Quando a dor nasce no poema
Dor pelo que já temos
Ou pelo que nos é ausente
Fisga e dói tão aguda
Tanto e mais que dor de dente
Que dor de rim
Que dor de parto
A dor que dói no poema
Cega os olhos
Perfura os ossos
Dilacera a alma
Torna inúteis os esforços
As tentativas
As apostas
Então,
Num pequeno gesto
Numa frasezinha solta
Num recado no canto da página
Um indecifrável e inesperado poema
Aparece e conforta
Só o poema é capaz de amenizar
A própria dor que causa ...
|