O homem se curva à terra e a semeia com seivas e heras:
fera
de si
come o que gera Gaia
enfrenta o sol de Setembro e mesmo que lhe caia
na cabeça uma outra maçã
sabe que seguir é preciso
mesmo sabendo que toda filosofia é vã...

O homem enfrenta a nudez do ódio com a fina seda do amor
valente cavaleiro em cavalo de pau
sobe e desce montanhas e mal
amanhece o dia
vê no horizonte luas enxertadas pelo sol
e sabe e sente que nascerão desse ventre luminosas poesias...

O homem recria o mito e ama sua mãe e devora o seu pai
e ao mundo dá seus passos coreográficos
e sabe - silente - que fina sua alma
como sorvete de espírito
que se desmancha
desmontando toda a sua história
como fosse ela a película filmada em sua memória...

O homem rompe o segredo da criação e volta ao Paraíso
se bem que sabe que de seu livre arbítrio foi destituído
muito antes da lua amar o sol e muito antes do fogo prometido
alcançar a tosca humanidade que vaga pelo campos vazios
muito antes que a nascente de ouro tivesse lhe dado o juízo...

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