Adeus, poesia,
nunca mais rimarei eu com meu,
nem que Deus desça à Terra para tirar férias,
nunca mais porei os pés na tenda das rimas,
nem direi que armas não combinam com coração,
nem apanharei restos de sonhos atirados ao chão,
só viverei do que me derem as palavras,
conservadas ou não, velhas, puídas,
só viverei do que vive a existência,
a velha e boa vida em exuberante presença...
Não quero e nem vou achar a porta do Paraíso,
lá não vou bater, nem vou perder o juízo
por causa dessas coisas filosóficas,
prefiro o gosto da vodka
do que me embriagar com mel celestial,
prefiro os pés sujos de terra
do que ser um santificado animal...
Adeus, poesia,
estarei por aí a me certificar de que tudo vale pena,
galáxias, estrelas, cometas, milhares, bilhões, centenas,
cada olhar vale um sorriso lançado,
adeus, poesia,
viver vale a pena,
viver a velha e boa vida,
com amor no coração,
sempre apaixonado,
vida é explosão...
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