobre o tom de suas vestes, virtudes vindas
do coração. Valores que enaltece a alma feito imã que o atrai e que molda, sentimentos de uma nova estação. A prudência fresca sombra fazia no seu rosto pelos lenços que a
cobria, mostrando que na estrada da vida de um destino em sina, da poeira que resta tudo é só solidão.
-Quem és tu que te cobres com sedas cujo olhar feito o trigo na eira deixa lembranças em
meu coração? -Sou a filha de um capataz, que a tempos ficou para trás e das noticias não sabe-se mais. Mas se vistes as suas pegadas, diga algo pois em minha jornada, busca o fogo de seu lampião.
Como aranha que fisga a alma e entretece a fala, seus lábios amortecidos se fizeram,e em tal reação sem saber distinguir no seu modo de agir; enlaçado ele fica em sua teia a cair. E acenando com as mãos, deixa em sua expressão uma interrogação; a mostrar o caminho nos resquícios dos trigos pra sua trilha seguir.
- Na cor do teu rosto em tamanho desgosto sobre o sol escaldante que exposto estás, lhe ofereço este lenço pra cobrir em alentos pensamentos que pairam em sua mente a pensar.
Meu perfume marcante, para sempre lembrar de uma filha que ao pai; sai errante a buscar.
Nos escombros de uma casa abandonada com vidraça empoeirada permeia em sua
mente atitudes prudentes da verdade escondida querer revelar. O povoado sabia que em
falas vivia nos assombros da vida sempre a ponderar, porem só não entendiam o porque
ele dizia no despedir da partida:- Isadora é o nome, que no lenço está.
MORBIDEZ CONSCIENTE
Dos escombros que ficaram da velha casa abandonada, só restaram lembranças, vestígios
e cinzas de um passado em manchas. Já na eira, uma peneira furada; fez lembrar velhas
mãos que a razão costurava. E em sua loucura vendo filhos queimados, deu de mão a
amargura, com o bebê em seus braços, esvaindo-se em lágrimas com pés descalços na
estrada e errante pelo caminho; foi ela perdida pro nada.
Ó consciência minha, que me julga e condena nas saudades da vida, pela lágrima rompida
de meus erros e enganos. Como silenciar o conto nos lábios pelos fragmentos em retalhos,
encontrados de um irmão, no fundo desse porão? Sim, laudenil deixou suas marcas, intervalos a mudar o curso das águas, melodias escritas de uma nova canção.
Negligente foi seus olhos vendo o leite entornar, mas o fogo que queimou nossa casa a incendiar, minhas mãos foi que ateou por não mais aguentar, ver papai e o fazendeiro das crianças abusar. Por isso sumi de repente para nunca mais voltar senão pro capataz, a ver seu lampião incendiar toda fazenda em um só golpe, até ele expirar.
Dos conflitos de um homem marcado pelos assédios na alma adulterada, sem referência
da identidade alcançada, o que podemos dizer; se em sua luta de desejos ambíguos e
ardentes, o inconsciente venceu o consciente com todo engano em sua mente, sendo que a
morbidez revelada nas escritas da flecha lançada em retrocesso de uma jornada, ganha o alvo certeiro no nome de joão?
FIM
Publicado no site: O Melhor da Web em 12/07/2016
Código do Texto: 132057
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